26.11

2008
2:22 am

Um pequeno lapso de solidariedade

Postado em Brasil, Crônicas, jornalismo

Embora eu me considere na essência uma realista, alguns me chamariam de pessimista. Eu não acredito na bondade do ser humano. Não acredito que o mundo tem jeito. E não pude conter minha surpresa diante da notícia que a solidariedade de desconhecidos havia salvado um estranho na tarde desta segunda.

Assisti à matéria na terça, no SPTV, e apesar de reconhecer que quase todo bom herói do cotidiano busca a auto-promoção (ou senão não teria dado entrevistas à TV com aquele brilho no olhar de ‘eu salvei um cara’), há de se reconhecer que as pessoas agiram com solidariedade e bravura pouco vistas numa cidade tão maluca quanto São Paulo.

Fiquei emocionada (eu sempre choro com essas coisas, sou uma besta) e comecei a questionar o julgamento que eu costumo fazer das pessoas comuns. Poxa - tanta gente diferente junto, gente que normalmente a gente veria se xingando no trânsito, motoboys e motoristas de taxi, passageiros, pedestres - se unindo para impedir que uma pessoa numa situação extrema morresse. Se arriscando até, de certa forma, já que estava todo mundo no meio da enchente, com água na canela, para tirar alguém de dentro da água (e aparecer um pouquinho na TV, mas ok, isso eu posso perdoar).

Então o mundo tinha jeito. Não era nada daquilo que eu estava pensando. As coisas não estavam tão perdidas.

Mas aí, no fim da matéria, o Chico Pinheiro chamou o link no qual a repórter disse que, apesar de todas as manifestações fantásticas de solidariedade, a enfermeira que fez os primeiros-socorros em um dos rapazes que caiu na água voltou para o carro e não encontrou sua bolsa lá.

Respirei aliviada. Parece que o mundo estava voltando ao normal.

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25.11

2008
3:36 am

10 coisas para tirar a (minha) vida do tédio

Postado em Crônicas, Entretenimento, Há mais entre o céu...

Minha vida tá parada. Morna. Correta. Eu acordo, às vezes vou na faculdade, vou para o trabalho, chego às 23h30, leio meus feeds, durmo, acordo, às vezes vou na faculdade… é um ciclo sem fim. Quando tô de saco cheio, não dá para pensar ‘acabou o dia’, porque no dia seguinte recomeça tudo de novo. Não dá para pensar ‘o fim de semana tá aí’, porque logo o fim de semana acaba, eu não faço nada de diferente nele e vem a segunda.

(Breve pausa para falar da segunda)

A segunda é o dia mais desesperançoso da semana. A segunda é um dia cruel. Te tira da alegria daquele oásis que são o sábado e domingo no meio dos áridos dias úteis e te joga no meio do panela fervendo. Você não tem opção senão voltar pro tédio. Isso é o que a segunda representa para mim.

(Fim da breve pausa)

A falta de acontecimentos ligeiramente interessantes têm sido inclusive um problema aqui no blog, já que se nada acontece na minha vida, não há sobre o que escrever.

É por isso que eu tenho pensado em certas coisas para sair dessa rotina chata. Essa lista não foi pensada à força, todas as coisas realmente passaram pela minha cabeça de um jeito ou de outro nas últimas duas semanas. Não vou conseguir colocar a maioria em prática, mas não deixa de ser um conselho útil para alguém que está disposto a um pouco de aventura. Viver é preciso. E eu estou lendo Hunter Thompson, o que me faz ter vontade de jogar tudo para o alto.

Ler Hunter Thompson

Não, esse não é o Gracindo Junior

O cara é um gênio da porra-louquice. É bom para te incentivar a fazer qualquer uma das coisas sugeridas aqui, ou seja, antes de qualquer coisa, leia Hunter Thompson.

Ter e executar uma idéia simples e revolucionária

Acho que isso é o tipo de coisa que pode te tirar da rotina. A maioria das pessoas passa a vida inteira sem ter uma idéia revolucionária. E mesmo na parcela da população que as têm, pouquíssima gente as executa. Fique atento aos seus pensamentos mais estúpidos: os grandes gênios da história sempre descobriram as coisas quando estavam pensando em algo totalmente contrário ou absurdo (ou assim os livros querem que a gente pensa, para que a história tenha graça).

Assaltar um banco

Certamente assaltar um banco é algo capaz de causar turbulência em uma vidinha pacata. Mas é ilegal (para alguns, isso faz parte da diversão) e não sei se as possíveis conseqüências valem a adrenalina do momento.

Aprender algo novo realmente legal

Nunca surfei, mas sempre quis aprender. Surfar deve ser uma daquelas coisas unânimes, não deve existir quem tenha surfado e dito: pô, isso é uma merda, nunca mais vou surfar. Nunca é tarde para aprender. Andar de skate é outra opção mais prática, pois dispensa a necessidade de litoral e de roupas de neoprene ridículas. Outra coisa que seria legal aprender é eletrônica - seria capaz de fazer todos aqueles mods nos meus gadgets. Ou fotografia. Criptografia! Sempre quis aprender criptografia. Gastronomia…

Viajar para um lugar muito louco

Por ‘muito louco’, digo um lugar daqueles que as pessoas dizem que são ‘misteriosos’. Tipo a Índia, ou Macchu Picchu. Ou conhecer templos de Monges Tibetanos. Coisas realmente diferentes, não ir para a praia no feriadão. Eu estive tentando organizar uma viagem de quatro dias, na véspera do Natal, para São Tomé das Letras, em MG, mas tem estado tão difícil convencer as pessoas que eu estou considerando ir no esquema mochilão-solitário. Já é um aquecimento para o futuro.

Se mudar

Po, não tenho dinheiro, mas me mudar seria algo realmente diferente. Durante meses eu ia ocupar minha cabeça com as coisas de uma nova casa, fora as outras possibilidades que morar sozinha traria (e dificuldades, também). Daria para ocupar a cabeça por um tempão.

Fazer um pacto com o diabo

Não sei, mas seja lá o que isso signifique, provavelmente agitaria a minha vida por um tempo. O problema é que eu me canso logo das coisas, e parece que com o diabo não há rescisão de contrato. Quer dizer, até há, mas a multa é complicada. Mesmo assim, se alguém tiver interesse…

Cancelar todos seus velhos amigos e arranjar novos

Se a sua vida está um tédio, formate-a. Apague todo mundo que é possível dela e troque todo mundo por gente nova. E o mais sensato é começar pelas pessoas que você conhece.

É brincadeira, gente. Tamo junto.

Entrar para uma sociedade secreta

As sociedades secretas tão aí, cara. Não olhe para trás, você pode se deparar com um membro delas. E participar de uma deve, pelo menos, prover segredos interessantes sobre coisas importantes para alguém que está fundamentalmente em busca de sentidos. Por isso, faço um apelo: me convidem, sociedades secretas.

Sabotar seu cartão de passes de ônibus

karreganakatraka

Mas olha, no fim das contas, a vida é bem menos glamurosa. Eu pedi uma quebra de rotina e foi isso que eu ganhei: meu Bilhete Único pifou do nada e agora eu vou ter que acordar cedo e ir até a SPTrans, pegar uma fila dos infernos, para ter meu cartão trocado. Isso não acontece com freqüência. É, sem dúvidas, uma quebra da rotina. Obrigada, universo. Você conspirou a meu favor.

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23.11

2008
2:41 pm

Como perder o respeito por um artista em apenas 4 passos

Postado em Arte, Brasil, Celebridades, Entretenimento, Música, Pop

Você é vocalista de uma banda aclamada pelo público e pela crítica. Uma banda que, de alguma maneira, revolucionou a maneira de fazer rock com MPB e marcha de carnaval no País. Mas você se cansa dessa vida e resolve jogar tudo para o alto. Contestador, quer descobrir se o amor dos seus fãs por você é mesmo incondicional. Para isso, decide que irá fazer uma bateria de provas que irão testar a admiração dos fãs hermanos pela sua pessoa, só pelo prazer do experimento sociológico (o que aliás, é algo bem a sua cara). Veja como você decide por em prática sua experiência:

1.

Por influência de uma cantora mala de MPB, você lança um disco chato.

2.

Percebendo que você passou com louvor na primeira prova de fogo, arrisca ainda mais: grava uma música da dupla teen sertaneja pop rock’n'roll Sandyjunior.

3.

Você dá um fim na banda e lança um disco solo mais chato ainda que o seu disco chato em conjunto com a banda.

4.

Quando todos acharam que você não podia mais surpreender, você, aos 30, começa a namorar uma menina de 16. Não, não é boato. Não, não é coisa da cabeça dela. Eles assumiram.

Não há muito mais o que fazer para testar o gosto do público, até porque me parece que você será aclamado até se comer merda, vide a declaração abaixo:

Ai, gente? Eu tô muito velha ou isso é absurdo? Não tô nem falando do fato que é crime, ok - deixa isso para lá. Vamos fingir que não é.

Aos 16 a pessoa não tem discernimento possível pra uma série de coisas, e muitas dessas coisas devem ser decididas num relacionamento. Eu devo ser muito careta, né? Por que tá todo mundo fingindo que isso é normal. No meu mundo não é não.

Mas o Amarante não ficou atrás…

Isso que até um mês atrás Mallu não dava entrevistas alegando que a família queria protegê-la da exposição. FAIL, né?

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21.11

2008
3:37 am

Comprei um iPod Touch!

Postado em Crônicas, Internet, Música, Pop, Tecnologia

Na semana passada, comprei um iPod Touch de 16GB, da 1ª geração. E é um aparelho tão útil que eu fico até sem graça de chamá-lo de MP3 player.

Sim, ele toca música. Não daria para não notar, já que estou ouvindo música neste momento. Mas ele é também um editor de textos portátil, e isso seria ainda mais difícil de deixar passar, já que é a primeira vez que escrevo um post do ônibus, indo para a faculdade.

No geral, ele é um iPhone sem câmera, 3G, bluetooth, microfone e que não faz ligações, mas tudo isso é facilmente superado pelo meu aparelho celular (que quase morreu na noite desta quarta, mas segue respirando por aparelhos). Menos pelo 3G, mas eu nem teria dinheiro para o pacote de dados, então não tem problema.

Além disso, como sou uma ávida “ouvidora” de música, achei que seria imprudente comprar um iPhone e dividir todas as funções para a mesma bateria, que não ia durar muito.

Já instalei milhões de aplicativos (60, para ser exata) entre jogos realmente divertidos, utilitários de texto e RSS, coisas que tornam as possibilidades do aparelho infinitas.

A moral é que foi um dinheiro incrivelmente bem investido. É fantástico poder escrever e editar os textos de onde eu quiser (e se tiver wi-fi, publicar), ouvir música, jogar, converter unidades, ver vídeos, fazer contas, ver arquivos - tudo num aparelho só.

Alguém pode dizer que já tá meio tarde para fazer uma review desse aparelho. Mas o review é para pessoas como eu, que não pensavam seriamente em ter um porque não faziam idéia de como um gadget desse pode mudar sua relação com a internet. Para melhor.

É caro (no Brasil), mas vale toda a grana investida.

Ok que daqui a 10 meses ainda estarei pagando o Touch do ano anterior, mas pobre é assim: ou parcela ou junta dinheiro. E eu não sou das mais econômicas…

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18.11

2008
6:44 pm

Charlie, o unicórnio: para assistir depois do i-Doser

Postado em Arte, Entretenimento, Há mais entre o céu..., Pop

Para você, que sempre foi convicto de que que unicórnios eram bichinhos fofinhos e íntegros, que jamais se envolveriam em psicodelia, pedofilia e tráfico de orgãos.

Assustador.

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18.11

2008
5:00 am

Paulo Coelho, o sobrevivente

Postado em Arte, Brasil, Celebridades, Crônicas, Entretenimento, Há mais entre o céu..., Literatura, Música, Pop

Semana passada, eu terminei de ler o livro responsável pela maior quantidade de olhares de reprovações, muxoxos e resmungos literários de toda a minha vida. Nem quando eu li ‘Deus: um delírio’ diante do pastor que pregava dentro do trem fui tão crucificada só por querer conhecer o conteúdo de algumas páginas.

Curioso? Prepare as pedras:

‘O Mago’ é a biografia do escritor mais amado e odiado do mundo, Paulo Coelho, escrita e apurada fantasticamente pelo jornalista Fernando Morais.

Nunca li nenhum livro do Paulo inteiro, mas desde que tomei contato com todos os meus ‘formadores’ de opinião - literária, inclusive - ouço que o que ele escreve é lixo. Desde pequena, familiares, professores e amigos que também são fãs de livros desrecomendaram qualquer coisa dele. Desrecomendaram o próprio e qualquer referência a ele, se possível. E o cara é tão odiado, tão odiado, que até ler a história da vida dele causa repulsa. Até meu chefe fez ‘aaaargh’ quando viu o livro.

Desde que decidi ser jornalista, decidi também que para isso seria fundamental me livrar de todos os preconceitos. Não aqueles feios, que dão cadeia, porque quanto àqueles nunca tive problemas. Falo dos pequenos, os cotidianos, aquelas generalizações do dia-a-dia - meus preconceitos musicais, os culturais, os sociais e os literários.

É óbvio que ainda estou distante de atingir o objetivo de forma plena (ainda odeio nova MPB e livros de auto-ajuda), mas por mais chato que pareça esse papinho, sigo tentando e tenho conseguido resultados extraordinários. Por exemplo: nos meus tempos rebeldes, não assistiria Superpop e portanto não tinha tanta noção da magnitude da estupidez do homem. Naquela época, também não teria tido a chance de ler um livro tão incrível.

Não sei se Paulo Coelho escreve mal, mas ele é um dos escritores mais prestigiados do mundo e isso é mérito dele. Não sei dizer porquê, por aqui ele não tem tamanho prestígio, o que para ele deve ser muito chato, uma ironia triste. E por mais que você, pseudo-intelectual, queira, não dá para negar a importância do cara. Cedo ou tarde, precisaremos reconhecer que ele deve ter algum talento, afinal, vender tanto, para tanta gente e ser aclamado assim não é para qualquer um.

O cara é tão popular que até a máxima dos shows de rock tem a ver com ele, afinal se o ‘toca Raul’ fizer referência a qualquer um dos clássicos do Maluco Beleza, então Paulo Coelho foi responsável pela letra.


Você sabe, então canta: VIVA! VIVA!

E, sendo ruim ou mau escritor, nenhum impede que sua história de vida seja interessante, ainda mais nas palavras de um escritor tão talentoso, com um texto tão natural. A ‘interessância’ da vida de Paul Rabbit é algo que se torna inegável ao ler o livro: um cara que sonha em ser um escritor ‘lido em todo o mundo’ desde os oito anos, foi internado em hospício e tomou eletrochoque, usou drogas , compôs clássicos do rock nacional que estão até hoje na ponta da língua de todo mundo, e ascensão a grande escritor e a fama e prestígio mundiais, a ponto de lotar livrarias ao redor do mundo para dar autógrafos, entre outras nuances fantásticas (como a verdade por trás das sociedades secretas das quais ele participou e ainda participa, coisas que nem são contadas no livro). As passagens extremas em ‘O Mago’ são tantas que o autor, a princípio, iria chamar o livro de ‘O sobrevivente’.

Mas só leia o livro se você gosta do cara ou não tem opinião formada. Os que já tem pé atrás correm o risco de começar a admirá-lo, e isso seria inadmissível. Se eu fosse um Paulo Coelho hater, não correria o risco.

Acima de tudo, o mais importante é tirar a prova por si mesmo. Fucei aqui em casa e achei umas cópias de O Alquimista e Diário de um Mago. Vou encapar com uma capa falsa bem chata pseudo-intelectual, tipo ‘Crime e Castigo’ ou algo do Nietzche que é para ninguém me encher o saco ou me olhar feio e vou finalmente ver, por mim mesma, se esse cara é bom ou ruim.

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