Texto um pouco grande pros padrões do blog, mas lá vai. É pra promoção do Blog do Becher, chamada Pen Drive do Senhor. Fazia um tempão que não escrevia ficção. Ficou meio viagem, mas foi meio cuspido, tipo… automatismo psíquico. Então valeu. Lembrando qu as pérolas da heresia podem ser encontradas em Jesus, me chicoteia. Lembrando também que eu não acredito nem desacredito em Deus. Só acho que, se ele existir, cooom certeza é um cara muito bem humorado e que sabe rir de si mesmo. =)
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Dois mil anos tinham se passado e, se ele fosse sincero consigo mesmo, admitiria que pouca coisa tinha mudado. Ele tinha avisado o Cara que esse negócio de morrer pelos outros não tinha nada a ver. No começo, Jay C tentou dissuadí-lo. Achou que era só sadismo. Pregos nos punhos e nas canelas? Chicotadas? Caregar uma cruz morro acima? Pô. Ele era gente fina. Não tinha nada a ver ele pagar pelo pecado dos outros.
No fim, como ele não tinha muita opção, veio e tocou o puteiro - como ele gostava de dizer. Arranjou 12 puxa-sacos pra pagar pau pra ele e ficar dizendo por aí o quanto ele era foda. Aí, ele saía fazendo mágica: água em vinho era o preferido da galera dos butecos de Jerusalém, mas o lance de andar na água também era um dos mais pedidos. Daí ele operava os milagres e os discípulos saiam contando pra todo mundo. O papel dos 12 otár…, digo, apóstolos, era fundamental, já que naquela época a internet banda larga ainda tava sendo prototipada pelo setor de comunicações e tecnologia do paraíso e, pra galera se comunicar na Terra, só no boca-a-boca mesmo.
Só que o Cara queria que ele voltassee pra cá. Ele dizia que ia resolver alguma coisa, mas Jay C sabia que era só mais um lance de sadismo e tal. O Cara gosta de ver a reação dos humanos a esse tipo de coisa extraordinária. Ele diz que eles ficam pateticamente mais emotivos durante um período limitado de tempo. Fica se divertindo com as manifestações de alegria. Mais uma prova de que é tudo sadismo.
Ele ainda não sabia direito como morreria desta vez, mas o Cara tinha comentado que teria algo a ver com ele descobrindo uma maneira infalível e super simples de destravar o iPhone e ser perseguido por isso.
Jay C chegou aqui tímido. Pensou em ir a uns programas de TV, fazer parcerias com rappers de nomes parecidos e tal, pra divulgar e conseguir os outros 12 otários pra ajudá-lo na propagação d’A Palavra. Mas ouviu dizer que, se fizesse isso, não seria levado a sério (soube até de um tal de Inri Cristo, que ele jurava que não tinha nada a ver com ele, porquê aquele sotaque Aramaico era tãão out).
Em suas andanças (“não tinha medo tal João de Santo Cristo…”), Jay C acabou conhecendo uma galera que batia uma bola todo fim de semana no society do bairro. Como tinha um goleiro reserva eram 12 caras, e já que já tava todo mundo ali mesmo (e Jay C já tinha passado da sétima lata de Skol), ele acendeu um cigarro, disse que considerava muito todo mundo e que ficaria regozijado se eles pudessem ser os discípulos dele. Apóstolos ele achou estranho falar, porquê ninguém mais usava essa palavra hoje em dia. Ele queria se modernizar. Achava que era necessário para atingir as camada mais jovens - chegou até a pensar numa reunião com o Turco-Loco.
Bem, quanto ao convite, todo mundo aceitou, claro, porquê esse negócio de não aceitar Jay C sempre deu muito problema no Velho Testamento. Jay C ficou feliz bagaray (regozijado) e resolveu começar a operar a milagrada, pra ver se a galera ficava sabendo dele. O meia-esquerda sugeriu uma puta estratégia pro Jay C, um lance que envolvia blog+last.fm+twitter, imbatível. O centro-avante se comprometeu a postar todo dia e manter as relações na blogosfera saudáveis, pra galera linkar o Jay C e tal.
Dia desses, Jay C tava em casa ouvindo o CD novo do Nine Inch Nails (ele é fã) e resolveu dar uma pesquisada nas letras. Descobriu que os caras da banda tinham tido uma puta idéia de divulgação: colocar as músicas em pen-drives e largá-los por aí. “É isso!”, pensou Jay C. A estratégia, combinada com mensagens meio misteriosas em lugares bizarros, formou um grande viral. Era isso que ele ia fazer.
Jay C dispensou os discípulos e resolveu comprar 12 pen-drives para substituí-los na propagação d’A palavra (muito mais eficientes, aliás). Hoje, ele paga para colocar frases misteriosas e indecifráveis em outdoors vermelhos (tipo “A TELEVISÃO É A IMAGEM DA BESTA”, ou “TERRA FERIDA, CANAL DENTE DÓI CORPO REAGE” e “Cabelos Neve Médio Rosto JESUS Uma Olhos Azuis Luz”) enquanto espera que alguém ache um dos 12 Pen-Drives, leia o outdoor, junte as duas mensagens e entenda o que ele quis dizer. Ele não entende, contudo, porque só deu certo com o Nine Inch Nails.
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Imagens do Google Images. Nunca tirei uma fotos desses outdoors porquê sempre passo de carro e nunca tá trânsito ali na Bara Funda onde tem um. Mas amigos da internet já tiveram a idéia.
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Tags: apóstolos, blog do becher, discípulos, jesus, os 12 pen drives, Pen Drive do Senhor
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