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Fui incapaz de detectar um furo olímpico

Estou me sentindo uma péssima jornalista. Sim, porque não há explicação para ter cometido a falha que vos relato a seguir.

Como eu avisei um dia desses, eu cobri a Olimpíadas de Pequim 2008. Foi uma experiência realmente interessante, especialmente para alguém que nunca gostou nem de assistir nem de praticar esportes. Eu nunca achei que pudesse me emocionar com uma medalha de ouro pro Brasil (aliás, sempre achei uns babacas as pessoas que choravam em horas assim). Babaca fui eu, segurando o choro na redação quando César Cielo ganhou os 50m livre. OK QUE EU ESTAVA DE TPM, mas essa informação é um mero detalhe diante do panorama.

Estando eu na cobertura olímpica, era minha função identificar as notícias relacionadas aos jogos. E é com vergonha que admito: falhei. Falhei miseravelmente. No dia 14 de agosto, fui absolutamente incapaz de detectar tão importante acontecimento:

Reprodução/G1

Confiram detalhes nessa valiosa notícia do G1: http://globoesporte.globo.com/Esportes/Fotos/0,,GF61409-9823,00-FOTOS+O+DIA+NAO+FOI+BOM+PARA+OS+MASCOTES+EM+PEQUIM.html#fotogaleria=3

O pior é que me lembro inclusive de ter visto essas fotos chegarem no sistema. Sim, pois recebemos a mesma a agência. Meu faro jornalístico, inexperiente, não exerceu sua função mais fundamental e não me alertou a respeito do óbvio: ‘um mascote caído no chão é um mascote que não está legal. E se um mascote das olimpíadas não está legal, oh oh, temos um grande problema. Isso PRECISA ser de conhecimento do grande público!’ Eu deixei o potencial noticioso disso me escapar pelos dedos.

Reprodução/G1


AH MEU DEUS! NÃO VOU ME ATREVER A LEGENDAR ISSO!

Porém, apesar de não exercer o faro jornalístico como deveria, exerço a humildade e aprendo com meus erros. Observando grandes mestres, que realmente sabem atribuir relevância adequada a um acontecimento, vou aprender a descobrir o que é notícia e não vou mais deixar passar essas coisas.

Ufa.

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August 26th, 2008 | 5 Comentários

Relatos de um terremoto

Eu, pra ser sincera, não senti nada. Quando trabalhava na Barra Funda, dava pra sentir bem o metrô passando. Era quase como um terremoto diário, com hora marcada.

Mas o amigo da reportagem do G1 tem um depoimento de extrema relevância sobre o momento do tremor

‘Não foi só sensação’
“Moro na Zona Leste de São Paulo. Às 21h24 estava deitado em minha cama fazendo compressas de gelo no joelho, quando percebi que a cama começou a balançar. Tenho certeza de que não foi uma sensação, mas sim um tremor de terra”
- William C.

Quer dizer, que tipo de pessoa dá uma informação de tamanha precisão em um depoimento para um site? “Oi, estava coçando as costas da minha mão quando percebi que tudo estava tremendo”. Não faz sentido, ninguém quer saber sobre as compressas de gelo. As pessoas realmente perderam a noção do que é privacidade, já dizia o moço no fim do Zeitgeist. A possibilidade é que ele esteja tentando criar um álibi com essa informação.

Além disso, o cara disse o horário exato em que estava colocando compressas de gelo no joelho. Veja bem, uma pessoa que marca horário para colocar compressa de gelo no joelho (tipo, “21h24! Hora das compressas!”) não é uma pessoa cujo depoimentos sobre terremotos tenham qualquer credibilidade. Você pode considerar que ele olhou no relógio assim que o terremoto acabou, mas eu duvido dessa possibilidade. Afinal, ele provavelmente teria complementado o relato, com algo como “Logo após o tremor, virei ligeiramente a cabeça para a esquerda e também mudei meu braço de posição. Desviei os olhos que observavam meu joelho anestesiado para o relógio em meu pulso e, vendo o ponteiro menor entre os números nove e dez e o maior quase na metade do círculo, pude constatar que eram 21h24″. Ah, os descritivistas. Tolkien que me perdoe, mas eu não os suporto.

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April 23rd, 2008 | 7 Comentários

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