Agora é oficial: pode meter a colher

Eu tenho um hábito curioso, mas que desconfio que seja mais comum do que imagino.

Quando eu me envolvo em alguma discussão ou impasse que envolve dois lados - usualmente, o meu (certo) e o de uma outra pessoa -, e o outro lado não cede, eu tendo a perguntar aos meus amigos se a minha posição é muito absurda.

Ajo dessa maneira porque eu sou flexível, e por isso, acabo entendendo que se a outra pessoa não cede, é porque algo deve ter de válido na convicção dela. Para me isentar da minha visão de ‘envolvida’, pergunto a um amigo. Que é meu amigo e vai me dar razão, claro. Então estamos todos felizes.

O que me favorece nesse sentido é outro aspecto comum nas pessoas: a necessidade de aconselhar e opinar sobre os problemas dos outros. O ser humano médio gente-boa é geralmente atenciosos e solícito às desventuras dos amigos. Logo, quando eu termino de explicar o imbróglio, por mais pessoal e privado que seja, as pessoas já descarregam suas impressões a respeito dele, sobre quem está certo ou errado etc. É uma espécie de passatempo social: escolher de qual lado ficar em uma história que envolve dois lados.

Acontece que muitas vezes não nos preocupamos ou nem lembramos de ouvir o famoso outro lado. Só o outro lado pode nos dar uma visão completa do que está acontecendo e permite emitir uma opinião válida.

O Sidetaker foi criado com esse propósito. Ele abriga todos os tipos de palpiteiros e apreciadores de palpites e ainda dá suporte às duas versões da história.

Sob o slogan ‘deixe o mundo decidir quem é o culpado’, o site permite que casais se cadastrem e publiquem seus problemas conjugais. Cada um dos membros da relação expõe seu lado da história.

E o nosso papel é METER A COLHER!

Basta fazer o cadastro e votar em quem você acha que está com a razão. Também dá para comentar em cada caso.

Os casos são dos mais curiosos - desde reclamações como ‘ele não dá descarga após ir ao banheiro (não é preguiçoso, é econômico)’ até insatisfação com um namorado que acha que mandar flores resolve todos os problemas. Ler os comentários é diversão a parte, já que todo mundo sempre tem algo a dizer, e as defesas são acaloradas.

Eu imagino que o vencedor nos votos populares no Sidetaker.com utilize isso como argumento durante uma das discussões. Tipo, ‘você viu o que todas aquelas 60 pessoas que nunca nos viram e nunca nos verão disseram! EU ESTOU CERTA!’

Divertido observar que na maioria das vezes os usuários homens defendem os homens, e as usuárias defendem as mulheres. Típico.

No fim das contas, o Sidetaker é uma dessas experiências big-brotherianas da internet simples e geniais, que dão um bom passatempo numa tarde de tédio.

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September 10th, 2008 | 4 Comentários

A arte milenar de ofender pessoas por bilhetes em pára-brisas

Quinta-feira foi um dia meio louco. No ônibus, a cobradora era uma mulher bizarra, que pulava e dançava ao som de nenhuma música e flertava aos berros com moços na rua. A estação estava cheia demais pra uma quinta-feira, muita gente com bagagens enormes. No trem, dois tiozinhos pedreiros sentados a quatro metros de distância um do outro insistiam em manter um papo animado elevando suas vozes em uns 30 decibéis.

Um outro rapaz tinha o logo da Audi tatuado no ombro (e quando eu fui tirar foto ele vestiu a blusa, droga!), no exemplo mais estúpido de tatuagem que eu pude testemunhar desde o garoto que tatuou o próprio nome no braço em português mesmo (acho que pra não esquecer ou pra se achassem ele bêbado por aí, né). E quando eu sai de casa, me deparei na minha própria rua com este belíssimo exemplo de civilidade e alternativa de comunicação urbana preso no pára-brisas de um Uno (clique para ampliar):

Street-owned, motherfucker.

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August 8th, 2008 | 9 Comentários

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