Não é fácil ser taxista no Panamá. É que, pra começar, aqui não existe taxímetro. Eles usam uma tabela de preço (cuja lógica eu não entendo e, como turista, somente acato) que determina o valor de acordo com a região em que você está e a região aonde você vai. Até aí, ok, só que o que eu ainda não mencionei e estarei mencionando no próximo período é que esse valor raramente passa dos 2,50 dólares.
É isso: a corrida mais cara que um taxista padrão no Panamá faz custa 3 dólares, e só. Se você for sair de destinos turísticos, como o Canal ou o aeroporto, o valor pode aumentar muito, mas no dia-a-dia você pode usar só táxi. Mas não vai dando sinal pro táxi e entrando assim, na moral, pra depois dizer pra onde você vai - precisa dizer o destino antes de entrar, porque pode ser que o taxista não esteja indo pra lá, sabe como é (é sério, e fica pior).
O lance é que, de taxi, além de gastar pouco pra se locomover bastante (se ficar esperto, porque a Lei de Gerson é bem pior aqui do que no Brasil), você pode fazer amigos. E não é pela simpatia dos taxistas - até porque, ainda que simpáticos, esse espanhol panamenho é bem difícil de pegar. É porque, no meio do caminho, o taxista pode parar pra pegar outros passageiros. Quantos ele quiser.
E assim, a regra diz que o primeiro passageiro deve ser deixado primeiro, e que a rota do segundo ou do terceiro ou do quarto passageiro deve fazer sentido dentro da rota do primeiro… mas na prática, se você estiver dentro de um taxi e alguém der sinal, o taxi vai parar ONDE ESTIVER (MARGINAL TIETÊ? Esquece, ele para. Nem liga o pisca alerta), e se a outra corrida for mais vantajosa e a sua corrida for atrapalhar a rota da nova corrida, bom, ele vai pedir pra você descer.
Normal, a vida é feita de desencontros E de rejeições, e no Panamá você pode sim tomar um fora de um taxista. Por que eles podem ganhar pouquinho, mas têm direito de escolher COMO e SE vão fazer a corrida. Em tempo: eles também vão parar pra abastecer, vão te dar troco errado de propósito, vão parar no McDonalds pra tentar trocar a nota de 20 do camarada que está sentado no banco da frente porque estão sem troco, e também pode acontecer de você entrar num carro MUITO VELHO, com o vidro da frente quebrado, sem cinto de segurança, que faz uns barulhos estranhos. E aí você vai pensar ‘cara, só faltava essa taxi quebrar’, e obviamente o taxi vai quebrar no meio de uma via expressa, o motorista vai falar várias coisas que você não compreende enquanto empurra o carro, e você vai dar um dólar pra ele, desejar SUERTE e dar sinal pro próximo táxi, que não demora nem 30 segundos, porque a cidade é apinhada deles. TRUE STORY
Uma das coisas que não dá pra entender é porque esses caras cobram tão barato (ok, depois dessa incrível história dá, mas siga meu raciocínio). Quer dizer, isso foi um recurso retórico: primeiro que o custo de vida aqui é baixo porque os salários são baixos, segundo que essa maneira de cobrar é determinação do governo. Mas quero dizer que eles poderiam tranquilamente cobrar mais porque não dá pra considerar pegar ônibus aqui. Nem sequer cogitar.
Os ônibus aqui, pasme, são de condutores privados. Isso acarreta coisas curiosas:
- Os motoristas donos dos ônibus pintam eles de maneiras teoricamente atrativas, pra que você possa então optar pelo ônibus dele;
- Ele enfia quantas pessoas ele quiser dentro do ônibus dele;
- Se em SP, onde o transporte é público, os motoristas de ônibus são conhecidos pelas várias atrocidades que cometem, imagina se o ônibus for SEU e você não dever NADA PRA NINGUÉM? Negócio é o seguinte, nego dirigindo que nem um maluco, gente expurgando pelas janelas, quatro pessoas sentadas em um banco pra duas em um calor de 30 graus com sensação térmica de 40 por causa da umidade. AGRADÁVEL.
-
Esse post faz parte de uma série que vai rolar no blog a partir de agora. Cheguei no Panamá há dois dias, e fico aqui até o fim de fevereiro, reportando as bizarrices de um país minúsculo esquecido logo na entrada da América Central. O Panamá, como você vai ver, não é o Paraná, nem, o Amapá, como algumas pessoas já insistiram para mim, e tem pouco de Brasil e muito de EUA, de México, de América Latina, somado a um calor bizarro, gente com cara índio, trânsito terrível e uma população multicultural.
Ana Freitas says:
No 1º post da série sobre desventuras na América Central, peculiaridades do transporte público na capital panamenha: http://bit.ly/gVNMKV
Gabi says:
Mano, se eu tivesse um ônibus ele ia ser DA HORA!
porque vc não aproveita que tá ai e compra um? hahahahaha
Carolita says:
ai essa @ana_freitas só causa alegrias: http://bit.ly/gVNMKV
Daniel Rebin says:
RT @ana_freitas: Os taxistas do Panamá http://bit.ly/fywd7C
Vanessa Who? says:
RT @kaype: RT @ana_freitas: Os taxistas do Panamá http://bit.ly/fywd7C
Eduardo Marques says:
Hahaha
Q inveja de vc aí viajando. Se não for incômodo perguntar: vc vai sozinha ou acompanhada?
Ana Freitas says:
Cara, na verdade meu pai mora aqui. Dai eu e meu irmao viemos passar um tempo. Eu fico ate o fim de fevereiro
Alexandre says:
Hahaha engraçado como uma coisa supostamente caótica parece funcionar sem grandes problemas em outras culturas. Imagina esse esquema dos táxis aqui em São Paulo?
Ah, Ana, onde você tá morando é perto do Canal? Já passou por perto?
Gabriel Meissner says:
Os taxistas do Panamá http://goo.gl/3DQzP
Marquez says:
e cadê a foto do chapéu, com acento, panamá, com acento?
Mariana says:
Olá Ana,
sei que estou totalmente fora do tema, mas estava pesquisando na internet sobre astrologia e fiquei com vontade de fazer um mapa astral…daí veio a pergunta: como faço para encontrar alguém idôneo? e então achei seu site e vi que você já havia feito e pelo que li, com alguém confiável…dá para me passar o contato? Abraços!
Marianne Pinheiro says:
Detalhe… eu pego esses ônibus MARAVILHOSOS (ironia total) quase todo dia, depois um táxi… pagando uma fortuna (tá, 8 dólares nem é tanto assim) porque eu moro do outro lado do mundo.
O mais legal é viver aqui por quase um ano e depender dessas coisas pra tudo.
Mais legal ainda é pegar um taxista desses completamente bêbado/drogado às 3am.
Ou então acontecer o que aconteceu comigo hoje, fui largada em pleno trânsito de Paitilla por um taxista folgado e completamente estúpido.
Só que o melhor dia foi quando eu fiquei 3 horas e meia dentro de um Diablo Rojo pra conseguir finalmente chegar em casa. Com gente saindo pela janela e uns cinco ou seis caras pendurados na porta. Isso sem contar que metade dos bancos estava quebrado.
Mas é assim mesmo e a gente acostuma…
Swdezerbelles says:
Nossa! fiquei impressionada com o transporte por aí.. caótico, mas se permanece é porque funciona “bem” ou pelo menos atende a demanda. Estranho como algumas coisas pra gente parecem tão anormais e funcionam muito bem em outros países.
Será que o governo ou alguém nunca pensou em colocar uma frota de ônibus aí não? Olha o dinheiro que esse povo está perdendo..rsrs Se meus projetos aqui no Brasil não derem certo, vou pro Panamá fazer isso.. Hahahaha
Marianne Pinheiro says:
Estão colocando agora. Em Novembro do ano passado eles começaram a mudar as frotas de ônibus e em alguns lugares existem ônibus (brasileiros, olha só!)com motoristas uniformizados e até ar-condicionado. Alguns taxistas também estão começando a usar uniforme…
Mas a grande maioria ainda são diablos rojos (os nomes super simpáticos dos buses panamenhos) e taxis acabados e velhos…
Carol Navarro says:
=) http://bit.ly/ibsF53
Gabriela Hesz says:
RT @navarrocarol: =) http://bit.ly/ibsF53
Leandro M. R. Silva says:
RT @ana_freitas: Os taxistas do Panamá http://bit.ly/fywd7C