Prepare-se para um post que vai descortinar uma tendência super descolada da internets, para não deixar você, usuário obtuso, de fora de nada que tá rolando na web. Obviamente que o LINK, o caderno em que eu orgulhosamente publico meus excertos tecnológicos toda semana, faz isso melhor que eu. Mas aqui vêm as análises, lá eu só noticio mesmo.
Pois bem. Se você tem até 40 anos, até onde eu sei, está familiarizado com o conceito de CADERNO DE ENQUETE. Essa maravilha dos anos colegiais funcionava da seguinte maneira: alguém ia lá e preparava um caderno com uma pergunta diferente em cada folha, depois passava pra todo mundo responder. Os cadernos da galera mais popular ficavam mais cheios, óbvio. Tipo, os das meninas e meninos bonitos. Porque ai todo mundo poderia dar indireta pra eles sobre o quanto eles eram bonitos e tal.
Enfim. Nesse domingo mesmo, falei com a minha mãe e meu irmão sobre como as redes sociais mataram o caderno de enquete. Quando eu tinha 15 anos, achei um em uma sala do segundo ano. Mas era um exemplar raro dessa espécie já em extinção, aparentemente. Meu irmão, que cursou o ensino médio mais recentemente, disse que nem viu sinal desses FAQs pessoais nos 3 anos.
Mas a web trouxe a ideia de volta - um pouco modificada, é verdade, e com outros atrativos. A parada que tá BOMBANDO no Twitter essa semana se chama formspring.me, e é uma rede social que consiste em poder perguntar aos membros qualquer coisa, quase sempre anonimamente (embora seja possível se identificar, a maioria não faz isso).
Eu fiz um ontem, tá aqui (e aqui na lateral do blog, também). Já recebi uma porção de perguntas - obviamente, muitas delas de cunho sexual (como nos cadernos de enquete, claro), porque no fundo todos temos 14 anos e estamos na puberdade.
Já tinha um negócio parecido no Orkut, chamado Caixa da Verdade, mas não pegou. E porque será que essa parada faz tanto sucesso? Vou dar uma de psicanalista e enumerar algumas razões, mas queria ouvir a sua opinião também.
Em primeiro lugar, as pessoas são voyeurs. Elas têm interesse na vida dos outros. Mas as aparências as impedem de demonstrar isso, por convenção social, pra não parecer bisbilhoteiro. Acontece que, no fundo, todo mundo é. Com as redes sociais, todo mundo virou um stalker em potencial, sem querer. O Formspring é mais um lugar onde uma pessoa se expõe e os outros aproveitam isso.
Em segundo, não menos importante, eles institucionaliza aquilo que é na internet a maior vantagem dos tímidos, dos covardes ou dos normais meio sem-graça, mesmo: o anonimato. No Formspring você até pode se identificar, mas o padrão é que a pergunta seja anônima. Se a pessoa cria um perfil, ela está esperando responder perguntas anônimas, ou seja, o anonimato passa de algo indesejado, que só é usado por quem quer se esconder, como uma característica padrão daquela rede, e portanto, naturalmente aceita.
E tem a nostalgia do lance caderno de enquete, também.
Pra quem cria um, quais são as vantagens? É mais um passatempo do que uma coisa que traz alguma vantagem, por assim dizer. Eu achei divertido responder as perguntas. Não menti em nenhuma, essa foi minha regra. As mais idiotas ou obscenas-babacas, apaguei. E dei umas respostas engraçadas. Criei um FAQ/caderno de enquete sobre mim, virtual, e de quebra abri espaço pra quem quer perguntar algo e por algum motivo não tem coragem fazê-lo. E, ah, também é interessante observar que tipo de curiosidade as pessoas têm sobre você.
Por exemplo: provavelmente porque sou solteira, várias pessoas perguntaram se sou gay.
Mas se eu fosse gay, acho que não estaria solteira. Tem mais mulher do que homem por aí.
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Tags: bizarro, comportamente, formspring.me, Internet, observação, redes sociais, sociedade, status social