09.12

2008
3:45 am

Fique longe da SPTrans enquanto puder

Postado em Brasil, Crônicas

Na segunda passada, 2, passou a valer a nova lei do telemarketing. Para quem tá por fora, basicamente o novo estatuto proíbe que babacas cometam com a gente boa parte dos abusos aos quais já estamos acostumados - inclua aí espera infinita na linha, milhões de transferências antes de conseguir falar com a pessoa certa, dificuldade ilimitada para cancelar e outras coisas - leia todos os detalhes aqui.

Devo confessar que eu acreditei. Sim, acreditei que era tudo verdade e que as empresas cumpririam a lei no primeiro dia. Sou partidária da segunda chance. Devemos dar a todas as pessoas (ou instituições) a oportunidade de mostrar que são capazes de se redimir de erros cometidos anteriormente.

Como sempre acontece comigo quando concedo o direito à segunda chance, fui decepcionada. As empresas de telemarketing não cumpriram as regras. E não estamos falando só das clássicas Telefônica e Tim, amigos: nem a Anatel se adequou.

É por isso que não deveria ter me surpreendido com a saga que enfrentei para conseguir tirar a segunda via do meu Bilhete em SP, na semana passada. O cartão paulistano, maneira usada pela empresa para me pagar o vale-transporte e que permite pegar até 3 ônibus em até 3 horas por apenas uma passagem (e mais um metrô ou trem por 1,20 cada), parou de funcionar na terça passada e a partir de então eu comecei a gastar 10 mangos por dia para ir e voltar do trabalho.

Na quinta retrasada, levei meu cartão ao guichê da SPTrans na Santa Cecília e uma mulher que claramente não havia sido treinada para a função me atendeu muito rapidamente, quase sem fila. Pena que ela não seguia procedimento nenhum e foi muito difícil estabelece rum diálogo com ela e tirar algumas dúvidas básicas. No meio da conversa, ela achou uma rachadura de meio centímetro na parte de baixo do meu cartão (que de tão mínina eu não tinha reparado), alegou que era esse o motivo do problema e que se o cartão quebra o usuário deve pagar uma taxa humilde de - por favor, segure-se na cadeira - DEZESSEIS REAIS E DEZ CENTAVOS, que para o meu alívio e praticidade, já eram descontados diretamente do saldo do cartão.

Nessa, ela já tinha me acusado de ter mentido que o cartão estava quebrado para não pagar a taxa. De cara feia e insinuando minha desonestidade, rabiscou um número num papel e disse que eu podia retirar meu Bilhete em qualquer ‘terminal’, ainda que não soubesse dizer onde estavam os terminais, só onde não estavam.

Na segunda, 2, sai de Santo André e antes de ir trabalhar fui até o Terminal Lapa tentar retirar meu cartão. FAIL. Um papel sulfite pendurado porcamente no vidrinho, por trás do qual não havia nenhuma atendente, informava SEM SISTEMA. Tinha gastado condução a mais para ir até lá (é MUITO longe da minha casa) e voltei de mãos abanando.

No dia seguinte, liguei para a SPTrans antes de sair de casa e confirmei que o sistema havia voltado e eu poderia ir sem medo. Cheguei na Lapa às 12h30, atrás de uma fila de umas 8 pessoas.

Meia hora de fila e a coisa não andou. Um passo sequer. E cara, se esperar sem pagar por isso já é horrível, imagine esperar pagando DEZESSEIS E DEZ $$$$.

Acabou que a atendente era muito lerda e não dava a mínima se a fila estava dobrando a esquina. E eu, que entro (entraria) no trabalho às 14h e estava sem celular para avisar do atraso (estava decidida a resolver aquilo, já que cada dia adiado eram menos 10 pilas no bolso), tive que pedir para que um tiozinho guardasse meu lugar e fui comprar cartão telefônico para ligar pro trabalho e dizer que atrasaria.

Só consegui ser atendida às 14h30. DUAS HORAS DEPOIS, NUMA FILA DE APENAS OITO PESSOAS. É o cúmulo, deveria ser proibido que um serviço público fosse tão moroso e imprestável.

E é por isso que eu não me surpreendo que a Anatel, uma instituição do Estado, não cumpra as regras estabelecidas pelo próprio Estado. É porque aqui nesse país as coisas de fato não funcionam na ordem que deveriam. Não há qualquer sinal de respeito com quem é cidadão (ou consumidor, como bem observa o Doni nesse post). E eu nem tenho esperanças de que seja diferente…

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1 comentário (Comente! Trackback)

  1. Madger
    09/12/08 | 6:43 pm | #

    Eu perdi meu bilhete (o meu é escolar) há uns tempos, não tive problemas pra tirar a segunda via, a taxa se eu não me engano eu não paguei (naõ eu não tenho certeza se paguei ou não, por que se paguei o valor foi debitado direto do valor que eu tinha no bilhete), em uma fila de umas 15 pessoas eu fiquei menos de 30 mins (porém, tinham duas atendentes atendendo), e aquele prazo de 15 dias pra pegar outro, foi mais curto peguei o meu com 10 dias, ali também peguei uma fila mas se fiquei 5 minutos foi muito, só que na lapa tem um negócio, dependendo do horário que você vai lá, tem apenas 1 atendente, e como todo lugar tem seus momentos de pico, eu sempre fui depois das 9 da noite e não tive esses problemas, mas reconheço que umas 6 da tarde aquilo está um caos inimaginável, chegando a ter mais de 15/20 pessoas na fila, e em alguns casos com apenas 1 atendente.

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