14.10
2009
2:00 am
Governo apóia ensino ‘religioso’ nas escolas. Tsc
Postado em Há mais entre o céu...
Negócio é o seguinte, governo aprovou ensino religioso nas escolas e tal. Faz uns dias já, mas tava querendo falar sobre isso há tempos.
Só o fato de o estado ser laico, em tese, já deveria proibir uma lei dessa de ser cogitada. Mas vamos ignorar este pormenor.
Os defensores dessa lei argumentam que é educação religiosa genérica, não-atrelada a nenhuma religião específica, e que é sempre importante ensinar princípios religiosos, porque eles agregam moral e valores. Vamos supor que eu concorde com isso (não concordo, e acho que se você precisa ter medo de Deus pra ser um cara legal você é um babaca).
Você acredita que o ensino religioso vai ser genérico? Abranger todas as crenças? Que além do pai nosso, as crianças vão aprender dogmas islâmicos, judaicos, do candomblé…? Tipo, é óbvio que não. Os professores nem têm preparação pra isso (na verdade não sei se isso é verdade, mas acho importante afirmar que os professores não têm preparação, no Brasil é legal falar isso). O termo ‘ensino religioso’ já assume por definição a ideia de ensinar doutrinas católicas. E quem eles querem enganar? Tipo, o acordo foi fixado com o Vaticano. Não foi com Israel ou com o Dalai Lama. Crianças vão receber ensino católico nas escolas, ponto.
Será que eles vão ensinar a rodar? Tipo, claro que não.
O que eu acho mais prejudicial disso é que o catocilismo tem como base o tal mistério da fé. Que significa basicamente que tudo o que é inexplicável é mistério da fé e pronto, favor não questionar. E quanto mais absurdas forem as coisas inexplicáveis, mais fé você precisa ter pra se manter católico. Logo, quem abaixa a cabeça pra dogmas bizarros é muito mais querido por Deus, porque tem mais fé. Tipo, lê esse texto que você vai entender.
O que se traduz em: as crianças não serão encorajadas a questionar. Imagina uma criancinha lá de 7 anos tendo aula de religião. Daí o professor explica que Deus fez Eva de uma costela de Adão. A criança vai perguntar como isso é possível, já que teria machucado Adão em primeiro lugar, e em segundo lugar é muito complicado transformar uma costela em uma mulher. E dirão para ele que é assim porque deus quis assim. Pronto. Mistério da fé. E imagina as consequências infelizes de crianças que não questionam as paradas.
Na melhor das hipóteses, teremos uma geração revoltada porque ninguém explica nada pra elas. Boa. Na pior, um monte de crianças alienadas, conformistas e fanáticas.
PIOR: e se lá eles ensinarem que usar camisinha é ruim? Além de alienadas, conformistas e fanáticas, as crianças com ensino católico terão todas AIDS. E filhos, muitos filhos. Católicos. Que mundo horrível, que vibe incorreta.
Jesus era a sensação da criançada
Eu tive educação ‘religiosa’, amigo. Leia-se católica. Uma vez eu perguntei na aula de ‘religião’ como teriam surgido diferentes etnias, se no início só havia Adão e Eva. A professora explicou que a história de Adão e Eva era uma metáfora. Engenhoso, mas tem muita gente, inclusive na própria igreja, que jura que a parada é literal.
E eu era sacana. Escrevi na prova de religião que acreditava em Jesus Cristo como meu único pai e salvador e tirei 10. Mas nem acreditava naquilo.
Pior era ter que rezar pai nosso todo dia de manhã. Eu não queria, mas se não rezasse todo mundo ficava olhando, e era um saco parecer que você não tá rezando porque é revoltado e quer ser o rebelde. Daí eu rezava junto.
O Richard Dawkins, autor de Deus: um delírio, diz que dizer que uma criança é católica ou judia ou protestante é como dizer que uma criança é comunista. Eu concordo. É uma coisa cruel pra cacete.
*Tirei os ‘tipos’, para agradar aos professores pasquales de plantão. Agora sim o texto vai ficar bom. Abs
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Tags: absurdo, crianças, educação, jesus, Política, religião, vaticano
Marcelo Reply:
October 14th, 2009 at 5:16 pm
Muitos que criticam a religião por ser dogmática e radical,acabam por se contradizer caindo eles mesmo em um radicalismo. É necessário haver diálogo e compreensão. E a fé professada pela fé católica não é uma fé cega, o místério da fé busca tmb se compreendido. Não entender pela razão um mistério de fé, por isso já diz, de fé, n significa ser excluido da Igreja, a salvação vai muito mais além. Cuidado com comentários atoas, o radicalismo as vezes só troca de lado.
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maise mendes Reply:
October 14th, 2009 at 6:39 pm
Muito boa sua colocação, às vezes somos tão modernos que esquecemos que existe o outro lado do discurso e eu não sou o dono da verdade, e ser religioso não é defeito.
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