26.01
2009
9:22 am
Briga com o De Leve na Campus Party: tudo acontece por um motivo…
Postado em Brasil, Música, Pop, TecnologiaQuem me apresentou o som do De Leve (na época, ainda no Quinto Andar) foi um amigo meio-grafiteiro-utilizador de boinas de Che Guevara do colégio. Aos 16, roqueira, eu não conhecia nada de rimas e poesia na época, e achava que rap era só essa parada que cantavam os Racionais e que eu não gostava, não por achar ruim, mas por falar de coisas que não tinham nada a ver com a minha vida de burguesa.
Daí eu descobri que rap era muito mais que isso. Existia um movimento, gente fazendo coisa muito boa e dizendo coisas normais, rimando com talento daqueles que são congênitos. O De Leve, com o Quinto Andar, era um deles. Comecei com Largado, mas minha preferida hoje é Rolé de Camelim:
Mas nem foi por ser fã do De Leve que eu achei babaquice o que fizeram com ele na Campus Party (sério que você ainda não viu o vídeo? Segue:)
Fiquei revoltada porque o cara que se achou no direito de peitar e desrespeitar o trabalho de um artista de que ele não gostou (So what? Teatro Mágico tocou lá, um monte de gente não gosta e nem por isso nego quis tirar Anitelli do palco) com um chapéu de SIRI na cabeça e um adesivo do Firefox colado na testa.
Ainda que houvesse a possibilidade remota desse cidadão (chamado Virbickas) ter algum motivo para achar que sua atitude está correta e em acordo com os preceitos de uma sociedade civilizada, no momento da briga ele perderia toda a razão justamente por estar com esse carangueijo na cabeça.
A ironia reside no fato de que um evento como esse, que comporta o público com mais acesso a informação do país, não deveria ser palco pra exemplos tão primitivos de intolerância - qualquer que seja, ainda que musical.
A revolta surgiu, ainda segundo Virbickas, pelo teor da letra das músicas do De Leve (México e O que nego quer). Ficam as dúvidas:
- Se fosse uma música do 50cent, que usasse termos equivalentes ou piores, Virbickas pediria ao DJ que parasse de tocar?
- Se houvesse alguma ou algumas gostosas parcamente vestidas rebolando em cima do palco, o número de gostosas seria inversamente proporcional à vontade de Virbickas e dos outros de acabar com o show?
- Se fosse um show do Bonde do Rolê, Virbickas e campuseiros mal-educados também achariam as letras um desrespeito?
- Se fosse um show do Mano Brown, Virbickas demonstraria igual macheza?
E por fim, mas não menos importante: o cara reagiu desproporcionalmente a algo que não estava lhe agradando. Chamou a atenção de centenas, milhares de pessoas, pessoalmente e depois quando a coisa se espalhou pelas mídias sociais, não só por demonstrar intolerância e desrespeito, mas por fazer isso com um siri e um adesivo de browser na cabeça. A gente devia ter desconfiado que ninguém tão ridículo por acaso, sem objetivar nada maior. Dá uma lida nesse link aqui e entenda porque ele queria tanto, tanto chamar a atenção.
Se ele apagar, eu (e mais centenas de pessoas, certamente) temos o print.
*Alterado às 11h22 do dia 27/01* e ele editou, como previsto. Clique aqui e veja o print. Na pressa, printei sem um trecho do texto, ms 95% está aí e já dá pra pegar a essência da coida.
*Alterado às 19h26 do dia 27/01* O Savazoni, meu ex-chefe, publicou um vídeo do Carlos Carlos, do FizTV, muito esclarecedor sobre o episódio. Nele, rolam entrevistas com o Virbickas (‘Chupa’) e com o De Leve logo depois da briga:
*Mais eum ediçãozinha* Aproveitando que falamos dos melhores rimadores desse país, confira o fantástico trabalho de Chico Barney ao apresentar-nos o MC Papo, talentosíssimo rapper que rima com as mãos amarradas e em francês.
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Tags: Campus Party 2009, de leve, firefox, intolerância, marketing, Música, preconceito, propaganda, rap, respeito, virbickas
Ana Freitas Reply:
January 28th, 2009 at 1:32 pm
Feito… valeu, Raul
Responder