Fones de ouvido in-ear para iniciantes: um guia de coisas que você deveria saber
Esse guia é para os amantes de música, não para os amantes de tecnologia. Eu não manjo nada de amperagem, alcance de frequências, drivers de fones e essas coisas: eu só sei que o som me agrada ou não, e sei mais meia dúzia de coisas que eu aprendi depois de ler bastante sobre o assunto.
Antes de conhecer as maravilhas de um bom fone de ouvido, eu era uma simples apreciadora de música - exatamente como você, caro leitor. Usava aqueles fones de 15 reais do camelô e achava eles muito bons, obrigada. Afinal, tudo que é fone quebra depois de 3 meses, né, então pra quê pagar caro?
Certo dia, o profeta dos fones de ouvido na minha vida, meu padrasto (um audiófilo viciado em equipamentos de som valvulados dos anos 80), se comoveu com a minha saga (meus fones quebravam a cada 45 dias) e resolveu me dar um fone de ouvido, segundo ele, “decente”.
Eu ganhei um Koss The Plug, e minha vida mudou. O The Plug (esse, à esquerda) é o mais simples dos fones in-ear de qualidade. Muita gente não gosta dele, e realmente não é dos melhores. Mas comparado a qualquer fone de ouvido que eu já tinha experimentado, o The Plug era uma experiência divina.
Se você é do tipo que gosta de ouvir música, nunca mais vai ser o mesmo depois de usar um fone de qualidade. É outra experiência, e eu não estou exagerando. Você ouve nunaces e detalhes da música aos quais nunca teria acesso em um fone ruim, o prazer de escutar música é renovado e tudo isso melhora até o humor. Aí, não vai ter mais graça escutar nada nos fones de baixa qualidade; depois, você vai viciar, e vai querer sempre fones melhores. Sim, porque há fones de 100 e de 1000 reais.
Tipos de fones de ouvido:
Algumas coisas que você precisa saber se vai se aventurar pelo mundo do hi-fi audio:
- Fones in-ear, ou intra-aurais, são aqueles que entram dentro do canal auditivo. Ele isola os ruídos de fora, evitando que você aumente muito o volume para abafá-los, e por isso é menos prejudicial a audição do que os earbuds, os fones de ouvido comuns. Os in-ear são usados por artistas, para retorno de palco, e como monitores de audio por profissionais da área, por causa da fidelidade que a proximidade do canal auditivo gera.
- Os earbuds são os fones mais comuns por aqui. Pequenos, ficam presos na parte de fora do canal auditivo, dentro da orelha. São raros os Earbuds de qualidade, mas existem um ou dois modelos muito bons. Os Earbuds, em volume baixo, não soltam todas suas frequências (agudo até grave), e é por isso que a gente acaba aumentando muito e isso pode prejudicar a audição.
- Os fones supra-aurais, ou de haste, são aqueles grandões, com um arco que fica em cima da cabeça e com almofadinhas confortáveis que cobrem a orelha. Bons modelos aliam qualidade de áudio a bom isolamento. Alguns não têm aquelas almofadas grandes, e só ficam preços com a alça na cabeça. Normalmente, recomenda-se esse pra uso doméstico, já que é menos prático do que os outros dois pra ouvir andando ou praticando esportes.
Como quase não existem bons modelos de earbuds, e eu ouço música em lugares barulhentos, sou partidária dos in-ear. Erabuds machucam e não prendem bem, além de terem um som bem ruim.
Os in-ear:
Existem diversos modelos bons de fones in-ear. Apesar de não ser recomendado falar em marcas, já que até as melhores podem errar, temos Sony, Audio-Technica, Ultimate Ears, Sennheiser e Shure como as principais marcas de fones in-ear. O modelo mais popular no Brasil, encontrado com facilidade, é o Koss The Plug. Custa de 70 a 80 reais. Eu cheguei a pagar 6 dólares no Ebay, mais 10 dólares de frete. Chegou em seis dias.
O The Plug tem muitos graves, a espuminha é anti-higiênica e é difícil de colocar no ouvido. Ainda assim é um avanço gigante diante dos fones de camelô com os quais a gente é acostumado. Além disso, a Koss tem garantia vitalícia, ‘no questions asked’, como eles dizem. Quebrou, é só levar o fone e a nota fiscal que eles consertam. No meu caso, deram um novo.
O meu atual fone é o caçula dos in-ear, e é excelente. É um Audio-Technica CK-32 (esse aqui à direita), um fone muito equilibrado, na mesma faixa de preço do The Plug mas que dá muito mais variedade de texturas no som - se é que é possível dizer isso, mas não acho outra expressão pra definir. A nitidez do timbre e da altura dos instrumentos é impressionante.
O The Plug e o CK-32 são a ponta do iceberg em bons fones in-ear, mas é normalmente por onde todo mundo começa - porque a maioria das pessoas nunca teve contato com um bom fone e não acha que existe custo-benefício de dar mais de 20 reais em um. Mas depois que você começa…
Gato por lebre:
Não caia no conto do vigário: aqueles modelos de in-ear (25 a 50 reais) que a gente encontra por aí, normalmente da Coby ou da Philips, são um lixo. Não precisa nem falar daqueles genéricos, ou falsificados. de 10 reais. Lembre-se, o in-ear joga todo o som direto dentro do seu ouvido. Se for um som ruim, é todo o som ruim dentro dele. E fora que vai quebrar em pouco tempo. Vale a pena guardar a grana por uns meses e comprar um fone melhorzinho.
Amaciando os fones:
Fones de ouvido amaciam depois de algum tempo de audição e ficam melhores. O diafragma deles fica mais flexível. Você pode ‘forçar’ esse amaciamento: deixe o fone por cerca de 200 horas tocando música num volume médio. Não precisam ser 200 horas corridas - você pode ouvir de durante o dia, deixar durante a noite. Eu uso um CD que gravei com ‘ruído rosa’, que é um barulho que contém todas as freqüências. Parece aquele i-Doser. Ah, mas isso não funciona com fones ruins… o do iPod, por exemplo, costuma estourar.
As ponteiras:
Todo fone in-ear vem com ponteiras, normalmente de silicone, que são as partes que entram no ouvido. A maioria deles vem com diferentes tamanhos de borrachinha, mas ainda assim algumas pessoas nunca se adaptam a ter um treco enfiado dentro do ouvido. Se esse for o seu caso, infelizmente, você não vai poder usar os in-ear.
É preciso manter as ponteiras sempre limpinhas, não compartilhar com ninguém (é SUA cera) e trocá-las periodicamente. As ponteiras de reposição são vendidas em boas lojas de instrumentos musicais, no Mercado Livre (ou eBay). Dá também pra comprar fones de camelô e pegar as ponteiras deles pra colocar no seu fone.
Conservando seu fone de ouvido:
Nunca ouça música em volumes altos. Além de estragar seu ouvido (e o problema não é o volume alto ocasional, é a longa exposição aos volumes altos, essa sim muito prejudicial), estraga o fone. Nenhum fone agüenta muito tempo em volumes altos.
Depois de um dia ouvindo música, pendure seu fone em um gancho (no meu caso é a porta do guarda-roupa) e passe nele um pano úmido. Ajuda a conservar.
Importante: eu não saberia nem um décimo disso sem a iPod Fones, a melhor comunidade do Orkut sobre o tema. Se sua dúvida já não tiver sido respondido em um dos centenas de tópicos excelentes da comunidade, pode perguntar que sempre vai ter gente disposta a ajudar - e normalmente são especialistas, gente que manja muito, muito mais que eu.
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