10.11

2008
3:57 am

Como foi o Festival Planeta Terra 2008

Postado em Brasil, Entretenimento, Internet, Música, Pop

No sábado, peguei o trem em Santo André e quase duas horas de CPTM depois estava chegando à Villa dos Galpões para conferir as atrações do Festival Planeta Terra.

No saldo geral, o festival foi positivo. O preço das entradas foi honesto e a organização, embora com algumas falhas, entregou o que prometeu.

Ao meu ver, os dois principais problemas foram a falta de água para lavar as mãos nos banheiros e a superlotação da praça de alimentação. No ano passado, a quantidade menor de pessoas fez com que o lugar se mantivesse confortável, mas com os ingressos esgotados a organização poderia ter pensado em duas praças de alimentação. Os preços estavam na média (cara) dos festivais de música: 3 reais por água ou refrigerante, 4 ou 5 pela cerveja, a partir de 5 pela comida, com opções variadas - e a pior esfiha-enroladinho-qualquercoisa de queijo que eu já tive o desprazer de experimentar. Mas o hot dog estava bom.

De resto, pavilhões e setores bem distribuídos, banheiros praticáveis e cheirosos por causa das folhas de eucalipto espalhadas pelo chão, seguranças educados e até a presença de policiais civis à paisana.

Uma grande sacada foi a área de chill out (olha aí em cima), que esse ano, além das mesinhas e pufes ao ar livre, também ganhou esteiras, que permitiram sonecas estratégicas nos intervalos entre as atrações desejadas e garantiram disposição no show seguinte.

Outra coisa legal é que, apesar da pontualidade monstruosa do início dos shows, os pequenos intervalos entre um e outro eram preenchidos por vídeos no telão, da TV Terra, com Sabrina Parlatore e outro apresentador esquisito entrevistando gente. OK, a intenção é legal. Pena que os temas e os entrevistados fossem tão bizarros. Por exemplo, antes do Bloc Party foi possível acompanhar um relato emocionante de Luciana Vendramini sobre sua… síndrome do pânico. Relevante.

Um desabafo: tenho muita preguiça dessas pessoas que levantam suas câmeras digitais e as mantém lá por todo o show, impedindo a visão de quem está atrás. Até entendo querer tirar uma foto ou outra, filmar uma ou outra música. Mas gravar o show inteiro é coisa de idiota, afinal você passa o show inteiro preocupado em filmar, não aproveita e vai chegar em casa e assistir um vídeo tosco. Melhor comprar o DVD da banda, né? No Kaiser Chiefs, eu estava a um metro da grade, mas na minha frente tinha um cidadão de 1.85 de altura que segurou a câmera em cima da cabeça - sem exagero - por TODO o show. Isso quando ele não filmava o telão, o que é uma coisa ridícula de absurda. Um saco ter que ficar procurando espaço para enxergar quando você tá na cara do palco.

Mas falemos de música. Quanto a ela, assisti Vanguart, um trecho de Mallu Magalhães, Offspring, um trecho de Animal Collective, Foals, Bloc Party e Kaiser Chiefs - e falo deles agora:

Vanguart

17h30 no palco principal o lugar ainda estava relativamente vazio, mas um bom número de fãs compareceu ao show dos moços de Cuiabá, que foi bem legal, mas nada além disso.

O som, àquela hora ao menos, estava ótimo. Destaque para a postura de rockstar blasé de Helio Flanders, o vocalista, que disparou frases divertidas como ‘obrigada, você são muito especiais’, e me deixou perguntando que tipo de pessoa realmente elogia usando o termo ‘especial’ na vida real.

Mallu Magalhães

Finalmente vi a Mallu ao vivo! Estava bem longe do palco então não tirei foto (alguém?), mas ela entrou de sobretudo e cartola, parecendo uma adulta que encolheu dentro das roupas (ou o Arnaldo Baptista). Não tive paciência para mais de duas ou três músicas, quase entrei em coma por causa da letargia das canções, mas achei o seguinte: ela está cantando muito bem, cada vez melhor, e as letras dela não são ruins. Está no caminho mais do que certo - vai compôr melhor e cantar cada vez melhor, e daí não tem porquê não ser sucesso, já que meio mundo já a ama. No fim, a impressão que eu tive é que as músicas ficam mais suaves ao vivo, quase como um folk de ninar.

Animal Collective

Dormi.

Foals

Melhor show da noite, de longe. No ano passado, no mesmo Indie Stage, o The Rapture colocou tudo abaixo num show que nem era tão esperado (ao menos se comparado com outros do festival). O Foals fez o mesmo esse ano, numa vibe até parecida: ofuscado pelas outras atrações, acabou se destacando entre os shows que vi, e acabou fazendo todo mundo se mexer muito mesmo de onde eu estava assistindo, que era beeeem longe do palco. Faltaram algumas músicas, mas no geral todas ganham um peso absurdo ao vivo, já que no CD eles parecem até experimentais e ‘lounge’ demais. Gravei uns vídeos (quase inúteis, mas dá para ver que as pessoas estavam descontroladas, ao menos) que serão disponibilizados eventualmente, quando eu conseguir subir tudo.

O vocalista esquisito também ganhou o público falando palavras aleatórias malandras, tipo ‘maconha’ e ‘garota bonita’. A única ressalva fica para a acústica do Indie Stage, que não tem jeito: é bem ruim, deixa tudo abafado.

Offspring

Já disse muitas vezes: foi a primeira banda de rock que eu ouvi, primeiro CD de rock que eu ganhei. O show foi lotado de hits, um atrás do outro, e isso foi muito esperto - satisfez os fãs e os paraquedistas, já que os hits do Offspring são bem conhecidos até por quem nem é tão fã dos caras. Mas achei o show meio burocrático. Honesto, mas burocrático - faltou a catarse que se espera de um show desse, mas ok, eu estava distante do palco. Vi, pelo telão, umas rodinhas lá no meio.

Bloc Party

Frio. Meia boca. Foi isso que eu achei, e veja bem, eu estava na grade, praticamente. Eles optaram por tocar músicas dos três discos, e eu atribui a isso minha insatisfação (porque só gosto do primeiro), mas percebi que os fãs dos três discos também acharam o show bem morno: vide o que disse o Ian ou a confissão do meu amigo Felipe, via Gmail, que é fanático pelos caras:

Viu? Não sou eu que tô dizendo. E eu nem sei explicar porque eles são tão fracos. Onde eu tava, o som tava bem legal. As músicas eu não conhecia, mas é de se esperar que os fãs conhecessem todas… bom, pelo menos esse letreiro no palco é bonito:

Antes que eu me esqueça: Kele Okereke pediu desculpas pelo playback no VMB. Achei gentil, mas não desfez a má impressão.

Kaiser Chiefs

Qual foi o critério para deixá-los fechando a noite, como atração principal? Afinal, são um grupo divertido, mas em termos de importância eu colocaria o The Jesus and Mary Chain ou mesmo o Offspring encerrando o festival. Mas as dúvidas foram anuladas quando a banda de Leeds subiu ao palco. Porque é assim: vi uma vez uma presença de palco melhor que a de Ricky Wilson, o vocalista, e essa presença de palco foi a de Eddie Vedder. Só.

Nunca vi outro show em que o cara tivesse tanto domínio sobre o público, e chegasse inclusive a brincar com esse domínio. Ficou engraçado assisti-lo fazendo uns movimentos com a mão só para observar a platéia repetindo (eu não fiz para evitar me sentir um mico amestrado, mas eu acho que eu faria o mesmo no lugar dele então achei bem divertido). Ricky impede que as pessoas cantem os refrões em voz baixa, não se contenta enquanto não vê todo mundo pulando e gritando muito alto, se joga na platéia uma, duas, três vezes, sobe na lateral do palco, recita frases em português… Ele comentou inclusive, em português muito capenga, a internação do tecladista Peanuts por causa de apendicite. Peanuts chegou ao palco carregado e Ricky disse algo como ‘ili é un hirói’, além de agitar os gritos de ‘hirói, hirói’ na platéia.

Tudo isso somado aos ilimitados hits do Kaiser Chiefs se converte na fórmula ideal para que todo mundo saia de lá elogiando o show e o vocalista. Não foi a catarse do Foals, mas é um show muito bom, bem acima da média, capaz de envolver até quem não conhece a banda.

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9 comentários (Comente! Trackback)

  1. Eric
    10/11/08 | 4:30 am | #

    Eu também achei o Foals fodão. Negada pirou ao som de “Cassius”. Pena que eu não pude ver o Kaiser Chiefs. Tomara que os produtores tenham se encantado pelos caras e tragam eles de novo. =D

    Responder

  1. Felipeluno
    10/11/08 | 9:11 am | #

    AH! Ei, isso é MONTAGEM! haha

    Responder

  1. Nathália
    10/11/08 | 12:18 pm | #

    coitado do Felipe! haha

    legais os seus comentários, nada melhor saber por quem esteve lá mesmo. queria ter ido, só isso =/
    adooro Kaiser Chiefs… e tá todo mundo achando isso do Bloc Party.

    bem, se teve show bom, é isso que conta.

    Responder

  1. Ana Freitas
    10/11/08 | 12:49 pm | #

    o que eu achei do planeta terra, a quem interessar, tá aqui: http://tinyurl.com/5vuhkc

  1. .lucas guedes
    10/11/08 | 1:41 pm | #

    o bloc foi uma das minhas decepções, mas eu já tava no inferno, então abracei o kele. de resto foi tudo bem mais ou menos musicalmente falando. mas super divertido em todos os sentidos. cara, quanto é 9 + 6? [Erro: Por favor indique a resposta anti-spam correcta. Pressione o botão retroceder e tente novamente.] acho que agora vai, tinha colocado 17.

    Responder

  1. Luciano
    10/11/08 | 2:18 pm | #

    assisti pela internet. Bom show do Vanguart, mas curti mais quando vi no Studio SP, um show mais “intimista”. Mallu muito boa também, mas, até pelo estilo das músicas, não segura a barra de tocar num festivalzão pra um puta monte de gente…

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  1. Edu Shalshisha
    10/11/08 | 8:31 pm | #

    Porque é assim: vi uma vez uma presença de palco melhor que a de Ricky Wilson, o vocalista, e essa presença de palco foi a de Eddie Vedder. [2]

    Responder

  1. Victor
    11/11/08 | 3:00 pm | #

    Também sou de Santo André, também fui no Terra e assisti quase aos mesmos shows - preferi o Jesus e Mary aos Foals.

    Minhas opiniões também são parecidas. O show da Mallu estava em coma, alguém precisava avisar. E Kaiser Chiefs rulou.

    Agora, melhor presença de palco é dos Hives, definitivamente. Depois do show deles neste ano, acho que dificilmente uma banda internacional fará um show tão empolgado e vibrante.

    Responder

  1. A proliferação do movimento 'vou ao show pra mostrar aos outros que fui' | Olhômetro
    24/03/09 | 2:55 pm | #

    [...] E eu de repente olhava pra elas, preocupadas em tirar boas fotos pro Orkut (que invariavelmente vão sair ruins, muuuito distantes ou tremidas, mas não importa porque aí você já prova que tava lá), filmar trechos legais pro YouTube e em contar pra todos os 500 seguidores do Twitter o setlist num teclado que não é QWERTY e me lembrava de quando eu fazia isso - isso de me preocupar mais em registrar a coisa do que em vivê-la. Eu fiz isso, veja bem, UMA VEZ. Porque naquele dia, quando fui assistir aos vídeos, percebi que não me lembrava de quase nenhum trecho que havia filmado. De tão preocupada em filmar, eu não fiz o principal - assistir ao show. Me dei conta da idiotice e câmera em show nunca mais (a não ser quanto estive ‘trabalhando’, né). [...]

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