Ainda estou abalada pela morte do Heath Ledger, ainda mais depois de ler este post do Inagaki no Pop Cabeça e ver os dois vídeos que ele colocou por lá. É triste, e eu sinceramente acho chato passar assim de um assunto pra outro, mas - odeio essa frase - a vida continua e o blog também.
Já falei aqui da minha relação com a moda, em outros posts. E num post mais recente, disse também que tive um surto no colégio e que durante um tempo me vesti como uma mendiga. Tudo isso aconteceu porque na escola em que eu estudava o uso de uniforme não era obrigatório, e isso gerava uma competição visual muuuito grande. Todo mundo tinha que estar muito bem vestido, e quanto maiores fossem as etiquetas, melhor. Eu não sabia me vestir, acho que faltava até auto-estima pra me vestir bem e, sinceramente, eu não tinha grana pra comprar roupas de marca - nem disposição pra gastar com elas. Tanto que até hoje não ligo pra essa coisa de marcas e tal. Se bem que, mesmo se eu tivesse dinheiro pra comprar todas as roupas caras do universo, não adiantaria, porque eu não sabia me vestir.
Não que agora eu seja tipo a garota que ahaza no certo e errado da Capricho. Mas tipos que rola uma noção melhor. E noção de moda, queira ou não, eu sempre tive - já que tenho uma espécie de faro pra design desde muito cedo (tipos “oi, foda-se a modéstia?”) -, mas acho que meu bom-gosto passou uns anos hibernando dentro de mim. E ele deve ser bem instável, porque eu sou normalmente bem desencanada.
Ok, voltando. E, bem, se em outros carnavais a idéia de eu freqüentar um evento como a SP Fashion Week seria risível, preciso confessar que esse ano eu queria móóito ter ido. Sério. Não manjo nada de moda profissional, aquelas peças bizarras dos desfiles, mas decidi que é tudo feeling. E gosto (gÔsto, tipo, taste, não to dizendo que EU gosto). Tirando aquelas coisas MUITO óbvias, tipo… sei lá, tipo esses absurdos que os consultores dizem pra gente NUNCA cometer. Não sei exatamente algum pra citar (isso pode ser um problema).
E todo mundo achou o luxo da estação que o desfile de fechamento fosse na Estação Júlio Prestes da CPTM. Gente. Eu achei que é a invenção mais estúpida do mundo.
Pra começar, se todo aquele povo muito chique e muito rico da moda tivesse a vaga idéia de que porra é pegar um trem diariamente, jamais fariam um desfile na Estação Júlio Prestes. Jamais, gente. Não é glamouroso. É sujo. Tem ratos correndo entre os trilhos, como em toda estação de trem - os ratos são até bonitinhos, mas moda e ratos não são duas palavras entre as quais você consegue encontrar relação.
Eles não têm esse direito. Tá, é bonito, tem aquele clima Londres na revolução industrial… NOT! Não quando você espera 25 minutos por um trem, e depois se degladia para entrar nele. Nem quando está dentro daquele vagão lotado e nojento, com aquelas pessoas todas encostando em você, cheirando bem mal (as fragâncias às vezes não podem ser identificadas exatamente, mas são todas bem desagradáveis), falando alto e tipo que esmagando velhinhas indefesas para conseguir sentar numa porra dum banco. Como se disso dependesse a vida delas. E de todas as famílias delas.
Sim, é uma piada de extremo mau-gosto fazer um desfile de moda numa estação de trem. Não teve graça.
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Tags: desfile de moda, estção de trem, júlio prestes, provocação, sp fashion week