13.08

2008
5:04 am

Pessoas invisíveis: diga não a essa tendência!

Postado em Crônicas

Todo mundo tem aquelas aspirações impossíveis. Aposto que cada um de vocês já desejou poder voar. Ou ser do tamanho de uma mosca. Enxergar através das paredes também é greatest hit das coisas que a gente quer fazer mas não pode.

Mas não há nenhum ‘aspiração impossível’ tão desejada quanto a invisibilidade. Ser invisível é sublimação do ver sem ser visto. Nós vemos tudo o tempo todo, mas não vemos tanto e de tão perto quanto gostaríamos porque podemos ser vistos - e isso nos incomoda. O pudor, o medo de ser considerado enxerido é o que poda nossa bisbilhotice natural. Dizem que ser voyeur é parte da natureza do ser humano. Não é à toa que o Big Brother faz tanto sucesso.

Mas tem outro jeito de ser invisível. E ele não envolve nenhum kit do E-bay.

Tem gente que é invisível por opção. Adota a invisibilidade como estilo de vida. Você deve conhecer várias pessoas invisíveis - elas estão por toda a parte, mesmo que você não as note (até porquê elas são invisíveis).


Flagra exclusivo de uma pessoa invisível

O invisível é o João, o José, o Carlos, o Mário (que mario?). O invisível não se destaca. Ele não tem nenhuma característica peculiar. Não é nem muito feliz, nem muito triste, também. O invisível não é um cara engraçado, mas não chega a ser mau-humorado. Ele não é brilhante, nem tampouco chega a ser um cara burro. O invisível não tem nenhum amigo mais próximo - ele é amigo de todos, mas naquele nível superficial da ‘coleguice’. No máximo, se aproxima mais de outros invisíveis. Eles se atraem.

O invisível não gosta de música e, por isso, gosta de todas elas. O invisível não se veste mal… mas também não se veste bem, sabe? O perfume dele não chega a incomodar, mas não te atrai. Ele não fala muito, mas quando fala, não se aprofunda. Fica ali, passeando pelo Faustão, pelo RBD, pela Mulher Melancia e pelo jogo de domingo, pelas piadinhas prontas e já batidas. O invisível não é um cara mal-educado. Mas também não é exatamente simpático.

Uma pessoa invisível não muda sua vida, nem pro bem e nem pro mal. A existência e a inexistência dela, do ponto de vista social, são absolutamente idênticas.

Alguns podem argumentar que o caminho do meio é sempre sábio. Mas eu devo discordar em casos… invisíveis. Se tem algo nessa vida que eu não quero é passar despercebida. E se tem algo que não posso entender é que alguém busque essa tão indesejável neutralidade em todos os campos. E se acomode nela.

É por isso que eu publiquei esse ‘manifesto’. Diga NÃO à invisibilidade. Vamos nos destacar. Vamos ser expressivos e intensos. Se é pra fazer bem, faça muito bem. Se é pra ser sacana, seja muito sacana. Rejeite o ‘mais ou menos’, o equilíbrio, o ‘tons de cinza’ quanto de trata de lidar com outras pessoas. Garanta que as pessoas vão se lembrar de você - ou por ser muito mala, ou por ter um cheiro muito estranho ou por ter uma mochila legal. Mas não seja só mais um.

*Existe um outro tipo de pessoa invisível. São os invisíveis à sociedade. Mas como não estou na vibe da crítica social, falo delas numa outra vez.

Posts relacionados

» Gostou? Assine o feed RSS do blog. Não sabe o que é isso? Clique aqui!

» Receba as atualizações por e-mail!

» Entre na comunidade do Olhômetro no orkut!

Tags: , ,

18 comentários (Comente! Trackback)

  1. Lannes
    13/08/08 | 10:24 am | #

    MUITO BOM teu texto.
    Perfeito. Descreveu muito bem os invisiveis…
    Meu pai sempre me falou pra nao ser uma invisivel..!
    “Nem melhor,nem pior, apenas dferente.”

    Acho que é por isso que to indo pros EUA. hahahaha
    Vou pra trabalhar e estudar…. Au Pair…(baby ‘sister’)

    É isso! =D

    Responder

  1. Lucas
    13/08/08 | 9:04 pm | #

    Não gostei.

    Responder

  1. Fã nº 1
    14/08/08 | 12:40 pm | #

    Notável.

    Responder

  1. Brontops
    15/08/08 | 4:13 pm | #

    Mas & qual é o grande problema em ser invisível?

    Desculpa, mas isto parece propaganda de Natura, de Nike…

    Pra que ficar provando algo pros outros? Já pensou se cada folha d´árvore quisesse ser igualmente visível, a maçaroca que ia ser?

    Daqui a 150 anos, estaremos todos invisíveis: mortos: caveiras: retratos amarelados no fundo de gavetas ou imagens preservadas pra sempre em um site que (por milagre) alguém clicará, isto é, se ainda houver internet ou mouse. Não há espaço pra um mundo inteiro de gente especial, porque todos são especiais à sua maneira.

    Eu acho isto bobagem. Parece que vc precisa provar algo pros outros.

    Desculpa, mas esta é minha opinião. Pode ser que eu tenha entendido errado sua mensagem… Mas foi o que entendi.

    Resposta: Cara, não precisa pedir desculpa por não concordar…! Hhahaha. Mas você foi gentil, eu entendi. Vamos ver se eu consigo me explicar aqui:
    O texto sobre as pessoas invisíveis é alegórico, até metafórico. Percebi que algumas pessoas não gostaram por terem ‘servido a carapuça’. Não sei se foi o seu caso.
    A invisibilidade que critico aqui é a acomodação social. A pessoa invisível se mistura no meio do gado. Não é provar nada pra ninguém: é se destacar pelo que você é e deixar marcas na vida das pessoas ao seu redor pela sua personalidade, pela sua gentileza, pela maneira que você o mundo.
    No colégio, por exemplo, eu não tinha muitos amigos (no sentido de pessoas com as mesmas afinidades) e não me identificava as pessoas. Mas eu acabava sendo popular de qualquer forma (não no sentido ‘colégio’ da palavra, mas popular entre os grupos, de conhecer e conversar com bastante gente) porque eu tentava dentro do possível tratar todo mundo bem e costumar ter papo com todo tipo de gente, do nóia que ficava do outro lado da rua fumando e ia pixar muro até o nerd que tinha ganhado prêmio de física. Não era de caso pensado. Mas de repente eu me dei conta que essa era uma característica que me diferenciava. E me dei conta que ali (e na faucldad einclusive) tem gente neutra, que se mistura na multidão, que não te surpreende por nada. Sabe? voz em tom normal, roupas normais, cara normal, gostos normais. E elas escolhem ser assim… sem sal.
    CLARO que o texto é uma provocação. Essas pessoas ‘invisíveis’ de perto podem ser bem visíveis. Mas eu provoco e espero que algumas pessoas realmente se identifiquem e façam alguma coisa pra se destacarem. =)

    Responder

    Wynn Reply:

    Sua descrição “porque eu tentava dentro do possível tratar todo mundo bem e costumar ter papo com todo tipo de gente” bate exatamente com o que você descreveu anteriormente como comportamento de pessoas invisíveis: “O invisível não tem nenhum amigo mais próximo - ele é amigo de todos, mas naquele nível superficial da ‘coleguice’,”

    Ou seja, seu argumento não faz sentido, ou você não é tão visível como pensa ser. Na verdade, o que torna alguém visível ou invisível _para você_ são coisas que chamam a _sua_ atençào, e portanto, algo particular e subjetivo para cada um. Compartilho seu problema de achar poucas pessoas interessantes nesse mundo, mas acho seu argumento completamente furado. Certamente as pessoas que você considera invisíveis se acham perfeitamente visíveis e acabam sendo importantes para alguém, ainda que elas nem saibam.

    Sim existe mediocridade, mas ela não é opcional. Gado nasce e morre gado. Welcome to the jungle.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    Você tem razão. Não consegui me expressar muito bem nesse texto, embora mantenha minha opinião. Escrito desse jeito, ele conflita com minhas idéias no texto da Susan Boyle. Mas é que eu sou bem contraditória e não vejo contradição nisso. =)

    Responder

  1. felipeluno
    15/08/08 | 5:37 pm | #

    Aninha! Tem um documentário que levanta algumas questões interessantes sobre invisibilidade. Aliás, tem um livro escrito por um cara que se passou por faxineiro da USP por um tempo, sendo aluno, e não foi notado o.O ficadica:
    http://mais.uol.com.br/view/qnke4kgfrrpk/documentrio-invisibilidade-040264D4C123A6?types=A&

    Resposta: Fe, conheço a história desse cara. Li uma matéria sobre essa história há um tempão, não me pergunte onde (acho que foi na falecida revista ZERO). De qualquer forma, essa é a invisibilidade social… essa é cruel, e não é opcional. A pessoa não escolhe ser invisível. Ela o é pela posição que representa na sociedade… é triste.

    Responder

  1. Brontops
    19/08/08 | 9:52 pm | #

    Oi.
    Brigado pela gentileza…

    Entendi o que vc disse sobre as pessoas serem acomodadas e entendi o tom do seu discurso.

    Mas temo que seu post “PODE” dar margem a uma interpretação errônea. (Bem até aí tudo bem, às vezes, acho um milagre que duas pessoas que falem a mesma língua consigam se compreender)

    Ou talvez, tenhamos idéias bastante diferentes sobre o que é ser invisível e se destacar.

    * * *

    Pelo que li da sua resposta ao meu post, achei minha juventude parecida com a sua. Gostava de ouvir o que os outros tinham a dizer: seja lá quem fossem.

    Nunca gostei de me “destacar”. Na verdade, não acho legal: para mim, soa como se eu quisesse aparentar, ou alimentar meu ego. Na verdade, a maioria das pessoas que se “destacam”, querem fazer isto só para não ser + um. Elas querem ser “melhores” que os outros.

    Neste ponto concordo com sua resposta ao meu post: destacar-se por sua personalidade, gentileza, respeito, etc.

    O comodismo é uma coisa feia, realmente.
    Mas existem formas de comodismo: numa, você pode ser comodista ao se recusar a acompanhar o que acontece no mundo; noutra, você pode ser comodista ao seguir cegamente o que todos os outros estão fazendo.

    Eu ofereço uma bala de hortelã se alguém desconfiar qual seria o tipo de comodista é mais comum hoje?

    Acho que (in)visibilidade é como o mundo (não) vê você; Querer ser visível é concordar (tacitamente) com este mundo. Eu me recuso a aderir, concordar de forma cega.

    Abs

    Resposta: parece que eu tenho vários posts que ‘podem’ dar margem a interpretações erradas. Não sei se você já acompanhava o blog na época, mas se não, dá uma busca pelo post do ecleticismo (só buscar por ‘eclético’) que você vai entender.
    Talvez eu, inconscientemente, permita essa ambigüidade na interpretação. Ou não. Hhahahahaha.

    Isso, o lance era ouvir o que os outros tinham a dizer. Acabei não fazendo muitos amigos, a maioria esmagadora passou. Mas mantenho alguns deles, alguns dos quais nada têm a ver comigo. Mas ao mesmo tempo têm tudo.

    Sobre concordar com o mundo… a discussão vai longe, mas se tem uma coisa com a qual eu não concordo é ele mesmo. =)

    Responder

  1. Clarisse
    05/05/09 | 2:57 pm | #

    Achei interessante o texto, porem não concordo.
    nada contra a pessoa querer ser neutra. o que mais vejo é pessoas querendo se destacar em algo, seja na moda, nas atitudes, para o bem ou mal, no perfume, no gosto musical etc… e sempre caindo na mesmice, na falta de originalidade, porque acabam imitando uns aos outros o q acaba sendo ridiculo.
    Ser “invisivel” também é ser original. é ser uma pessoa que neutra é também é ter opinião. a pessoa invisil não faz questão de aparecer, é opção dela. e cada um deve ter sua opção.

    Responder

  1. Karla
    05/05/09 | 3:00 pm | #

    “Seja quente ou seja frio; não seja morno que eu te engulo”. Tá na Bíblia!

    Responder

  1. Abdon
    05/05/09 | 3:25 pm | #

    blá blá blá quanta falta do que falar!

    Responder

  1. Cris
    05/05/09 | 3:32 pm | #

    Parabéns pelo blog :)

    Mas só um comentário…
    Fazendo aqui uma analogia, o fator “low-profile” descrito no post “Susan Boyle e o segredo para a felicidade”, já não é por si só um “Manifesto pela Invisibilidade?”.

    Beijos!
    Sucesso!
    Até o próximo!

    Responder

  1. Vanessa
    05/05/09 | 5:06 pm | #

    Eu sei que você quer que as pessoas sejam mais visíveis, até para o mundo ao seu redor ser mais interessante: eu também gostaria que houvesse mais pessoas interessantes ao meu redor.

    Realmente muita gente é eclética musicalmente, se veste normal, tem medo de desagradar e adota posturas neutras sempre.

    Mas estas pessoas podem te surpreender se você conhecê-las mais profundamente.

    Veja só, você está pedindo para que as pessoas sejam interessantes logo de cara, quando na verdade você que deveria dar mais chance às pessoas. Pense nisso….

    Mas eu concordo contigo que muita gente foi massificada, só que falar pra elas”tentar ser diferente, visível”, não adianta. Isso é superficial. O que tem que mudar o estilo de vida. Algumas coisas fazem todo mundo pensar igual: novelas ditam comportamento, jornalismo cheio de notícias ruins deixam você negativo, Big Brother certamente também ataca neurônios…

    Enfim, acho que as pessoas têm que ir atrás dos seus sonhos, largar TV e ir pintar um quadro ler aquele livro que sempre quis ler, aprender violão sei lá!

    Com o tempo, a pessoa se encontra. Mas primeiro, tem que largar o comodismo…

    Responder

  1. nil
    05/05/09 | 5:21 pm | #

    Filosofando, conjecturando, metaforizando, ou sinonimeando. Quem sabe, definindo?
    Cada um no seu quadrado. O “invisível” seria um introvertido e haveria dois tipos de não invisível. O primeiro, um autêntico extrovertido, Kara gente fina espontâneo, com muita presença de espírito e original em suas atitudes, sem fazer força. O segundo, é um BaBaca que quer conquistar seu espaço, lutando para aparecer. Este não está errado, pois até o “invisível” se sente. Quem naum se sente ser Foda. Eu “se” sinto. Falei!

    Responder

  1. Paulo Eduardo
    05/05/09 | 5:32 pm | #

    Eu so sei q nada sei

    Eu quero é me divertir, mesmo q para isso eu tenha q aparecer ou me esconder. O fato é q temos q aproveitar a vida da melhor maneira, nós q somos invisiveis e nós q somos visiveis!

    Eu gostei bastante do texto e me identifiquei em alguns pontos, como o fato de gostar de todos os tipos de música e não me aprofundar mto nos assuntos, mas acho q sou preguiçoso.

    Depois de um red bull ou 5 latas de cerveja qualquer um aparece!

    Responder

  1. carlos vinicius
    05/05/09 | 6:19 pm | #

    eu sou queto ate certo ponto do relacionamento…

    eu não gosto de fazer amigos com todo mundo e não tenhu muitos amigos…

    não me destaco entre a multidão…

    não me acho invisivel.

    ja a mala da minha irmã, em 1 dia faz amizades com todo mundo da sala da nova escola dela, fala com todo mundo e é tão alegre quanto eu xD..

    Responder

  1. Mo
    05/05/09 | 7:43 pm | #

    Do jeito que colocam as opniões, parece que a maioria dos “invisiveis” tem a opção de não o ser. Acho que no mundo de dificuldades, no mundo real, nem todo mundo pode escolher o quão “diferente” poderia ser. É muito fácil quando se tem tudo na mão, mas quando se tem que lutar com o que aparece, nem sempre resta tempo de dinheiro pra investir e aparecer!!!

    Responder

  1. Liidio
    24/09/10 | 5:26 pm | #

    Aa, meio que falta doque fazer.. pqe se a pessoa é neutra acho que as vezes se torna mais popular que a não neutra, na maioria das vezes aquele que quer muito aparecer acaba sendo o pior. É só uma questão de não julgar a pessoa antes de conhecer, se o cara for invisivel ou não isso não irá mudar sua vida, cada um com a sua.

    Responder

Comente!

© Olhômetro (2007 - 2009) – Alguns direitos reservados: Licença Creative Commons (Outros tipos de permissão? Me consulte.) - Política de privacidade

  • Assine o Feed
  • Orkut
  • Wordpress
  • Ilustração por Rafael Nunes
  • Design Por Fabio Lobo