Embora eu me considere na essência uma realista, alguns me chamariam de pessimista. Eu não acredito na bondade do ser humano. Não acredito que o mundo tem jeito. E não pude conter minha surpresa diante da notícia que a solidariedade de desconhecidos havia salvado um estranho na tarde desta segunda.
Assisti à matéria na terça, no SPTV, e apesar de reconhecer que quase todo bom herói do cotidiano busca a auto-promoção (ou senão não teria dado entrevistas à TV com aquele brilho no olhar de ‘eu salvei um cara’), há de se reconhecer que as pessoas agiram com solidariedade e bravura pouco vistas numa cidade tão maluca quanto São Paulo.
Fiquei emocionada (eu sempre choro com essas coisas, sou uma besta) e comecei a questionar o julgamento que eu costumo fazer das pessoas comuns. Poxa - tanta gente diferente junto, gente que normalmente a gente veria se xingando no trânsito, motoboys e motoristas de taxi, passageiros, pedestres - se unindo para impedir que uma pessoa numa situação extrema morresse. Se arriscando até, de certa forma, já que estava todo mundo no meio da enchente, com água na canela, para tirar alguém de dentro da água (e aparecer um pouquinho na TV, mas ok, isso eu posso perdoar).
Então o mundo tinha jeito. Não era nada daquilo que eu estava pensando. As coisas não estavam tão perdidas.
Mas aí, no fim da matéria, o Chico Pinheiro chamou o link no qual a repórter disse que, apesar de todas as manifestações fantásticas de solidariedade, a enfermeira que fez os primeiros-socorros em um dos rapazes que caiu na água voltou para o carro e não encontrou sua bolsa lá.
Respirei aliviada. Parece que o mundo estava voltando ao normal.
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Tags: enchentes, fim do mundo, são paulo, solidariedade, teste de honestidade, tragédias
Flavinha Reply:
November 27th, 2008 at 10:14 am
Quem tirou a calça foi o passageiro do táxi: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL874059-5605,00-TAXISTA+CONTA+COMO+SALVOU+HOMEM+QUE+CAIU+EM+CORREGO+EM+SP.html
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