20.03

2009
2:28 am

Doritos, a homofobia e a armadilha do preconceito

Postado em Brasil, Crônicas, Pop, Sexo, TV, jornalismo

Assiste o vídeo. Te dou os 30 segundos.

Beleza. O que você achou? Pensa um pouco. Te dou mais 30.

A resposta mais preconceituosa que alguém pode dar para a pergunta “Você é homofóbico?” é “Claro que não, até tenho muitos amigos gays.” Porque caracteriza que a orientação sexual de alguém é uma informação importante para sua escolha de amigos e não-amigos. Denota que você acha que o homossexualismo a homossexualidade poderia de alguma forma influenciar a personalidade dele a ponto de vocês não poderem ser amigos só porque ele é gay - mas não, você é bom e misericordioso e não tem preconceito. Logo, “até tem alguns amigos gays”.

Por outro lado, a resposta a essa pergunta que denota menos preconceito poderia ser algo do tipo “claro que não. O cara mais burro e desagradável que eu conheço é gay”.

Todo mundo te olharia com uma cara esquisita, achando que você não entendeu a pergunta, daí você confirmaria e eles te achariam muito homofóbico. Você poderia continuar: o “segundo mais burro e desagradável, por sua vez, é heterossexual. Curiosamente, desconheço a orientação sexual da terceira pessoa mais burra e desagradável que conheço.” Daí alguns deles sairiam andando, outros te julgariam com olhares horríveis e você sairia caminhando com a consciência de que não tem, absolutamente, nenhum tipo de preconceito contra homossexuais.

Eu acredito no seguinte: essa propaganda tem sim um quê homofóbico. E reconhecer isso é caracterizar-se, infeliz e involuntariamente, como alguém ligeiramente preconceituoso (no mínimo). Não preconceituoso daquele jeito pejorativo e horrível - não significa que você deixa de se aproximar de gays por eles serem gays (ou então se aproxima de gays por eles serem gays, o que também denota alguma espécie de preconceito, a não ser que você também seja gay, porque aí é interesse mesmo).

Se preconceito é pré-conceito, é rotular e conceituar indivíduos que são únicos por definição a partir de uma característica qualquer que não diz 1/100 do que a pessoa é na verdade, então considerar essa propaganda homofóbica denota pelo menos dois pré-conceitos:

1. Você acha que todo gay gosta de YMCA.

2. Você acha que dançar YMCA é coisa de gay.

Eu por exemplo, acho que YMCA antes de tudo é uma música brega. Daí, logo de cara, poderia achar que ele está sendo zuado pelos amigos por dançar uma música brega. Plenamente plausível, embora dê margem pra discussão da Doritos criticando que o “ser diferente”, ou “gostar de brega”, é ruim, mas não entremos nessa hoje.

Vou dar um outro exemplo, que me foi sugerido pelo Gustavo Miranda.

Você é casado? Tem filhos?

Fui preconceituosa ao perguntar isso pra você? Claro que não, não é?

Então porque a Marta foi quando perguntou isso para o Kassab?

A questão aqui é que numa sociedade em que o preconceito é velado cria-se uma redoma em volta das minorias. As pessoas têm medo que manifestações contra essas minorias, manifestações que nem têm relação com a orientação ou a cor de pele, possam ser confundidas com preconceito só por estarem sendo direcionadas para um membro da minoria.

Amigo, aqui você é vítima da sua própria vontade de tratar todo mundo igual: se você se controla pra não dizer coisas pras pessoas por medo de ser considerado preconceituoso, então você está automaticamente tratando essas pessoas de maneira diferente só por causa da cor da pele delas, do quanto elas pesam ou do parceiro sexual delas.

Qualquer tipo de estereótipo pré-formado a respeito de qualquer pessoa é preconceito. Infelizmente. Ou seja, somos preconceituosos o tempo todo. Essa matéria, por exemplo:

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FOTO: Jairo treina de vestido rosa como castigo adotado por Roberto Fernandes

Você acha que existe preconceito na atitude do técnico? Porque ele considera que vestir um jogador com uma camisola feminina é algo que pode ser considerado vergonhoso? Porque caracterizá-lo assim é um “mico”?

Não tô dizendo nada, até porque são perguntas pras quais não sei a resposta. A própria ingenuidade do técnico em fazer algo assim sem esperar retaliações já pode denotar total ausência de preconceito - lembre-se, quem não deve, não teme. Mas viver num país em que assumir intolerância é intolerável, mas em cujo a discriminação se faz presente em vários níveis da sociedade, demanda que você dê toda atenção pra questões delicadas assim e realmente analise as reações que tem diante desse tipo de coisa. O preconceito é uma armadilha na qual é muito fácil de cair, especialmente porque alguns indivíduos de determinadas minorias, acostumados a sofrer preconceito, se aproveitam disso para criar situações que eu chamo de “só porque eu sou _________” (insira aqui qualquer classe que sofra preconceito, tipo “negro”, “gay”, “mulher”, “deficiente físico” etc).

Assim: existe preconceito na sociedade, fato. Quem sofre preconceito frequentemente encontra mais dificuldades e menos oportunidades, fato. Mas sempre tem o cara que culpa todas as desgraças da vida dele no preconceito que têm contra ele. Atribui tudo ao fato dele pertencer a determinado grupo que é excluído. Se você não gosta dele, é porque você é homofóbico. Se ele não conseguiu emprego, é porque a empresa não contrata negros. Se ele não tem namorada, é porque as mulheres só gostam de caras magros.

Esses indivíduos existem e só servem para fomentar a existência da tal redoma de imunidade das minorias. Se há uma pessoa acha que tudo o que acontece com ela tem raiz no preconceito, então é melhor você fingir que gosta dela, mesmo que não goste e que isso não tenha nada a ver com a cor dela. Vai que ela o acusa de preconceito?

É um assunto delicado e muito específico - cada situação envolve milhares de variáveis. Mas o que quero concluir aqui é que na maioria dos casos a nossa cabeça é que está cheia de estereótipos e por isso enxerga o politicamente incorreto em tudo. Os preconceitos que a gente enxerga em um monte de relações são um espelho dos nossos próprios preconceitos. O medo de ser preconceituoso é tanto - por causa do tabu - que as pessoas acabam agindo diferente com as minorias mesmo sem perceber. E esse talvez seja o tipo de discriminação mais perigosa que existe - aquela que é tratada justamente como a ausência de discriminação.

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39 comentários (Comente! Trackback)

  1. Campus Party BR 2008
    20/03/09 | 3:46 am | #

    Doritos, a homofobia e a armadilha do preconceito: Assiste o vídeo. Te dou os 30 segundos. … Beleza. O que você .. http://tinyurl.com/c8mg3t

  1. Fernando Garcia
    20/03/09 | 12:47 pm | #

    Falou tudo ana! hahaha

    sobre o comercial, eu ja tinha visto. Eu acho que o pessoal da doritos nao quis exatamente dizer que ser gay é ruim, que nao é bom mostrar que é gay, que é mico… (como muitas pessoas estao falando nos comentarios desse video no youtube, no msn, conversas de bar, etc) e sim pra não pagar o mico de dancar daquele jeito zuado. A sequencia de comercias mostra isso pelo menos.
    Mas mesmo assim, nao tinha reparado que de certa forma eu fui preconceituoso quando vi o comercial, ja que logo de cara acabei achando o cara meio gay pq tava dancando de uma forma estranha e a musica era YMCA….

    Responder

  1. Saulo
    20/03/09 | 1:07 pm | #

    Compartilho com a opinião de que o caráter homofóbico da propaganda depende de quem a assiste. Se o intuito da propaganda era ser homofóbica ou não, só o autor pode responder. Mas acho que existe margem para a interpretação de que YMCA é uma dança ridícula e que o cara estava só pagando mico.

    Responder

  1. Katia K.
    20/03/09 | 1:17 pm | #

    Excelente texto! O preconceito acaba derivando do fato de as pessoas tentarem medir palavras, ou medir pessoas usando como referência apenas partes do que elas são de verdade… Evitar as complexidades parece ser sempre a saída mais fácil.

    Responder

  1. renata
    20/03/09 | 1:46 pm | #

    Possível homofobia na propaganda da Doritos? (http://tinyurl.com/c8mg3t) Via #olhômetro #doritos #homofobia

  1. Blog Mallmal
    20/03/09 | 1:59 pm | #

    A propaganda é simplesmente engraçada. Muito mais preconceituoso é obrigar (mesmo que veladamente) que x% dos atores representem certas etnias. Toda vez que vejo uma propaganda dessas, tenho vontade de vomitar. São as cotas do Marketing.

    Este país é ridículo.

    Responder

  1. Jean M Coutinho
    20/03/09 | 2:16 pm | #

    muito boa sua reflexão. Confesso q estava com PRECONCEITO sobre como seria tratado o assunto, rs. Querente e imparcial na medida do possível. Com relação ao comercial
    um detalhe que eu vi logo de cara, são 4 rapazes no carro ouvindo YMCA. Se YMCA for considerado algo gay…ou seja a repreensão, é só ao fato do cara dançar mesmo, já q antes disso os 4 estavam ouvindo a música numa boa.

    Responder

  1. Thiago
    20/03/09 | 3:37 pm | #

    Bem, entendo a posição colocada. Mas pensemos por outro lado:
    1. YMCA é mostrada em filmes ligando-se a que? A caras que gostam de brega, ou a homossexuais masculinos? Se colocassem uma mulher dançando ymca tu não pensarias em uma gay, nem em uma brega, seria apenas uma mulher extrovertida. Sendo assim a ligação YMCA com homossexualismo não é dada por meus preconceitos e sim por ser colocada como ÍCONE de homossexualide na mídia.
    2. O que você mão deve dividir com amigos e dividir o Doritos? Não sejamos inocentes tu não deves dividir o esfincter.
    3. É óbvil que essa propaganda tem uma menssagem vinda de um pacote de outras informações que todos nós temos. Se aparecesse um cara cantando e dançando uma música do Reginaldo Rossi ninguem pensaria que se tratava de homofobia.

    Responder

  1. Joao
    20/03/09 | 3:44 pm | #

    Nessa onda do policamente correto o mundo está cada vez mais chato…

    Responder

  1. Fã nº 1
    20/03/09 | 3:57 pm | #

    impressionante seu texto…você é realmente notável……… sobre a campanha, quando vi pela primeira vez, apenas pensei… “não entendi” e o melhor é que não me sinto melhor agora por isso…. apenas não faz diferença… imaginei… “se não entendi, não sou o público a ser atingido”…. é simples?

    Responder

  1. Kekson
    20/03/09 | 4:20 pm | #

    a mania do cidadão estereotipar certas coisas que causa esse tipo de preconceito. Acredito que a mensagem da propaganda é mesmo a do rapaz estar pagando mico.. e não “estar sendo gay” ou algo to tipo.

    Responder

  1. Andre F.
    20/03/09 | 4:35 pm | #

    Bom, eu como publicitário vejo essa propaganda não com um lado homofóbico, mas sim por um lado de humor. Pois como já foi dito acima, a propaganda tem uma sequência. Vocês já devem ter visto a outra, em que um homem suga um gás e deixa a voz fina e paga um mico e faz papel de ridículo. Por isso em minha opinião tal comercial, analisando a sequência, mostra um lado cômico em que algum amigo paga de ridículo e não de homossexual.
    Pois muito heterossexual dança essa música em forma de zuação e não tem nada a ver em ser diferente ou não.

    Responder

  1. Rubens
    20/03/09 | 5:08 pm | #

    Isso quer dizer que quem come doritos é gay?
    O mais importante eles conseguiram, deixar a marca do salgadinho em evidência.

    Responder

  1. RICARDO ROCHA AGUIEIRAS
    20/03/09 | 5:14 pm | #

    - Achei o seu texto inteligentérrimo e muito bem escrito, se bem que, confesso, não compreendi tudo. Mas isso é um grave e famoso problema meu, sou uma pessoa burra e obtusa. Também achei seu texto um pouco “frio”, mas deve ser o teu estilo… risos…
    Sobre o comercial do Doritos:
    O que mais me incomodou nele, foi a negação da diferença, não podemos ser o que somos, sempre submetidos ao olhar d@
    outr@ e , mais grave, nos importando com esse olhar. Diferir é crime grave, pena de morte e sem perdão, temos que ter comportamento padronizado, robotizado, gostar tod@s da mesma coisa, termos tod@s o mesmo corpo. Pensar por si é proibido. Essa é a mensagem do comercial da Doritos. Eu ainda luto e lutarei por um mundo onde fosse possível um comercial que falasse assim: “Se você for diferente,você não vai “pagar mico”, não vai ser castigado pela diferença que carrega. Quanto mais você for autêntico, sincero e honesto com você e com os outr@s, mais próximo você estará do que se chama felicidade e mais completo você se sentirá…” É esse comercial que eu, utópicamente e burramente - já tinha te avisado…- busco. Um mundo onde não sejamos apenas imagens em uma única dimensão, lutando e dando a vida pela manutenção dessa imagem, se esquecendo por completo de SER…
    Felicidades e Parabéns pelo belo texto,
    Ricardo
    [email protected]

    Responder

  1. Thiago
    20/03/09 | 5:19 pm | #

    ou seja, este não é um espaço de debate. Mas um espaço de culto.

    Responder

  1. Elder
    20/03/09 | 6:23 pm | #

    Primeiramente, vejo o post com 2 partes bem distintas, parte 1 fala do comercial e de que todo mundo pode ser ligeiramente preconceituoso sem saber. Parte 2 fala da tal ‘redoma de impunidade das minorias” e a divisão entre elas é o exemplo Marta x Kassab.

    A ligação entre as partes seria o argumento que é a nossa cabeça que está cheia de estereótipos e conceitos prévios.

    Eu tenho algumas ressalvas, vejamos:

    1. O conceito citado: “Você acha que todo gay gosta de YMCA.” - Não deveria ser em outra ordem: ‘você acha que todo mundo que gosta de YMCA é gay’ ? A ordem dos termos faz diferença.

    2. Mesmo que a pessoa não ache que YMCA é coisa de gay, a sociedadade/grupo pode achar isso. Ou seja, apesar da associação ter surgido externamente, o fato de você viver naquele ambiente faz com que você esteja ciente daquilo, mesmo que não concorde. Algumas pessoas, ao verem o comercial, lembram desta relação (e outras só lembram depois que é mencionado) porque a associação existe, independente de você. Mas, pelo texto, isso faz de você um pré-conceituoso.

    3. Como disseram, o comercial poderia ter usado outra música brega e este post não ocorreria. Então haveria homofobia na nossa cabeça se a música fosse outra?

    4. O texto diz que o comercial é ligeiramente homofóbico, mas sugere que a campanha da Marta não disse nada de mais. Sinto muito, mas pela argumentação do próprio post, se a Marta não tivesse problema com isso, não perguntaria se o Kassab é gay, digo, se é casado e com filhos. Ou seja, este também é um caso de homofobia velada. Não entendi por que Marta saiu livre.

    5. Não gosto do politicamente correto, e já vi a desculpa do “só porque eu sou xxx”, mas não sei como isso se relaciona com o comercial. O comercial não é sobre um cara se dizendo vítima de homofobia por ter dançado YMCA e nem sobre a reação indignada de grupos contra a estereotipação dos fãs de YMCA.

    6. O princípio da isonomia é tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual - na medida de suas desigualdades. Então a isonomia é preconceituosa? E perigosa?

    Chega, que já escrevi demais.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    Tudo bem. Eu tbm escrevi pra cacete. hahahahaha

    Responder

  1. Rafael Gaúcho
    20/03/09 | 6:32 pm | #

    Sinceramente, não vi maldade nenhuma no comercial… acho que a maldade está nos olhos de quem assiste… cada um vê como acha que deve ver e ponto final. Sobre o homossexualismo, cada um faz o que quiser de sua vida. Abraços

    Responder

  1. MarcelGinn®
    20/03/09 | 8:00 pm | #

    Eu também sou da opinião que a propaganda não quiz ser preconceituosa. O lance foi mais o lado da zuação quanto ao mico mesmo (como a sequência da propaganda mostra).
    E ainda que tratasse sobre o homosexualismo, caso fosse um carro com 3 homossexuais e 1 hetero dizendo: “olha lá que gostosa ali na calçada” segurando o saco? Seria também um mico, pois eu ser hetero não me da o direito de impor isso com quem não o é e tem outra opção sexual. Jamais um etero (e mesmo um gay) faria isso numa ocasião dessas. Como a própria propaganda diz: “Quer dividir algo com os amigos, divida um Doritos não sua opção sexual, brincadeirinha sem graça não, mico não, e por aí afora.
    É conotativo ao mico, não a opção sexual. Porém ‘ótemo’ texto o seu, virei leitor ana.
    BGinn

    Responder

  1. RICARDO ROCHA AGUIEIRAS
    20/03/09 | 8:45 pm | #

    Como seria se fosse uma mulher dançando uma canção feminista, como a “Cor de Rosa Choque”, da Rita Lee e levasse um saco de Doritos na cara? Com a suavíssima sugestão de “Se quiser dividir algo, que seja o Doritos”?
    Seria bom, legal? Vamos fazer?
    Por que não um carro com três gays e um heterossexual começa a cantar qualquer axé machista, antes de levar a mesma sacada salgadinha na cara?
    Ricardo
    [email protected]

    Responder

  1. RICARDO ROCHA AGUIEIRAS
    20/03/09 | 8:49 pm | #

    Ah, e “mico” mesmo, já que gostam tanto dessa expressão da moda, não seria ter “amigos” como os que estão dentro do carro? “Amigo” que te julga e rotula de “mico” o que consideram que seja ou não conveniente?
    Que lixo esses “amigos”, não?
    Ricardo
    [email protected]

    Responder

  1. Rafa
    20/03/09 | 11:30 pm | #

    ‘Burro’ também é um baita rótulo, creio eu.

    Responder

  1. RICARDO ROCHA AGUIEIRAS
    21/03/09 | 2:19 pm | #

    YMCA
    Oswaldo Braga
    21/03/08
    http://obraga.blogspot.com/
    http://oswaldobraga.spaces.live.com
    http://www.mgm.org.br
    http://www.otempo.com.br/otempo

    A nova campanha dos salgadinhos Doritos inclui um comercial que, por mais simples que pareça, carrega em suas entrelinhas umas das mais severas manifestações de menos-valia e preconceito que são a exposição, a ridicularização, a gozação, o chocho.

    O comercial retrata uma viagem onde quatro rapazes se distraem ouvindo o hit “Y.M.C.A.” no som do carro, quando o copiloto distraidamente repete a coreografia criada pelo grupo Village People que reproduz com os braços as iniciais da Young Man Chiristian Association (Associação Cristã de Moços) em linguagem de escoteiros, usada para comunicação à distância.

    Os outros três (passageiros e motorista) ficam atônitos diante da distração do colega macho, que repentinamente se revela um conhecedor de um dos mais manjados ícones gays do mundo, repetido desde 1978 em todas as boates GLS e relembrado até hoje. Embasbacados, preparam-se para a gozação, quando entra violentamente uma arte da embalagem dos salgadinhos, esconde o rosto do “dançarino” e congela a cena com o slogan: “Quer dividir alguma coisa com os amigos? Divide um Doritos.”

    Ao dançar o YMCA, o que estaria sendo dividido? Seus sentimentos íntimos? É melhor dividir salgadinhos que sentimentos íntimos? O que revela a atitude do rapaz que dança o YMCA que não mereça ser dividido com os amigos? Que ele seja gay? É essa a mensagem: não conte para seus amigos que você é gay? Prefira dividir salgadinhos que sair do armário?

    A agência Almap-BBDO, responsável pela criação do comercial, diz que a intenção não era essa. “Os filmes (da campanha) mostram justamente como todos já passamos por situações em que achávamos que estávamos sendo engraçados, mas na verdade estávamos pagando um grande mico”, alegaram em nota.

    No filme, entretanto, o rapaz não está se fazendo de engraçado. Ele está distraído, relaxado e deixa que algumas reminiscências venham à tona, sem prestar atenção.

    Tudo isso me fez lembrar a minha adolescência no armário, quando, decidido a vencer essa orientação homossexual, passei a fiscalizar e ensaiar meus gestos e atitudes de forma a não dar bandeira com os amigos.

    Sentia-me envergonhado quando deixava escapar, nas pistas de dança, exagerados passos da moda que com certeza me traíam e provocavam nos meus colegas reações parecidas com a dos companheiros do copiloto no comercial da Elma Chips.

    Como muitos de nós, vivia tenso, atento, comedido e ensaiado, representando o papel de macho na pantomima do bulling nosso de cada dia.
    (Gostei muito do texto acima, de Oswaldo Braga, que ajudará a incrementar essa discussão. Penso que somente um gay pode saber onde dói o seu calo. Outr@s podem apenas supor…)

    Responder

  1. Fred
    22/03/09 | 3:05 am | #

    E moda, é um preconceito? ou melhor gera preconceito?

    O que é brega?

    O que é bonito?

    Preconceito é amplo minha gente… precisamos discutir… mas precisamos, mais ainda tomarmos conta do que a gente anda fazendo na nossa vida a respeito do preconceito.

    Abraços a todos

    Responder

  1. Fred
    22/03/09 | 3:10 am | #

    Mais um detalhe: Será que, muitas vezes, o que gera uma “onda” de preconceito não é a exacerbação ou excessos de uma minoria dentro da própria minoria?

    Responder

  1. Yuri
    22/03/09 | 4:34 am | #

    A propaganda é ridícula, por quê pretende fazer você condenar uma atitude completamente… inocente (no sentido de não-condenável).

    Na realidade, o que eu pensei ao ver foi simplesmente “Que merda.”

    Depois eu pensei:
    “E o que tem a ver com o post?”

    Depois:
    “Será que tem alguma coisa a ver em dizer que a propaganda é homofóbica???? O____o Pô, tem coisas bem melhores pra se discutir.”

    Mas felizmente me enganei.

    A discussão é boa. Dá muito o que falar. Mas preconceito é diferente de discriminação.

    Preconceito não é simples de ser eliminado. Mas eu parto da premissa “Pense na porra que você quiser, mas deixe os outros em paz.”

    É ser hipócrita? Sim. Mas antes hipócrita que discriminar alguém. Pelo menos ser hipócrita só traz problemas à consciência de quem o é.

    Quanto à eliminação do pensamento preconceituoso, SIM, eu acredito que é possível.

    Mas aí vai demorar.

    E envolver mudar muito da estrutura da nossa sociedade…

    Por exemplo:
    Já parou pra pensar que é proibido matar quem é útil? No caso da nossa “feliz” democracia, todos são “necessários”. Mas na roma antiga, um senhor matar um escravo, bobagem. Ninguém liga. Por isso que hoje não matamos uns aos outros, por que somos juridicamente “iguais”.

    Já parou pra pensar que a questão do preconceito contra qualquer unidade familiar que não a tracidional (dois homens, duas mulheres, mãe solteira, pai solteiro, etc.) advém do fato de que a família tradicionalmente é uma unidade econômica produtiva - e de consumo?

    Hoje há uma “crise na família” - como eu odeio essa expressão -, por quê a família não é mais uma unidade econômica produtiva, e um homem solteiro pode ser melhor para consumir que um homem casado.

    Sacou?

    Talvez a inibição ao preconceito passe por questões parecidas. Afinal, o problema todo com os homossexuais deve ser por que eles não procriam. Quero ver, se homem com homem desse filho igual à homem com mulher, se alguém ia achar estranho.

    Ninguém ia.

    E se vacilar muito machão que lê esse meu comentário e torce o nariz dizendo “Eu ia”, estaria… Hm… Bem, o horário não permite.

    Responder

  1. Bosco
    22/03/09 | 9:01 am | #

    Definitivamente “essa doritos”(PEPSICO /ALMAP) é competente pacas.
    Ano passado, sorteou um saco gigante de Doritos;
    Depois disso, uma blogueira apareceu numa festa à fantasia vestida de… DORITOS;
    AGORA aparece esse “inocente comercial de TV” que “inocentemente” gerou uma porrada de artigos em um bocado de blogs (Se isso não for Marketing viral, ainda que involuntário, não sei mais o que é).
    Mas, a respeito disso tudo, concordo com um comentário que li aqui : “Nessa onda do policamente correto o mundo está cada vez mais chato…”.
    E tenho dito.

    Responder

  1. Aline
    23/03/09 | 11:37 am | #

    No meu trabalho não consigo abrir os vídeos. Mesmo assim, gostei muito do post. sempre achei tudo muito estranho. Quando me chamam de branquinha não é preconceito. Agora se digo aquela menina ali negra, é preconceito.
    Quando você coloca: “Amigo, aqui você é vítima da sua própria vontade de tratar todo mundo igual: se você se controla pra não dizer coisas pras pessoas por medo de ser considerado preconceituoso, então você está automaticamente tratando essas pessoas de maneira diferente só por causa da cor da pele delas, do quanto elas pesam ou do parceiro sexual delas.”, aí devo chamar tal pessoa de “escurinha” para não ser preconceituosa????? Somos preconceituosos não querendo ser!!!!!
    Vejo a mesma coisa em relação à mulher. Enquanto as conquistas ou tentativas de igualdade com os homens estiverem nas manchetes e ainda forem alvo de exaltação, pra mim nada mais é que uma forma de comprovar que o desrespeito e a desigualdade ainda estão aí pra todo mundo ver!!!!

    Responder

  1. Heloisa
    23/03/09 | 1:13 pm | #

    Ótimo texto. Pra mim o comercial nada mais é do que um amigo pagando mico diante dos demais, nada mais. Se tivessem colocado Garçom, do Reginaldo Rossi, essa discussão não existiria. Mas no imaginário dos “politicamente corretos” - esses sim mais preconceituosos que qualquer comercial - todo homossexual AMA Village People, age histericamente quando ouve essa música e satirizar o quarteto disco é ser obrigatoriamente homofóbico. Alô, crianças! Homossexuais são pessoas diversas como quaisquer outras, não um grupo de seres esteriotipados! Existem homossexuais que curtem indie rock, psy trance, pagode, axé… tem até homossexual vocalista de banda de heavy metal! Só quem é MUITO preonceituoso enrustidamente acredita que todo gay é uma “mocinha alegre que entra em frenesi quando ouve YMCA”. Esse é o pior preconceito que pode existir: o da generalização.

    Responder

    RICARDO ROCHA AGUIEIRAS Reply:

    Heloísa, nada a ver com cobrança de politicamente correto. Apenas a gente se cansa de ser, sempre , ridicularizado. E se a pessoa for diferente? Deve levar saco de Doritos na cara? Se gostou, por favor, leve a “sacada” por mim. É é um Direito reagir. Abaixo, um artigo meu sobre, se tiver a boa vontade de ler:

    Não tenha vergonha de dançar YMCA
    Ricardo Rocha Aguieiras

    Estamos sempre preocupados com o outro olhar e com o olhar do outro em nossas vidas. Desde que nascemos. Isso ocorre com todo o mundo, mas, por razões óbvias, bem mais em cima das minorias discriminadas e excluídas socialmente. Dois pontos estão sempre recebendo uma maior agudez, ainda, na visão dos habitantes desta sociedade imagética: O prazer e a aparência.
    Falemos do primeiro agora: O Prazer. Depois explico como os dois andam juntinhos, que nem unha e carne, um “apoiando” o outro e completando o caminho da infelicidade e da não realização do ser humano.
    Prazer nunca foi algo bem visto dentro de uma sociedade que já nasce culpada, que se estabeleceu em cima da culpa e onde todos são pecadores. Culpado. Mas, nesse mundo, teria que ser criadas válvulas de escape para tanta dor, sofrimento e miséria, que “permitem” algumas coisinhas prazerosas, desde que dentro do padrão aceitável pelo… olhar do outro. Essa expressão pode ser ampliada pelo olhar de um grupo, tribo, povo, região, religião e etc. onde ocorre uma padronização à procura de possíveis identidades em comum. Que, se não existirem tanto assim, podem muito bem serem fingidas (ou forjadas, ou imitadas ou representadas ou ainda impostas pela educação ou por regras verbais ou não verbais). Então, permitem (Eles permitem, os outros) que você frequente a balada da moda, desde que – é claro – você use uma roupa da moda, igual a que usa a sua turma e também consuma o que eles consomem, de música à comida, incluindo aí até gostos estéticos e Desejo. Você não pode se sentir atraído por um gordo ou por um coroa. A menos que esconda o seu desejo e, junto com o esconderijo, se sinta também culpado. Então, tudo bem. Você não é um “anormal”, sua própria culpa é uma prova disso. Anormal seria não sentir culpa. E a culpa, essa nossa (ini)amiga cerceadora vai te acompanhar por toda a sua vida e vai ser muito usada pelos outros , para que você não fuja, nunca do padrão. Compreende por que o prazer é tão temido por qualquer governo, sociedade, pelos poderosos? Por que transgride e desestrutura. Então, sempre, sob inúmeras desculpas, sejam higienistas, medicinais, comportamentais, religiosas, sociais, vão controlar você. Eles, os outros.
    A aparência idem. Hoje, virou pecado (de novo ele, culpa, lembra?) mortal envelhecer. Vivemos a negação do corpo e a negação da morte. Se o envelhecimento nos lembra que, um dia, morreremos, então em nome da “boa saúde” ele deve ser combatido. Olhe ao redor e veja que cabelos brancos só existem em mulheres muito idosas, antes há a obrigação da tintura, mesmo que eles venham aos trinta anos. No Brasil, segundo país que faz mais plásticas no mundo, depois dos Estados Unidos, a mulher será olhada como uma marciana, se deixar os brancos nascerem naturalmente em sua cabeça. No mínimo, será considerada “desleixada”. Engordar também não pode. Quem engorda é por que é uma pessoa preguiçosa que come demais…segundo eles, os outros…ué, mas comida é também um prazer, não? Se não for o maior que temos, sensorialmente falando. Prazer, percebe? Idem, culpa, percebe?
    Que delícia é quando você toma um banhão e sai por aí usando sua camiseta velhérrima e furada, mas a mais confortável do guarda-roupa, junto com aquele tênis encardido de três anos atrás, que não aperta seu pé. Que delícia quando você relaxa! Mas relaxar dá prazer, você não pode perder o controle pois pode ter alguém olhando, um outro. Reparem como a moda contribuiu, ao contrário do que pensam e pregam, com a sua infelicidade, já que ajuda a estandardizar as pessoas, a colocá-las em uma forma. E forma lembra prisão; uniforme; aperto; massificação; robotização. Forma não lembra prazer. Se você se vestir de forma diferente da sua tribo, prepare-se antes para as críticas, julgamentos e para se sentir mal. Moda é uniforme disfarçado. Pode não ter o logotipo da empresa ou da repartição, mas é o melhor exemplo de como sua aparência sofre a influência do olhar do outro. E de como você é, a cada dia, menos você, sem atinar… Tudo isso é, também, dor e sofrimento. No filme de Almodovar, “Tudo sobre minha mãe”, a personagem da travesti diz algo perante uma platéia, ao receber um prêmio, que me fez pensar muito: “Para mim, felicidade é você se aproximar, cada vez mais, do que entende por autenticidade”. Acho que é por aí.
    O que mais me doeu no comercial da Doritos foi justamente a negação da singularidade de cada um, me feriu mais que a homofobia comprovada do mesmo ( você pode dividir Doritos, mas não o seu Desejo ou o seu esfincter…). O rapazinho levando um saco do salgadinho na cara por que está relaxado, feliz e distraído ( se “distrair” é prazer, não?) do olhar cerceador do outro, por que está dançando YMCA , música de grande sucesso do grupo Village People e que se tornou um referencial e um hino gay. E, além de gay, essa música é considerada “brega” pela moda atual. Alguém aí sabe me dizer o que é isso, “brega”? Eu tive uma amiga maravilhosa em minha vida que era considerada brega: peruona, 80 quilos distribuídos em fartos seios que cheiravam à talco, cabelos platinados e misturava abóbora com verde e vermelho, pulseiras enormes e batom vermelhão. Nada nela remetia ao discreto. Aliás, “discreto” é outra palavra muito usada para controlar… Essa amiga vivia rindo, feliz e indiferente às criticas e julgamentos constantes que sofreu a vida toda. Sempre estava com uma camélia no cabelo e a casa cheia de flores e bombons, que comia sem dar a mínima se engordavam ou deixavam de engordar. Cantava os homens na cara dura… foi, sem dúvida a pessoa mais divertida e deliciosa que conheci na vida. Na véspera de sua morte, no hospital, comia chocolate de uma caixa escondida – quem levou não sei…- embaixo do travesseiro e ria com as músicas do Genival Lacerda. Foi enterrada usando cílios e unhas postiças, a seu pedido. Desculpem, mas nenhuma outra pessoa “discreta” e “elegante” ou “sensata” me deu tanta definição de felicidade como ela.
    A mensagem que esse comercial passa é a mais retrógrada possível: “Não divida com os outros quem você realmente é, não seja autêntico. Não relaxe nunca. Faça apenas o que a maioria faz. Viva conforme os ditames alheios, para não “pagar mico”… Que saco, não? Que saco deve ser você ter que se vigiar 48 horas por dia só para ser aceito…
    Tive o azar de trabalhar l4 anos com publicidade, na Folha de S.Paulo e em outros lugares e agências. Publicidade nunca representou um avanço, e sim um retrocesso. Estão sempre a um passo atrás, apesar dos publicitários que trabalham com criação se julgarem os donos da Revolução. Sem avançar, compactuam com o que esta sociedade tem de pior: Ditadura da estética e o mito da juventude eterna, estimulam a selvageria do capitalismo e do consumismo desenfreado, afastam as pessoas da busca de si para apenas aparentar. E ter. Incutem objetos de desejo em quem não pode tê-los. Como o que interessa é vender, é o lucro ou o ibope de uma marca, os meios não interessam. Trabalham em cima do “mass média”, o que interessa para eles é que você nunca pense ou questione tudo isso, pois, se pensar ou questionar podem perder lucros. Mas, reconheço: Têm muito mais a ver com a sociedade imagética que aí está do que os que tentam, desesperadamente, serem autênticos. Não viverei para ver o contrário, ou seja, uma publicidade cuja mensagem fosse: “seja mais verdadeiro e honesto consigo mesmo”. Os argumentos, furadíssimos, dos que defendem o comercial, são “bom humor”; “que só queriam mostrar alguém pagando mico” ou “a maldade está na cabeça de quem assiste” ( esse é triste, tão triste que chega a ser cômico, nega o todo poder da mídia…); “demonstrar como é gostoso consumir Doritos entre amigos”… Pois é. Pouco interessa se o comercial é pouco ou muito preconceituoso. Muitas vezes a sutileza da estigmatização e as entrelinhas ferem mais que um assassinato. Eu me cansei de ser ridicularizado. E você? Qual é o seu limite? Quantas vezes já passamos por situações parecidíssimas com essa mostrada no comercial? O que eu sei, com toda a certeza, é que as pessoas seriam muito mais felizes se dançassem YMCA nas ruas, diariamente, sem levar saco de Doritos na cara. E que pudessem expressar a luz do próprio olhar, sem se preocuparem tanto com o olhar do outro.

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  1. christian
    26/03/09 | 2:41 am | #

    Acho essa questão de preconceito bem complicada. De todos os defeitos pessoais a serem combatidos esse é um dos mais difíceis porque tá muito no inconsciente, lá no fundo no cérebro. “Eliminar” o diferente deve ser até uma questão de evolução das espécies que sempre tiveram que ignorar o mais fraco em benefício do grupo. Tudo bem que o homem é um animal social que tem consciência e tudo mais, mas que é difícil é.

    Um assunto interessante rolando sobre isso é a questão das cotas pras “negros, pardos e índios” que o congresso está discutindo. Muitos acham que deixar a letra da lei nesses termos é perigoso e inconstitucional. Particularmente sou contra cotas de qualquer tipo. Acho que vão criar mais problemas do que solução além de que muitos que não merecem vão se aproveitar da oportunidade.

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  1. Fernanda
    26/03/09 | 5:37 pm | #

    Jurava que este comercial era uma cópia tupiniquim da abertura da extinta série “That 70′s show”. Me liguei na imagem, não na música nem no comentário, pois sendo uma cópia da abertura, só me apeguei às imagens.

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    Fernanda Reply:

    Ops, tinha outro comercial parecido. Vendo este, é diferente. Discutir os comercias dá um verdadeiro tratado.

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  1. Jofre
    10/04/09 | 4:51 pm | #

    Possuir dupla interpretação não é o problema, o problema é que uma das 2 interpretações é preconceituosa, e, assim, atinge agressivamente pessoas.

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  1. Ananda
    10/09/09 | 1:44 pm | #

    Realmente é lamentável que alguém culpe a sociedade por toda desgraça em sua vida sob o pretexto do preconceito. Porém quando, por exemplo, em um supermercado não se vê um ÚNICO funcionário negro/pardo (em um país com 75 milhões de negros e pardos) começamos a questionar a política de contratação da empresa… Então, ainda mais lamentável é que ainda haja (acreditem…) empresas que só passam a contratar negros e pardos por força de decisões judiciais (sobre o tema, fica uma entrevista com um advogado: http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/30004). Mas o preconceito no mercado de trabalho atinge outras minorias, claro. Felizmente aqui no RS, o Ministério Público do Trabalho, além de investigar denúncias a este respeito, fez uma campanha que leva à reflexão sobre o tema: http://www.pgt.mpt.gov.br/pgtgc/publicacao/engine.wsp?tmp.area=367&tmp.texto=8767
    Realmente o preconceito é uma armadilha, quando acreditamos estar superando um, outros surgem!

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  1. Babi
    04/11/09 | 10:29 pm | #

    Putz…..tá na cara q é preconceituosa sim, nossa gente, tá mais q na cara…colocam um certo humor(não achei nada engraçado) pra da uma disfaçada pra idiotas ficarem rindo e dizer….”pow, nem vi nada contra os gays aí, o cara só ta pagando mico”, só q as pessoas não olham de fato a propaganda…o olhar dos amigos, ao ver outro curtindo a música, o olhar deles ja diz tudo…e outra, se o carinha tivesse só pagando mico, não colocariam essa música. Temos q saber interpretar e isso nem é dificil de fazer…não fechemos os olhos pra tanta imbecilidade….acho certo a retirada da propaganda, pois ela não acrescenta nada de bom a essa sociedade que camufla seus preconceitos.

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  1. Babi
    04/11/09 | 11:58 pm | #

    Bem acho q me enquadro na classe dos “POLITICAMENTE CORRETOS” e pra quem não sabe o q isso significa, bem, aqui significa os chatos q só sabem ver problema onde não tem…é engraçado como as pessoas gostam de dividir as classes…”olha…vc fica aqui pq aqui é o seu lugar, ou vc é do outro grupo”
    bem…não vou dizer q todo o gay gosta de Village People…até pq conheço muitos q detestam outros adoram, mais o q é importante se falar aqui é q em uma propaganda, nada é feito por um acaso, nada foi feito sem pensar…e o Village People mesmo q não queiramos nos remete a ideia de homossexualidade…e se caso vcs perguntassem pro carinha q fez o comercial vcs acham q ele responderia “ah, coloquei essa música por colocar, pq eu acho legal, divertida” vcs acham q ele iria responder isso? é claro q não, ele pegou essa música misturado com o olhar dos amigos pra nos dar entender o q de fato ele quis mostrar…agora se taparmos os olhos para violência nada sutil q acontece nos meios de comunicação, estamos simplismente nos deixando levar por imagens q entram todos os dias em nossas casas, perpetuando ou não certos estigmas q infelizmente ainda possuimos…e essa propaganda não é simplismente uma simples propaganda…sei q muitos aqui entendem o q quis dizer já outros…bem não sei o q farão com minhas palavras…mais é bem legal refletir e crescer com ideias e ponto de vistas novos…isso nos faz crescer e eu tb me incluo nisso

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  1. Diogo
    08/12/09 | 5:09 pm | #

    Post velhinho já, mas vi o link numa postagem mais nova, e resolvi comentar. Até porque estou há tempos pra escrever um texto sobre preconceito no meu blog, defendendo o direito de tê-lo.

    Mas na verdade, eu só queria dizer uma coisa: falaram muito sobre a reação e troca de olhares dos outros integrantes do carro, as possíveis associações de YMCA e a homossexualidade, mas imagina o mesmíssimo comercial, com a mesma atitude dos outros e substitui “YMCA” por “666 The number of the beast”, e troca o cara com a coreografia de boate por um headbanger aloprado.
    A idéia não ia funcionar do mesmo jeito?
    E considerando que metal geralmente é considerado coisa de macho, seriam os outros garotos no carro os gays?

    Pra quem quiser ver o comercial de novo, aqui tem um link funcionando: http://www.youtube.com/watch?v=E70KiUGu0dE

    Responder

  1. Rodolfo Lobo
    03/09/10 | 10:05 pm | #

    Somos todos preconceituosos. http://bit.ly/aPtkae por @ana_freitas

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