30.09

2008
6:20 am

Spore, Douglas Adams e a crise existencial

Postado em Internet, Literatura, Moda, Música, Ovelhas desgarradas

Como todo bom fã de The Sims, Sim City e todos os outros ‘Sims’, eu esperei Spore por muitos anos. O jogo foi anunciado há uns 7 anos, com outro nome (que eu nem me lembro). Comprei uma cópia original pelo Submarino nessa sexta, aproveitando o frete grátis.

Spore é provavelmente o jogo mais legal que eu já joguei em tempos. É um jogo para qualquer idade e qualquer gênero. Até a trilha sonora casa com perfeição com o jogo.

Spore é um simulador de criação de espécies. Você começa como um microorganismo, num lugar gigantesco chamado ‘água primordial’, comendo outros microorganismos menores que você, sejam vegetais ou animais, para assimilar os DNAs dessas outras espécies e evoluir.

Não demora, você já pode acrescentar mais flagelos (para correr mais rápido) ou mais quatro pares de olhos (para deixar seu bicho bem esquisito). As possibilidades de personalização de cada espécie são infinitas. É quase impossível que um bichinho seja igual a outro, depois que ele evolui. Além disso, Spore é jogado online, com milhares de outras pessoas ao redor do mundo jogando e desenvolvendo suas espécies.

Crescendo bastante na água primordial, você desenvolve pernas, chega à superfície e começa a desenvolver habilidades que te permitem caçar em bando, formar uma civilização e coisas assim. O último passo é a exploração do espaço sideral, de outros planetas. É inesgotável.

Eu era isso…

…e me tornei isso!

Por coincidência, acabo de terminar O Restaurante no Fim do Universo, e já comecei o volume seguinte da série de Douglas Adams, chamado A Vida, o Universo e Tudo Mais.

A combinação de um jogo desse com uma série dessas me tem feito refletir seguidamente sobre a absoluta insignificância da espécie humana na grande linha do tempo que é a história do universo. Eu entrei em crise existencial por causa de um jogo e uma série literária.

Ok, eu sou uma pessoa permanentemente em crise existencial, mas o combo Spore mais Guia do Mochileiro tem provocado reflexões muito freqüentes, reveladoras e um pouco fatalistas.

Nós somos só um pedaço do que já passou e vamos acabar muito antes do que ainda vai passar. Não falo de mim, ou de você, particularmente; falo do planeta terra. Somos um episódio num imenso livro de histórias. Se houvesse um livro de história contando o início, meio e fim do ‘tudo’, seríamos sortudos se fôssemos mencionados em um ou dois parágrafos.

Você consegue imaginar um mundo sem grandes intervenções humanas? Um mundo no qual as modificações da nossa espécie tivessem sido mínimas - sei lá, moradia, domínio da agricultura, da caça. O que a gente fez com o mundo é realmente admirável do ponto de vista das habilidades que isso demandou, mas basta um pouco mais de sensibilidade e a gente percebe que o planeta terra virou uma aberração. O progresso é uma coisa esquisita.

A verdade é que nós não entendemos nada. E não sei se iremos chegar a entender qual o real sentido disso tudo. Enquanto a gente não descobre, eu sigo jogando Spore e lendo ficção científica. Afinal, alguém precisa continuar fazendo algo de realmente produtivo nesse planeta.

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17 comentários (Comente! Trackback)

  1. Lucas
    30/09/08 | 6:57 am | #

    Spore é uma grande saída pra crianças criativamente superestimuladas, que gostam de criar novas espécies animais e vegetais aos 9 anos, tipo meu irmão.

    Achei seu blog em buscas random por aí e gosteu muito. Parabéns.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    hahahaha seu irmão é uma criança que gosta de criar novas espécies aos 9 anos?

    obrigada, lucas. volte sempre. =)

    Responder

  1. 30/09/08 | 8:54 am | #

    é tão bom quando encontrar pessoas que pensam igual a você.

    ;)

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    é, eu que o diga, zé.
    obrigada. =)

    Responder

  1. Carlos Marin
    30/09/08 | 10:19 am | #

    Hum, já podemos esperar um post falando mal do Spore, sua deficiência no conceito evolutivo e todo o DRM por trás dele?

    Quanto ao Guia, parei na metade do volume que você está lendo, mais por preguiça mesmo do que por falta de tempo/vontade =P. Mas acho que até o fim do ano eu acabo a “trilogia” de cinco…

    Em tempo, parabéns pelo sucesso exponencial proporcionado pelo Sedentário. Eu estava lendo o feed deles quando vi a imagem e pensei: “Ué, eu já vi isso no Olhômetro… Nossa, é uma referência pro blog da Ana! Tá ficando importante…”. Até comentei com o Saulo e ele falou “Acho que ela nem sabe disso ainda. Ela vai ficar muito feliz!”.

    Espero que o seu sucesso cresça cada dia mais pois você merece.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    ah carlos, eu sou a leiga em ciencias aqui. meus conhecimentos são limitados. se vc se propuser a me explicar porque o spore é tão deficiente, posso até fazer um post.
    mas nao to ligando muito pra isso. o jogo é fantastico de qualquer forma. e nao dava pra ser 100% fiel a realidade.

    muito obrigada por estar sempre por aqui. beijo!

    Responder

    Carlos Marin Reply:

    O que eu digo por ser deficiente é que depois que a sua raça está pronta, não tem mais como alterá-la, exceto por vestuário e acessórios. Se o ‘The Sims’ tem aquele conceito de combinar “DNA”, acho que o ‘Spore’ deveria ter algo semelhante, uma vez que é um jogo baseado em evolução. É óbvio que conceitos mais complexos podem ser descartados, como, por exemplo, o efeito que o dizimar de uma espécie teria sobre o ecossistema. Mas o que mais me decepcionou mesmo é a parte do DRM: poder ativar o jogo apenas 3 vezes (senão me engano) e ter uma só conta por instalação é um certo desrespeito para com quem compra o software original.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    Saquei, Carlos. Eles podiam resolver isso nas expansões, não? Acho que é factível.

    Responder

  1. Angelo Dias
    30/09/08 | 12:30 pm | #

    Spore é um jogaço mesmo. E vão ser lançadas expansões. Se quiser me adicionar como amigo, sou Angelorfd. Agora, o comentário sobre defeitos do spore de Carlos Marin, foi, em partes, infeliz. Sim, sabemos que existem deficiências em relação à realidade, mas vá, é apenas um jogo.
    Quanto ao guia… eu li o primeiro, adorei… li o segundo… adorei… parei no terceiro… e perdi o livro :S
    Pretendo continuar.

    Beijos.

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    douglas, não sabia das expansões.
    tenho tido pouco tempo de jogar, mas todo dia me dá vontade, o que é raro pra mim num jogo. eu costumo enjoar bem rapido.

    sobre o guia, o terceiro nao é tao bom qto o segundo que nao é tao bom qto o primeiro. mas todos sao bem acima da media e valem a leitura. =)

    beijo!

    Responder

  1. Fã nº 1
    30/09/08 | 6:14 pm | #

    Notável…

    Responder

  1. Rafa
    30/09/08 | 11:50 pm | #

    Hahaha que puta coincidência Ana, hoje mesmo tava editando a matéria da sessão de games da revista e vai ser uma página só sobre o Spore. Deu até vontade de jogar.
    (nao li o post ainda, mas vc deve ter o jogo, me empresta?)

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    Ah Rafa, qual é. Baixa no bit torrent ou compra por 10 conto no camelô.
    Até pq a licença do jogo original só funciona em um PC, e ele fica o tempo todo conectado.

    Bj

    Responder

  1. André Farkatt
    02/02/09 | 1:02 am | #

    Menina… depois de uns 10 anos sem ter a oportunidade de ver alguem falando de Douglas Adams essa semana eu tenho duas surpresas… uma na livraria, escuto uma menina perguntando pelos livros dele e o atendente com cara de otário sem entender o que ela fala… e agora vc citando-o e se espantando com as mesmas coisas que eu me espantei quando li o “restaurante” a mais de 12 anos atras (ps, ainda estou nos 30 hein…)

    leio sempre seu blog, acho vc bastante interessante e sempre me pergunto: “essa guria não tem 16 nem a pau”… mas depois me lembro que com 16 eu tb já tinha lido “a fundação” umas 3 vezes…

    boa sorte na leitura, D.A. é fantástico e se vc tiver oportunidade re-leia todos os livros no original em inglês… é impagável…

    Responder

    Ana Freitas Reply:

    D.A. é foda.
    E na verdade eu não tenho 16, to com quase 21. Mas nem é muita diferença… hahahaha :)

    Responder

  1. zeal0t
    28/05/09 | 5:04 am | #

    Então, spore eh muito bom e o mochileiro nem se fala, mais oq achei mais comedia foi na fase de civilização do spore, onde tira uma satira c/ a natureza humana como no livro de Douglas, (em minha opniao quem lê o mochileiro e acha livro pra criança e talz esta mais q enganado porq essa historia absurda q ele cria eh justamente para ser sarcastico c/ seres humanos a respeito d filosofias, religioes, economia, poder e etc.) entao, e a civilização, não sei se vc percebeu, eh dividida em 3: militar, economica e religiosa, a militar naum tem cerebro, soh tem capacidade para destruir, a economica soh negocia e usa campanhas de publicidad para conquistar cidades, e a religiosa tenta implantar sua filosofia para converter a outra naçao a se juntar a eles.
    Acabei de sair do jogo lembrei do mochileiro q li a uns 2 anos, e entrei na net pra procurar algo q relacione os dois,,, concordo c/ vc, eh realment um combo.
    Vlw. abracs.

    Responder

  1. Um jogo que ajuda a estudar pro Enem | Olhômetro
    03/09/10 | 2:56 am | #

    [...] um ou outro simulado por esse jogo aqui, do Guia do Estudante, o Bixo Evolução. Senti uma vibe Spore nele, mas não tem muito a ver: é mais um simulado interativo do ENEM. Pra mim, foi excelente pra [...]

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