05.12
2008
3:44 am
Nossa vocação oficial é o trambique
Postado em Brasil, Crônicas, Entretenimento, Política, TVUm cidadão com um cargo de tanto prestígio num orgão tão importante para a democracia não deveria subestimar a capacidade do brasileiro de dar um jeito nas coisas.
É absurdo que um orgão oficial não cogite a possibilidade de erro, nem sequer admita a investigação ou trabalhe com a hipótese de fraude. É preciso lembrar que estamos no Brasil, e se existe algo de que brasileiro entende é trambique.
Por causa da educação ruim, não temos tantas mentes brilhantes como os países de primeiro mundo. Exportamos pouca tecnologia e poucos talentos da ciência. É por isso que a gente devia assumir de vez nossa vocação oficial, de fazer as coisas funcionarem do jeito mais rápido, e tentar até investir nisso. Ganhar dinheiro, sabe? Exportar tecnologias de trambique.
A lógica é simples: como há muita demanda por bons fraudadores no país, a concorrência se torna alta entre os praticantes da atividade, o que os obriga a aperfeiçoar as técnicas de trambique. Somos um dos países mais corruptos do mundo; logo, nossos corruptores são os melhores do mundo. E nós deveríamos tirar proveito disso.
O cara que frauda uma urna, por exemplo. Se o secretário de TI do TSE tá dizendo que é inviolável, temos duas hipóteses, a saber: 1) ele está mentindo e sabe disso, 2) ele está enganado e não sabe disso.
Vamos sempre esperar o melhor do ser humano, e por isso escolhemos a opção 2. No caso da fraude ser verdadeira, significa que o fraudador é um cara que sabe mais de TI do que o responsável pelo TI do TSE. Sem dúvida é um talento a ser valorizado e utilizado em prol do bem. (Desconsideremos prontamente a possibilidade do secretário de TI não manjar nada, ok? Por um momento, vamos fingir que acreditamos na incorruptibilidade dos concursos públicos)
Várias técnicas de trambique que poderiam ser utilizados para fins mais honrados e aproveitados pelo país como símbolo da alta qualidade da nossa educação - aqui e, porque não, como embaixadores do nosso país no resto do mundo.
Falsificação de assinaturas, por exemplo: de falsário, o cara pode passar para restaurador das grandes peças nos museus europeus, por seus talentos em mimetização de obras autorais.
Os subornadores, muito numerosos por aqui, são mágicos com a arte dos números: devem pegar uma quantia, subornar todo mundo no caminho e ainda fazer sobrar um lucro enorme para ele e pros interessados no suborno. São, claramente, mestres da negociação e da contabilidade, e poderiam ser usados nesse momento de crise mundial, pelas grandes corporações, para engendrar maneiras práticas de reduzir as perdas.
E até para a técnica da bolinha mais pesada, usada para fraudar aquelas loterias federais, deve haver alguma aplicação prática industrial.
O caminho é esse! Vamos parar de ficar dando murro em prego, tentando educar nossos jovens em ciências para os quais eles claramente não têm vocação. Enquanto a Índia e Cuba exportam médicos talentosíssimos e o Japão exporta gênios em eletrônica e em ciências, já é chegada a hora de assumirmos nosso verdadeiro papel no mundo e dar condições oficiais para que nossos jovens aperfeiçoem aquilo que eles cresceram aprendendo a fazer: dar um jeito.
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Tags: Brasil, eleições, eleições 2008, eleições americanas, fraudes, oficial, Política, teste de honestidade
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