11.11
2010
1:49 pm
O que o caso Mayara Petruso nos ensina sobre o ódio
Postado em Antena, Brasil, Crônicas, InternetVocê soube da Mayara?
Tô um pouco atrasada na pauta. Nesses tempos de Twitter, tudo o que rolou há mais de 20 horas é old, né? Mas o tópico Mayara entra na categoria ‘old, but gold’.
A Mayara Petruso é uma estudante de Direito paulista que, depois da eleição da presidenta Dilma, há duas semanas, mandou no Twitter umas pérolas acerca de todo mundo que nasce pra cima de, digamos, Minas Gerais (a.k.a. nordestinos). A saber:
Daí toda a INTERNETZ não perdeu tempo em, obviamente, fazer da vida da menina um inferno. Ela apagou os perfis em redes sociais, foi demitida do trabalho, nem o pai (pobre pai) sabe onde a garota tá. Ela sumiu. Foi recomeçar a vida em, sei lá, em Corguinho, junto com a galera super tolerante do Projeto Portal.
O que eu ainda estou tentando entender é como tanta gente perdeu tanto tempo e energia dando atenção a declarações de estupidez óbvia de uma menina que é… uma estudante de Direito. Só isso. Ela não é ganhadora de um Nobel, ela não é atriz da novela, gente. Não é, sei lá, Ministra da Inclusão Social. E nada contra os estudantes de Direito, heim. Amo todos S2
As pessoas, no geral, são estúpidas, tacanhas. Se você ainda não entendeu isso, sugiro que abra a página de comentários de qualquer site - pode ser até um post polêmico desse blog - e leia os comentários. Você não se assustará mais com a existência de gente como a Mayara, que não percebe ou não admite, mas odeia o presidente porque ele é pobre e nordestino. Se teve até quem, depois da eleição de Dilma, desejasse a volta do linfoma dela, que tipo de fé a gente pode ter na humanidade?
Eu li algumas das reações contra e a favor da Mayara, coisas tão ou mais horríveis do que ela escreveu. O episódio serve pra que a gente possa ver quem de nós é capaz de barrar a corrente de ódio. Porque uma pessoa fala uma merda dessa, então você passa a odiá-la por isso. E aí pronto - ela ganhou. É tipo com os trolls. Não os alimente.
É, eu sei, teve um homem que disse a mesma coisa há dois mil anos. Mas onde quero chegar é que, infelizmente, todo mundo que crucifica a menina está ao lado dela na capacidade de odiar, de espalhar o ódio. E isso é muito ruim.
“E Jesus disse: ‘não darás do pão e do vinho aos trolls, pois feito isso, a eles darás a vitória’”.
Recebi uns e-mails essa semana de alguns leitores me pedindo pra denunciar um site horrível, provavelmente uma das maiores coleções de merda que já li na vida. É uma espécie de manifesto neonacionalista com uns conceitos meio bizarros - super conservador, mas ateu, a favor de esteróides e do culto à aparência, a favor da segregação étnica e de gênero. Claramente foi escrito por uns 2 ou 3 moleques babacas, de uns 20 e poucos anos, bem instruídos pelo nível do texto, mas muito, muito burros. Era tão absurdo que parecia a maior trollagem do século.
Mas aí me pediram pra denunciar e eu pensei: “puta merda. Eu não vou fazer um post sobre isso, não vou alimentá-los.” A parada ia espalhar feito pólvora, eu ia ganhar um monte de views, e com certeza o site seria tirado do ar rapidamente, porque tá cheio de crime ali. Inclusive tá fora do ar agora, denúncias ao MP não devem ter faltado.
Eu não fiz o post porque tinha tanto lixo ali, tanto lixo, que aquilo era capaz de deixar pessoas normais - eu - cheias de ódio contra tanta imbecilidade. Chegou a passar pela minha cabeça que pessoas como aquelas que escreveram e tentam espalhar conceitos como aqueles não merecem o direito de viver. Denunciar os autores causaria uma cruzada contra eles (cuja identidade seria, cedo ou tarde, revelada por alguns desses detetives virtuais ociosos), uma corrente de ódio muito maior do que aquela que eles estavam tentando causar.
Uma vez que aqueles textos transformam uma pessoa em alguém cheia de ódio, seja lá qual tipo de ódio for, eles atingiram o objetivo. É MUITO FÁCIL odiar a Mayara, os babacas do Movimento República por São Paulo, os responsáveis por esse site que eu mencionei.
Difícil é não odiar. E é só não odiando que é possível contra-atacar efetivamente esse tipo de coisa.
Em homenagem a essa minha vibe tão Família Restart S2, fiquem com essa pérola do rock colorido, a grande manifestação musical jovem cheia de mensagens de paz e amor e esperança. Ah, agora em español.
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Tags: amor, discriminação, FAMÍLIA RESTART, mayara petruso, ódio, xenofobia