Essa é uma história meio ‘Malhação’. Mas todos nós temos momentos ‘Malhação’, não é?
Eu já tive 17 anos. Não faz nem muito tempo (embora pareça uma eternidade). E com 17 anos eu tive de decidir meu futuro pelos próximos, digamos, 53.
Aos 17, no fim do terceiro colegial, eu, uma criatura por essência ansiosa, planejei minha vidinha pelos próximos anos de maneira minuciosa. Eu escolhi que queria estudar na faculdade que chamaremos de A, mas acabei fazendo vestibular na B. O resultado da B saiu bem antes da A, e eu passei. Mas eu estava muito confiante das minhas habilidades como vestibulanda e nem sequer cogitei me matricular, no prazo, na faculdade B, como garantia. Era óbvio que eu passaria na A.
Já dezembro, logo depois do fim do ensino médio, comecei a trabalhar - e era na minha área, comunicação. Eu tinha 17 anos, trabalhava na área em que cursaria faculdade e era um gênio do vestibular moderno, que com louvor passaria no teste da faculdade em que queria estudar. Tudo daria certo.
Acho que eu esqueci de fazer um plano B. Ou, se fiz, provavelmente não cogitei que seria realmente preciso recorrer a ele.
De repente, o emprego se mostrou bem diferente do que eu achava que fosse. O lugar impunha algumas restrições às quais eu jamais conseguiria me adaptar, como a proibição a uso de internet, telefones e celulares, fora o teor do trabalho, que eu acabei achando tedioso. E era.
Mas eu suportaria. Precisava do emprego para pagar a super faculdade A, em que eu passaria. Com louvor. A essa altura, óbvio que eu nem cogitei um plano C.
Porque quando saíram os resultados da faculdade A meu nome não estava entre os 80 selecionados. E eu me desesperei. De repente, tudo que eu planejava para o ano - para a VIDA - não existia mais. Cursinho? Eu não tinha cogitado fazer cursinho. Esperar um ano? VOCÊ ACHA QUE EU IA PERDER UM ANO DA MINHA VIDA?
Nessa hora você vai dizer que eu fui uma drama-queen. Que não era para tanto. Claro, não era. Mas lembre-se que eu sou ansiosa e que eu tinha apenas 17 anos. Para mim, o mundo tinha ruído. Eu não tinha saída.
Minha primeira atitude foi tentar recuperar a vaga a que eu tinha direito na faculdade B, a desprezada. Mas foi difícil. Digo isso porque é impossível resolver um problema de outro lugar a partir do seu trabalho se você não puder usar o telefone nem e-mails. Eles não mencionaram nada sobre sinais de fumaça, mas desconfio que era isso que constava nas letrinhas miúdas de rodapé do contrato.
Foi na época do post sobre o dia mais perdedor que eu já tive. Até esse dia, inclusive, as coisas pareciam que não iam dar certo de jeito nenhum. Mesmo eu tendo passado em 15º lugar na faculdade B, eles não queriam me ‘devolver’ a vaga e me deixar fazer a matrícula, apesar dos esforços dos meus pais para resolver o problema. É, eles podiam usar o telefone no trabalho.
Parece que tomar um banho de água suja no meio da rua me deu alguma sorte. No dia seguinte, a vaga para a faculdade saiu. Uma coisa a menos para se preocupar.
Mas ainda tinha o meu emprego, que se tornava cada dia mais insustentável. Eu acabei sendo demitida.
Daí eu tinha um problema, de novo. Eu precisava trabalhar para pagar a mensalidade. Mas na primeira semana de aula a luz me atingiu. Em sala, um professor anunciou vaga na agência de jornalismo da faculdade. Bastava conhecer HTML, Photoshop e essas coisas. Eu era noob, mas a maioria das pessoas da minha sala era infinitamente mais noob, e então eu consegui.
O resultado: três semanas na faculdade de jornalismo e eu já estava estagiando - na faculdade, o que me pouparia transporte e ainda ajudaria na hora de fazer os trabalhos. Eu fui a pessoa certa, no lugar certo e na hora certa.
Se eu tivesse conseguido passar na faculdade A, não conseguiria emprego na primeira semana. Talvez eu acabasse demitida do mesmo jeito do outro trabalho incomunicável, e daí teria muito mais dificuldade de arrumar emprego, porque estava no primeiro ano. E as duas coisas ruiriam. Ou não. Nunca saberei.
O que eu sei é que minha vida virou de ponta cabeça e, depois, ela mostrou que o ‘ponta-cabeça’ na verdade era mais certo que o plano original.
Na verdade, a minha vida começou com um episódio de vida de ponta-cabeça que depois deu mais certo, já que minha mãe engravidou inesperadamente com 18 anos. E como essas coisas, que ficam melhores de cabeça para baixo, alguém (a Rexona) teve uma idéia que é simples, mas que alguém já deveria ter tido antes: virar o desodorante roll-on. Sim, porque é um saco ter que ficar chacoalhando o frasquinho para poder usar.
No site do novo roll-on, dá para publicar a sua história, de como a sua vida ficou melhor de cabeça para baixo. As CEM melhores histórias ganham kits Rexona, com desodorante para ficar cheirosinho, camiseta e CD da Gabriela Cillmi, uma espécie de KT Tunstall mais ‘sijoga’, que eu descobri por causa da trilha sonora do comercial do novo roll-on da Rexona. Ouça Don’t wanna go to bed now e você verá porque quer ganhar o CD dela.
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Tags: gabriela cillmi, novo roll-on, Publieditorial, rexona, trolebus
Ana Freitas Reply:
October 9th, 2008 at 7:07 pm
E você pode vender esse seu texto para um anúncio publicitário de faculdade de segunda linha.
=)
hahahahahahah
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