O Panamá não é, como você já percebeu a essa altura da sua vida, o que se pode chamar de POTÊNCIA EXPORTADORA DE TALENTOS MUSICAIS. E apesar de a maioria do que toca aqui ser importado da Colômbia e do México, o Panamá tem sim sua produção musical própria. Por assim dizer.
Só que o que eu devo mencionar é que boa parte é reggaeton e música típíca. O reggaeton é, bem, reggaeton. O que mais tem tocado é de um cara chamado Mr. Saik e chama “Que Xopá?” Dá uma olhada e tente, em seguida, tirar da sua cabeça o trecho “Quiero una sapatilla, papi!”
Agora imagine viver em um lugar em que isso é tocado à exaustão, cantarolado pelas pessoas na rua, trilha sonora ambiente de lojas no shopping. É ‘sapatilla’ o dia inteiro. “Que xopá?” - pronuncia-se ‘sopá’ -, como informa minha madrasta boa, versada em cultura popular panamenha, é tipo uma maneira malandra de dizer “QUE PASÓ”. É que eles invertem as sílabas. É como uma gíria pra “QUE QUE TÁ PEGANO”, aparentemente. A música fala, como 75% de toda a música popular produzida ao redor do globo, de uma mulher que fica pedindo pra que o namorado lhe compre tudo.
Vamos, agora, à música típica. Pra nós, brasileiros, ela não é nada surpreendente. Parece muito com o nosso brega, com a música Paraense, tem elementos do baião, do forró. Ó:
É possível prever que uma versão em castellano daquela “Quero não, posso não, minha mulher não deixa não” venderia milhões aqui. Milhões é modo de dizer, mas enfim. Algo como “No voy, quiero no, puedo no, mi mujer no me deja no”. Aqui estou eu, mais uma vez, provando porque sou pobre: quando tenho boas ideias, dou-as de lambuja a gente desconhecida.
Tem outro tipo de música típica que envolve, basicamente, crianças cantando de maneira completamente desafinada tentando se aproximar de música flamenca e acordeons. Tem até um programa que é tipo um Panamanian Idol infantil, onde essas crianças competem pra ver quem canta melhor. Só que todos são horríveis, então não entendo os critérios… ah, o chapéu é uma coisa típica do interior panamenho. Não é o chapéu Panamá que eles usam na roça, é esse aí do vídeo:
CONTUDO, há também coisas bem legais sendo feitas aqui. A minha preferida se chama Cienfue, e faz algo entre rock e folcore típico, mas não tem nada a ver com, sei lá, Cordel do Fogo Encantado. Ou Teatro Mágico, graças a deus. “La Dércima Tercera”, uma das mais legais, foi gravada em Panamá La Vieja, um lugar que eu visitei e cujas fotos até postei no Flickr:
No site do Cienfue tem os discos deles pra baixar na faixa. Nem todas as músicas são boas, mas tem umas bem legais, inclusive instrumentais. Outra boa, chamada “Isla Del Diablo”:
Aparentemente, a única coisa que o reggaeton, a música típica e o rock panamenho têm em comum são o baixo orçamento na produção de videoclipes.
E falando nessa coisa de fazer música misturando elementos latinos, no Brasil a gente não faz isso tanto quanto poderia, né? Digo, misturar elementos próprios da cultura brasileira - tipo o samba, o baião, o funk carioca - com música pop ou rock. Quando é feito, se não é MUITO DILUÍDO não entra nas PARADAS DE SUCESSO. E isso não acontece no resto da América Latina. Na Colômbia tem um cara chamado Juanes, que aliás já ganhou mais de um Grammy (ele é famosão lá. É tipo a Shakira homem) que toca pop rock com uma guitarrinha latina. Se liga:
E não é ruim, manja? Eu seria feliz em um país com música pop assim. Ok que o tal do Juanes também tem outras coisas meio ruins no repertório, mas não dá pra esperar perfeição, de todo modo. Melhor que Jota Quest e Luan Santana.
Ana Freitas says:
A música panamenha (é, ela existe. E tem umas coisas boas até) http://olhometro.com/2011/02/10/e-a-musica-panamenha/
Amanda buttler says:
Ana eu AMEI MUITO esse RAGATON do Mr. Saik, ctz vou achar uns sons dele hihihi
=*****
Ricardo says:
Jesus amado eu já não curto um nacional, imagine música panamenha.
De qualquer maneira muito bom post falando da música de lá.
Lívia Oliveira says:
mr saik vai virar hit aqui