Todo mundo tem aquelas aspirações impossíveis. Aposto que cada um de vocês já desejou poder voar. Ou ser do tamanho de uma mosca. Enxergar através das paredes também é greatest hit das coisas que a gente quer fazer mas não pode.
Mas não há nenhum ‘aspiração impossível’ tão desejada quanto a invisibilidade. Ser invisível é sublimação do ver sem ser visto. Nós vemos tudo o tempo todo, mas não vemos tanto e de tão perto quanto gostaríamos porque podemos ser vistos - e isso nos incomoda. O pudor, o medo de ser considerado enxerido é o que poda nossa bisbilhotice natural. Dizem que ser voyeur é parte da natureza do ser humano. Não é à toa que o Big Brother faz tanto sucesso.
Mas tem outro jeito de ser invisível. E ele não envolve nenhum kit do E-bay.
Tem gente que é invisível por opção. Adota a invisibilidade como estilo de vida. Você deve conhecer várias pessoas invisíveis - elas estão por toda a parte, mesmo que você não as note (até porquê elas são invisíveis).
Flagra exclusivo de uma pessoa invisível
O invisível é o João, o José, o Carlos, o Mário (que mario?). O invisível não se destaca. Ele não tem nenhuma característica peculiar. Não é nem muito feliz, nem muito triste, também. O invisível não é um cara engraçado, mas não chega a ser mau-humorado. Ele não é brilhante, nem tampouco chega a ser um cara burro. O invisível não tem nenhum amigo mais próximo - ele é amigo de todos, mas naquele nível superficial da ‘coleguice’. No máximo, se aproxima mais de outros invisíveis. Eles se atraem.
O invisível não gosta de música e, por isso, gosta de todas elas. O invisível não se veste mal… mas também não se veste bem, sabe? O perfume dele não chega a incomodar, mas não te atrai. Ele não fala muito, mas quando fala, não se aprofunda. Fica ali, passeando pelo Faustão, pelo RBD, pela Mulher Melancia e pelo jogo de domingo, pelas piadinhas prontas e já batidas. O invisível não é um cara mal-educado. Mas também não é exatamente simpático.
Uma pessoa invisível não muda sua vida, nem pro bem e nem pro mal. A existência e a inexistência dela, do ponto de vista social, são absolutamente idênticas.
Alguns podem argumentar que o caminho do meio é sempre sábio. Mas eu devo discordar em casos… invisíveis. Se tem algo nessa vida que eu não quero é passar despercebida. E se tem algo que não posso entender é que alguém busque essa tão indesejável neutralidade em todos os campos. E se acomode nela.
É por isso que eu publiquei esse ‘manifesto’. Diga NÃO à invisibilidade. Vamos nos destacar. Vamos ser expressivos e intensos. Se é pra fazer bem, faça muito bem. Se é pra ser sacana, seja muito sacana. Rejeite o ‘mais ou menos’, o equilíbrio, o ‘tons de cinza’ quanto de trata de lidar com outras pessoas. Garanta que as pessoas vão se lembrar de você - ou por ser muito mala, ou por ter um cheiro muito estranho ou por ter uma mochila legal. Mas não seja só mais um.
*Existe um outro tipo de pessoa invisível. São os invisíveis à sociedade. Mas como não estou na vibe da crítica social, falo delas numa outra vez.
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Tags: gente sem sal, manifesto, pessoas invisíveis
Wynn Reply:
May 5th, 2009 at 5:27 pm
Sua descrição “porque eu tentava dentro do possível tratar todo mundo bem e costumar ter papo com todo tipo de gente” bate exatamente com o que você descreveu anteriormente como comportamento de pessoas invisíveis: “O invisível não tem nenhum amigo mais próximo - ele é amigo de todos, mas naquele nível superficial da ‘coleguice’,”
Ou seja, seu argumento não faz sentido, ou você não é tão visível como pensa ser. Na verdade, o que torna alguém visível ou invisível _para você_ são coisas que chamam a _sua_ atençào, e portanto, algo particular e subjetivo para cada um. Compartilho seu problema de achar poucas pessoas interessantes nesse mundo, mas acho seu argumento completamente furado. Certamente as pessoas que você considera invisíveis se acham perfeitamente visíveis e acabam sendo importantes para alguém, ainda que elas nem saibam.
Sim existe mediocridade, mas ela não é opcional. Gado nasce e morre gado. Welcome to the jungle.
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Ana Freitas Reply:
May 5th, 2009 at 5:29 pm
Você tem razão. Não consegui me expressar muito bem nesse texto, embora mantenha minha opinião. Escrito desse jeito, ele conflita com minhas idéias no texto da Susan Boyle. Mas é que eu sou bem contraditória e não vejo contradição nisso. =)
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