Interpolando
Um dia, anos atrás talvez, ouvindo “NYC”, do Interpol, cuja parte final da letra diz “It’s up to me now turn on the bright lights”, eu imaginei que seria a música ideal pra fechar um show, porque seria o momento de acender as luzes.
Ontem, no Via Funchal, o Interpol não terminou o show com NYC - mas nesse trecho da canção, as luzes foram acendidas sim. E deu pra ver as milhares de pessoas de mãos erguidas e gritando a letra a plenos pulmões.
Não existe espetáculo de entretenimento mais impressionante e apoteótico do que um bom show de rock. Alguns dirão que jogos de futebol são muito mais emocionantes. Talvez sejam, mas eles guardam uma peculiaridade com a qual os shows de rock não precisam se preocupar: num jogo de futebol, nem todo mundo ali tá unido pelo mesmo sentimento. Se você olhar pro outro lado da arquibancada, vai ver outros milhares de pessoas, e o mais triste - da tristeza delas depnde sua felicidade, e vice-versa. No show de rock nunca é assim. No show de rock todas as pessoas estão ali porque aquela banda significa algo pra ela; todas querem um show excelente, inclusive a banda. São milhares de pessoas, num mesmo lugar, querendo algo ao mesmo tempo. Às vezes, dizem, isso basta.
Quem gosta de rock’n'roll sabe o que eu digo. Um bom show lava a alma. Anula todas as preocupações do dia-a-dia, tira o peso do ombro, todas essas coisas. E ninguém espera que uma bandinha como o Interpol seja capaz de fazer um show tão fantástico.
Explico o “bandinha”. Eu acho que o Interpol é uma dessas bandas que vão passar. Como todas essas coisas novas que a gente ouve. Poucas delas, de fato, vão ficar. O Interpol não é grande, não é popular, sua música não é assimilada facilmente, e apesar de ser ótima, não é revolucionária nem tão apaixonante - ao menos, não para a maioria.
Mas a vida e o teor dela é toda definida por expectativas, e em certos casos, baixá-las pode ser um bom negócio. Ontem, o Interpol, a bandinha, os cinco caras blasè e impecavelmente vestidos, fizeram um show fantástico, longo e intenso, para oito mil pessoas que cantaram a plenos pulmões quase todas as músicas. E, por causa disso, eles passam de “esquecíveis” para memoráveis, só porque naquela noite toda a sintonia foi perfeita e quem esteve lá soube que aquele foi um momento pra lembrar.
Claro que nada disso seria possível se não estivéssemos na era do download musical e se o dólar nção estivesse caindo e caindo. Mas não quero falar disso.
Agradecimentos ao meu pai, que comprou o ingresso; a um dos meus melhores amigos, que foi comigo (do contrário, teria tido que achar uma das várias pessoas [pouco] conhecidas, ou ver o show sozinha); ao Interpol; às pessoas legais, indies e fashionistas que foram ao Via Funchal ontem, e que sabiam todas as letras; a Sasha e principalmente pra você (piada vééééia).
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March 12th, 2008 at 6:00 pm
Interpol hãn? Não conheço a banda, mas pode ter certeza de que de momentos mágicos eu entendo muito bem. E sei que não é qualquer um que consegue mistificar a mente de milhares em questão de minutos. [inveja]
Cativas tuas expectativas, pois serão elas que te levarão em frente.
Certamente minha máscara não durará muito, mas aos olhos alheios serei só mais um…
PAGO
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March 12th, 2008 at 7:35 pm
Ví os vídeos no UOL, mas é lógico que não é a mesma coisa do que vê-los ao vivo. Interpol é uma banda legal, principalmente se ignorar o 2º álbum, mas não foi capaz de me fazer viajar pra ver o show deles, como aconteceu com Supergrass, Franz, Los Hermanos, Devo, etc.
E lendo este post eu me lembrei - pela enésima vez - de como eu me senti no show do Weezer, aqui em Curitiba, em 2005. Coisa parecida vi (e senti) no último show do Los Hermanos, no ano passado.
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March 16th, 2008 at 2:40 pm
eu não acho que a Interpol é uma “bandinha” que irá passar, afinal de contas, já são 10 anos de estrada. entretanto, concordo que muitas das coisas novas que escutamos irá sumir com um certo tempo, porque muitas dessas bandas não conseguem passar do primeiro álbum, o que não é o caso da Interpol. a prova está no grande show que a banda proporcionou a milhares de fãs.
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