Conheça Marli, a Björk do agreste

Eu ponderei um pouco antes de veicular isso aqui. Pesquisei e descobri que é bem velho; ou seja, não estou falando de nada super novo e legal na internet. Além disso, é completamente trash e muito, muito perturbador.

Mas na possibilidade de alguns de vocês ainda desconhecerem a Marli, gostaria de fazer as honras.

Marli é doméstica de Ipirá, na Bahia, e seu talento para uma emulação trash com estética da fome da Björk foi descoberta pelo filho de seu patrão, que explica tudo detalhadamente aqui no FAQ do site da Marli.

Lembre-se: quando eu publico esse tipo de conteúdo, é só para garantir que você não se esqueça de que não é prudente duvidar das capacidades do ser humano. Reflita.

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January 16th, 2009 | 13 Comentários

Sem opção: como o sistema te obriga a fazer o mal

As próximas linhas, de certa forma, serão um desabafo. É que todas as coisas que tenho visto e pensado, nos últimos meses - e não foi coincidência, mas sincronicidade - me levam cada vez mais à certeza que viver nesse mundo é muito prejudicial pra você, se você for alguém preocupado com o bem estar alheio.

Pode parecer óbvio para as pessoas iluminadas - a gente aprende já na escola que o capitalismo é um sistema baseado na exploração de mão-de-obra - mas essa coisa só me atingiu, na totalidade, nas últimas semanas.

O negócio é que, se você vive nesse sistema, não basta ser alguém bom, que não faz o mal diretamente. Nada basta, porque viver em sociedade hoje é, direta e indiretamente, causar sofrimento a um monte de bichos e gente ao redor do mundo. E o que fazer a respeito disso?

Compre um carro e remonte, na sua cabeça, o caminho que todas aquelas toneladas de ferro e borracha percorreram para estar ali, e você vai perceber que houve países de terceiro mundo explorados, gente recebendo centavos pela extração de determinado commoditie e você, indiretamente, causando o mal (fora a poluição que vai gerar depois, mas nem entremos nesse mérito).

Compre um tênis e leia onde ele foi produzido. Dos R$300 que você pagou, a mão-obra-explorada tirou menos de R$2. E você só quer vestir um tênis legal e sair com os seus amigos.

Coma um belo bifinho, frito pela sua mãe com tanto amor, com arroz e fritas, e pergunte-se o quanto aquele boi sofreu pra carne estar ali. OK, e se não liga pros bichos, pense nos salários baixos e condições desumanas dos funcionários de matadouros.

E quando eu digo ‘pense’, cara, me desculpe. Não quero te deixar com a consciência pesada, porque apesar de ter culpa, você não tem. É só uma constatação de que estamos imersos em algo que nos obriga a provocar o mal, massivamente. E não há escolha. Porque você é um cara legal, que é educado com todo mundo, ajuda sua mãe em casa, dá um beijo na avó quando tá com vontade, tem vários amigos e só quer ter um tênis que achou bonito, comer a comida que acha gostosa, ter um carro legal. Não há nada de errado nisso na essência, e justamente por isso é assustador: a gente causa o mal sem sequer desejá-lo.

Comecei a pensar em alternativas, OK? Eu juro. Algo pro futuro, porque não é assim também - não vou virar hippie, e a história de Christopher McCandless é admirável, mas eu não tenho, nem de longe, essa iluminação espiritual, essa coragem e esse desprendimento. Só que eu não encontrei nenhuma saída viável. Pensei em ficar rica (muito rica) e comprar uma fazenda auto-sustentável, mas o mundo é tão babaca que a própria fazenda auto-sustentável demanda muito dinheiro, adquirido - veja só - fazendo mal para as pessoas indiretamente. O caminho até ficar rica é cruel, sem mencionar que não é algo que eu possa simplesmente fazer acontecer. Nada garante que eu vá ficar rica.

Olha, nem penso nas obviedades. Viver sem iPod, sem internet - isso seria o de menos, sério. Estive pensando que, com a cabeça ocupada em tirar leite da vaca, regar horta e essas coisas de gente sustentável, que precisa produzir seu próprio alimento, nem teria tempo para internet. Mas se fosse para abdicar completamente da civilização, isso significaria excluir remédios.

E eu não tô disposta a voltar ao século XIII e morrer com uma infecção idiota provocada, sei lá, por uma picada de pernilongo que coçou demais, só porque não havia antibiótico. Sem mencionar a facilidade proporcionada pela invenção do absorvente, e isso seria impossível de abdicar.

Eu não posso escolher viver totalmente fora disso. Não sendo radical, é possível viver uma vida menos dependente dos bens de consumo, sim. Mas acho que se você pode ter um papel higiênico, vai poder ter também lenços de papel. Daí vai comprar papel toalha, uma privada, vai precisar ter água encanada, luz… e aí, meu amigo, ferrou.

Fico pensando que poderia tentar viver numa comunidade indígena, abdicar dos meus hábitos de civilizada e começar uma nova vida. Mas esses índios de hoje estão muito integrados na sociedade, né? Acho que não seria, ainda, o ideal.

Como eu disse no começo, é um desabafo diante da minha impotência e do duplipensar. Porquê se de um lado eu estou extremamente insatisfeita com o que o estilo de vida que eu levo causa no mundo, de outro eu não vejo compensação prática em abandonar todo o conforto que ele me proporciona - exceto, é claro, o meu karma, que vai ficar muuuito mais leve (pra quem acredita nessas coisas).

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O texto pode soar demagogo, e até ingênuo, mas juro que é sincero. Foi escrito numa tacada só há cerca de um mês, mas não tive coragem de publicar na ocasião. Achei legal soltar hoje, porque reli e achei que é provavelmente uma das coisas mais automáticas que eu já escrevi, quase uma psicografia (só que não de terceiros).

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January 15th, 2009 | 8 Comentários

Direito de resposta: Camelo conta como conheceu Mallu

Às vezes me sinto mal de ficar dando minha opinião velha e conservadora sobre Mallu + Camelo. É porque no fundo tem algo nela com que me identifico - provavelmente o cabelo. Nas outras horas, quando vejo que ela tá se tornando uma pessoa esquisita, não me sinto mal, não. No final, gosto da Mallu cantando e gosto de algumas músicas dela, mas tornou-se insuportável vê-la falar sobre qualquer coisa, e isso é assustador, porque ela costumava ser normal - meio tímida, ok, mas normal.

Mas já que eu já argumentei tanto por esse lado, olha o outro aqui: o próprio Camelo explica como conheceu Mallu Magalhães.

Comentários não se fazem necessários.

(Vi no blog do Ian)

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January 14th, 2009 | 11 Comentários

Tô com muito sono

Significa que vou mais cedo pra cama, e não vou escrever. Daí eu durmo mais, afinal o limite é entre 8h30 e 9h, quando as marteladas começam. Mas já que você veio, vê o Fábio Porchat fazendo stand-up no Altas Horas e começa bem o seu dia (ou termina bem a noite, sei lá):

Esse negócio de stand-up já tá mó batido, mas os caras bons são sempre bons. E esse é provavelmente um dos únicos caras que eu chamaria de histericamente engraçado. Nervoso e desesperado e engraçado.

(Diga da Gi)

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January 14th, 2009 | Comente

Rave de Jesus é coisa do passado: veja a rave da Eloá!

Há quem se surpreenda com a rave pra Jesus. Mas esse tipo de comemoração já tá fora de moda. O negócio agora é rave da Eloá!

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Segundo informa o Bruno nesse link do Limão, a festa - chamada ‘Balada de Responsa’ é organizada por um fulano com o delicado nome de Andre Kaveira, que comanda uma ONG no Pará.

O objetivo, de acordo com a organização, é conscientizar os jovens para a doação de orgãos. A festa rola nesse dia 13 (desculpe avisar tão em cima, leitor Paraense!) e conta com as presenças imperdíveis da banda de pagode Jeito Inocente, da DJ Sainha e, como destaque, traz Serguei (SIM, ELE) e a Mulher-Filé pra animar a galera. Na verdade, as atrações são dezenas - confira a lista completa e vomite aqui.

Eu achei os convites bem apropriados porque se tem alguém que entende de doação essas pessoas são o Serguei (que é pansexual) e a Mulher Filé.

Eu poderia passar parágrafos criticando a bizarrice de um evento que usa a imagem de uma menina que morreu associada à doação de orgãos para angariar patrocínio - ainda mais sob a fachada de que é um evento beneficente, de conscientização. Sim, porque todos esses músicos produzem letras cheias de mensagens muito ricas. Toda a volúpia e sensualidade das gostosas que se apresentarão também contribuirão, muito certamente, para que o público do evento - especialmente o masculino - reflita e se mobilize para a importância da causa de doação de orgãos. E quer um ambiente melhor para se conscientizar e mobilizar jovens do que show de pagode e funk? Como ninguém nunca pensou nisso antes?

Mas não vou fazer nada disso, porque a própria mãe da Menina Eloá de Santo André apóia o evento. E se ela apóia, quem sou eu pra falar alguma coisa, né?

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January 13th, 2009 | 8 Comentários

Alucinando sem drogas: técnicas estúpidas e não tão estúpidas

Sabe esses papos místicos de que a gente só usa uma porcentagem pequena do cérebro, e que o potencial do ser humano é ilimitado, O Segredo e todas essas baboseiras?

Pode ser tudo mentira pra vender livro, é verdade. Mas que nossa cabeça tem umas peculiaridades desconhecidas, isso é inegável. Uma grande prova disso, por exemplo, é o efeito placebo. Ou então, a possibilidade de provocar efeitos semelhantes ao de drogas apenas com exercícios de meditação ou respiração. É que o cérebro mesmo sintetiza muitas substâncias que são fundamentais pro nosso corpo e ao mesmo tempo têm a estrutura molecular muito semelhante a alguns alucinógenos.

Quando eu era mais nova, tinha uns amigos muito idiotas que faziam uma parada meio perigosa mas que, segundo eles, dava um barato. Uma mistura de respiração rápida com pressão contra a artéria que leva sangue ao cérebro e um movimento brusco fazia com que eles tivessem umas tonturas.

Eu nunca entendi porque alguém deliberadamente privaria seu cérebro de oxigênio só pra se sentir levemente quase desmaiando (e pior, achasse isso legal), mas já que essas pessoas existem, compilei um guia de atividades lícitas e perfeitamente legais que são capazes de te fazer atingir algum grau de… grau, como se diz por aqui. Algumas são idiotas e servem para mostrar que tem gente capaz de tudo no mundo; outras são saudáveis e podem ser aplicadas no dia-a-dia.

Não testei todos os métodos e e não me responsabilizo pelos resultados atingidos com nenhum deles, nem incentivo que qualquer pessoa faça essas coisas. Os textos são relatos de experiências que eu li em sites ou que eu sei que os jovens costumam colocar em prática em busca de estados alterados de consciência, mas não incentivam nada, o que é perceptível pelos adjetivos carinhosos que uso ao me referir aos praticantes de certas técnicas.

I-Doser e similares

I-doser

Esse é famoso. Programas como Brainwave e I-Doser prometem regular sua frequência cerebral e colocá-lo, através de ruídos incompreensíveis, em um estado de consciência semelhante ao provocado pelo uso de várias drogas. Eles também oferecem doses que prometem sensações genéricas, desassociadas de drogas, tipo ’sonho lúcido’, ‘criatividade’ e coisas assim.

Como? Basta ter um computador (ou iPhone/iPod Touch) e baixar os softwares, normalmente pagos.

Funciona? Não comigo, mas tem gente que jura que sim. Mas garanto que serve se você tiver insônia, porque o chiado dá um sono do cacete. É tipo assistir a TV quando ela tá cheia de chuviscos. O barulhinho é bom pra dormir.

Tampe a respiração e quase morra

breath

Esse link, do rizoma.net, é antigo e inspirou o post (há muito tempo, mas venho adiando). E nele há, entre outras, uma técnica estúpida e aparentemente efetiva de sentir os mesmos efeitos de delirantes como o Absinto, a Beladona e o Lírio. De acordo com o autor, “se você tem qualquer problema psíquico, respiratório ou circulatório, não faça, jamais, uso desta técnica.”

Como? Sente-se num lugar confortável, de preferência uma cama, em que você possa cair sem se machucar. Mantenha a mente vazia e tampe a respiração, a boca, as narinas. Tampe. E siga tampando. E tampando. E tampando. Até quase sufocar, daí você solta. E cai.

Funciona? Porra, sei lá. Jamais tentaria uma idiotice dessas - sei o que é ter falta de ar, sofria de brônquite quando era criança e acho que seria meio idiota provocar deliberadamente algo com que sofri tanto no passado. Mas seguindo a linha de que, po, seu cérebro ficará desoxigenado, deve funcionar. Não sem o risco de que você fique permanentemente retardado no processo.

A técnica mista do ápice da cretinice

ihihi

Procurei ‘cretino’ no Google e achei isso

Não saberia nomear de outro jeito. Combinando a falta de ar com o movimento brusco (que provoca tontura) e a privação de sangue pro cérebro, as pessoas dizem sentir barato. Mas pode sair caro: já vi estúpidos desmaiando e há lendas de gente que ficou com sequelas permanentes.

Como? Meus amigos faziam assim: agaixados, de cócoras, forçavam por uns 30 segundos uma respiração curta e ofegante. Daí pediam pra alguém pressionar um pouco aquela veia que sobe pelo pescoço e leva sangue pro cérebro, e no fim disso se levantavam rapidamente.

Funciona? Se por ‘funciona’ você entende ‘te priva de sangue e oxigênio do cérebro e pode te causar coma’, então sim.

Alucinando com bolas de ping-pong nos olhos

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Genial. Vi aqui. Usando um rádio quebrado, uma cama confortável, fita adesiva e duas bolinhas de ping-pong, alguns malucos juram que você vai ser capaz de ver cavalos voadores.

Como? Deite-se confortavelmente e coloque o rádio numa estação que não funciona (ou seja, improvise o i-Doser). Ouvindo os chiados, grude com fita adesiva as duas bolas de ping-pong nos seus olhos (isso. É, isso mesmo.) Você deve começar a sentir as distorções sensoriais em minutos. As alucinações seriam tanto auditivas quanto visuais.

Funciona? Não sei, mas o Boston Globe parece confiável. É mais provável que eu esteja te zuando, pra que você seja pego por alguém ouvindo um chiado no rádio e com duas bolinhas de ping-pong grudadas no olho, uma situação tão constrangedora que é provavelmente mais difícil de de explicar do que se você fosse pego usando drogas. Então boa sorte.

Tenha um problema no estômago e faça uma endoscopia

endoscopia

Eu fiz endoscopia e vi a luz. Vi a luz, ouvi vozes ao longe, fiquei num estado entre o sonho e a realidade e tive visões reais dos soldados da corte inglesa. Não sei que anestesia eles dão pra desacordar o paciente e não consegui descobrir no Google, mas foi divertido. E esse item foge à regra, porque você usa sim uma droga pra ficar daquele jeito - mas eu resolvi colocar, porque é provavelmente a única vez em que um médico vai me receitar algo que me leve até os soldados da corte inglesa.

Como? Acho que a maioria das pessoas hoje tem problemas no estômago, né? Todo mundo come tanta tranqueira… basicamente, é só ter uma endoscopia receitada pelo seu gastroenterologista de confiança.

Funciona? O quê, a endoscopia? Sim, detectaram com sucesso uma gastrite leve. O efeito-brisa? Funciona, certamente. Ma tem gente que capota e não lembra de nada. E você dorme umas 15 horas depois disso. E não consegue andar, dirigir e nem fazer nada. Na verdade, é uma sensação meio lobotômica…

Meditação, yoga e essas coisas

meditacao

Finalmente uma técnica saudável e recomendável. Esvaziar a cabeça e se deixar levar para o estado alpha deve ser a maneira mais bonita e saudável de expandir sua consciência. Você fica mais criativo, sensível e calmo. Contribui para a fixação do aprendizado no dia-a-dia, faz com que você lide melhor com as pessoas e situações do dia-a-dia e te torna uma pessoa melhor.

Como? Existem várias técnicas. Eu faço esvaziando a cabeça, usando música calma, incenso, posição confortável (de preferência em lótus, porque alinha os chakras) e alguma disciplina e concentração (muita, pra uma pessoa hiperativa como eu). O desafio está em não dormir e manter-se nesse estado intermediário sem passar para o outro lado (o do sono definitivo).

Funciona? Sim! É como quando você fica meio desperto e meio cochilando, mas não está fazendo nenhum dos dois. É um estado mental leve e etéreo, e normalmente desperta idéias criativas e insights divertidos, além de recarregar as energias de um dia estressante com facilidade.

Outras dicas

Usei como fonte de pesquisa e inspiração pra esse post principalmente esse link, já mencionado, no Rizoma.net, e o link ‘Hackeando seu cérebro’, do Boston Globe. Eles trazem outras dicas de respiração e ilusões de ótica que enganam o cérebro e trazem sensações bizarras sem o uso de drogas e sem a possibilidade de ter que vender a TV de casa para pagar o traficante.

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January 13th, 2009 | 11 Comentários
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