Eu acho muito babaca quando, na mesa de bar, os homens começam a fazer aquelas perguntas-estereótipo pra puxar assunto e fingir interesse e total incompreensão do ó-tão-misterioso universo feminino.
Mas até aí ok, o que dá pra responder a gente responde. Posso falar de TPM e de cólica com alguma propriedade, então qualquer pergunta relacionada a isso será sempre respondida por mim. Posso falar de “não gostar de futebol” (e aqui me encaixo um pouco no estereótipo: não gosto mesmo, acho chato, apesar de entender as regras), e fujo do padrão no quesito “mulher que não sabe dirigir”, porque minha balisa detona a de vários amigos homens.
Mas se tem um negócio que eu nunca soube responder e sempre fiquei constrangida quando me perguntaram foi o seguinte: porque mulher vai em bando ao banheiro?
Eu não sei responder isso porque se teve algo que sempre me deixou encafifada foi essa necessidade das minhas companheiras de irem ao banheiro acompanhadas. Eu nunca pude compreender. No começo, quando pediam companhia, eu não negava, com medo de parecer antipática. Nessa época, no início da adolescência, a coisa era pior - a gente tinha que ir ao banheiro juntas e de braços dados. E contestar isso parecia ser realmente perigoso.
Parece que lá dentro (do banheiro) o código social permitia que os braços fossem ‘desatados’ (ufa), mas andar de ‘braços dados’ é uma outra coisa que sempre me deu vergonha-alheia-própria. É isso - se tem duas coisas femininas que sempre me deram vergonha alheia própria, são ir ao banheiro acompanhada e andar de braços dados no colégio.
Felizmente, a gente cresce e andar de braços dados fica realmente ridículo. Mas ir ao banheiro acompanhada das amigas, não. Passada a fase da necessidade de aceitação, eu comecei a contestar o costume. E questionar algumas amigas adeptas sobre o hábito. Nunca me esquecerei de uma das respostas:
“Ah, eu chamo pra ir junto no banheiro pra não interromper a conversa no meio”.
Péra lá, analisemos. Primeiro que, ao interromper para dizer “ah, vamos no banheiro?”, você já corta a conversa no meio. Segundo que não tem problema nenhum em cortar a tal da conversa no meio e continuar depois, todo mundo vai concordar comigo que isso é algo muito normal e que ninguém morre quando faz algo assim. Terceiro que - po, poucas coisas são mais constrangedoras do que conversar com alguém enquanto você faz xixi. Ou enquanto o ‘alguém’ faz xixi.
Não sei se sou só eu que me sinto assim, ok? Mas bater papo no banheiro demanda ao mesmo tempo uma concentração e desprendimento incríveis. Você precisa conversar com a pessoa e tentar, ao mesmo tempo, ignorar o fato de que naquela momento ela está concentrada num ato muito pessoal. Acontece que o tempo todo você é lembrada disso em função do barulho que é emitido quanto o jato do xixi entra em contato com a água da privada. A partir desse som, existem uma série de questões filosóficas e escatológicas que surgirão na sua mente naquele momento, mas que você PRECISA IGNORAR se quiser manter a conversa civilizada e não sair do banheiro gritando EU NÃO CONSIGO FAZER ISSO!
Possíveis motivos para ir no banheiro em grupo e suas contestações: retocar maquiagem? Você é capaz de fazer isso sozinha, com a ajuda de um espelho. Falar algo que você não quer que os outros escutem? Na boa, deixe pra depois. Isso é rude. Você precisa de um absorvente? Fale baixinho e peça fora do banheiro, que aí é um dos poucos motivos que justificam. Já houve casos - acreditem - em que amigas se ofereceram como ‘apoio’ durante o ato, já que no banheiro em questão não havia onde se segurar e o estado do assento era impraticável. Eu neguei e me virei pra fazer xixi em pé e dentro do vaso, porque se alguém tiver que me ajudar a ir no banheiro antes dos 70 anos, tem algo de errado comigo.
Eu espero que não seja a única. Fiquei muito feliz quando conheci uma menina que pensava do mesmo jeito, porque antes disso me sentia muito sozinha nesse mundo de mulheres acompanhadas pelos banheiros. Mas é sincero: eu não entendo. Meus cromossomos são claramente XX no meu gosto por novelas, no meu ódio por esportes e no que eu sinto quando coloco um chocolate na boca, mas se tem uma parte em que meus cromossomos não são XX, essa parte é a que envolve a compreensão do ‘ir ao banheiro em bando’.
Não existe essa de “mulher vai junto no banheiro pra fofocar”. Todo mundo fofoca - homem e mulher. E nenhum dos dois precisa do banheiro pra fazer isso. Eu nunca vou compreender a questão, e sempre vou passar por antipática quando algumas amigas, as adeptas de frequentar o banheiro em bando, disserem “vamos no banheiro” e eu fingir desinteresse e disser “vai lá”. Mas pelo menos vou evitar o constrangimento. Todos eles. E isso tudo considerando que todo mundo só faz xixi na vida - o que nós sabemos muito bem que não é verdade.
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Tags: banheiro feminino, banheiro feminino em bando, como atrair mulheres, constragimento, constrangimento, marido e mulher, mistério
Rubens Reply:
February 5th, 2009 at 12:05 pm
Vá lavar uma louça e pare de trolar, zé mané.
Responder
Sergio Reply:
February 5th, 2009 at 3:27 pm
Subscrevo o tal Avaliador: qta babaquice extrema… (com direito a tropa de choque)
Responder