06.01

2009
12:48 pm

Cheat codes não tornam a vida mais fácil

Postado em Brasil, Crônicas, Moda, Música, Pop

Viver, em si, não é um negócio fácil. Existem algumas complexidades em viver que a gente só compreende vivendo. Fico satisfeita em constatar que, seja lá quem estiver lendo isso, compreenderá o que estou dizendo, porque certamente estará vivo. De qualquer forma, a vida no dia-a-dia vem com monte de exigências sociais, expectativas suas e dos outros. É preciso lidar com todos os estímulos, com as diferenças, com as outras pessoas, tudo ao mesmo tempo.

Às vezes, eu desejo que a vida fosse um pouco mais fácil. Não tô dizendo que ‘oh, eu tenho muitas dificuldades’, mas algumas coisas são bem enroladas e poderiam ser mais simples. Mas e só um pouco. Uma facilidade aqui e outra acolá, não uma vida muito fácil. Porque olha só o que acontece com as pessoas cuja vida é (ou se torna) muito fácil: muitas acabam enfiando o carro do pai num poste, outras ficam esquisitas, outras perdem a cabeça

Paris Hilton entediada

Não é a toa que ela vive com cara de 'tô de saco cheio'

Quando penso em ‘vida fácil’, a primeira pessoa que me vem à cabeça é a Paris Hilton, que deve ser uma pessoa absolutamente entediada. Muito divertidade, no começo, mas entediante num segundo momento. Exemplifico: eu tenho algum motor pra continuar vivendo, que é conquistar algumas coisas que não posso agora. Ok. Mas ela não têm isso. Posso estar julgando mal, mas arrisco dizer que a Paris Hilton não almeja nenhuma conquista espiritual ou pessoal em grande escala, assim. Tipo atingir um estado de iluminação. Logo, dá pra supôr que todas a soutras aspirações dela podem ser compradas com dinheiro. Então, não há nada que a impeça de ter tudo o que ela quiser e fazer tudo o que lhe convir agora. E isso deve ser muito legal no começo, mas depois é algo que provavelmente me entediaria. É por isso que essas pessoas normalmente são pegas fazendo coisas absurdas, tipo o Boy George e o George Michael. O que resta de interessante para essas pessoas fazerem que não possa ser comprado com dinheiro?

E ainda assim a vida da Paris Hilton, em alguns aspectos, deve ser mais difícil do que a minha: ela lida com pressão de todo mundo, por causa da visibilidade que tem, e precisa decidir o que fazer com tanto dinheiro. NOT

Daí leio coisas como essa (clica pra ler):

Carol Miranda tira costela

Carol Miranda, aos desinformados, trata-se da sobrinha da Gretchen que fez um filme pornô e perdeu a virgindade na frente das câmeras. Supostamente.

Sabe quando você joga videogame? Você joga um pedação, passa várias fases na honestidade e no suor, e daí descobre que tem uns cheat codes disponíveis. Você resiste um pouco, mas chega num trecho especialmente difícil, em que você vai precisar daquele código que te dá munição infinita. Daí você pensa ‘vou fazer só esse código, só pra passar dessa fase. Depois eu desabilito, continuo a jogar e tudo bem’. Mas você faz o código da munição infinita. E você vê que é bom. E você resolve que não há mal em continuar jogando com ele. Daí, vem outra fase com um trecho difícil, e você habilita outra função do cheat code. E em breve o jogo não terá nenhuma graça.

Tirar duas costelas, para mim, é o equivalente na vida real a fazer cheat codes no video-game. No geral, compulsão por cirurgias plásticas, pra mim, é exatamente isso. Por algum motivo, a gente chegou num ponto em que consegue comprar praticamente tudo com dinheiro. E daí a gente quer mudar cirurgicamente, o que é uma intervenção agressiva no corpo humano, tudo o que dificulta nossa vida. Mesmo que seja só um pouco, e mesmo que fosse possível, digamos, jogar por mais tempo em fases chatas para recolher mais cartuchos. Só que isso levaria mais tempo. Seria mais natural, menos agressivo, mas é difícil. E você não quer mais dificuldades, né?

Há limites no video-game quando a gente coloca um cheat code? Não. E é assim que a gente tá vivendo, sem limites, no sentido de que tudo que incomoda pode ser mudado com dinheiro. Ninguém mais enfrenta as coisas de fato, busca o meio natural de resolvê-las. E pode aplicar isso a todas as coisas: quando você fica insatisfeito com um serviço público, por exemplo, você luta melhora melhora dele ou pagar por ele? Escola pública, segurança particular, plano de saúde…

Temo que, como no videogame, quando o jogo fica muito chato quando você pode fazer tudo, a gente acabe assim, pra sempre insatisfeito e entediado. Sobre o tédio, como já vimos, ele pode gerar fenômenos sociais que são aberrações. E quanto à satisfação, infelizmente, não dá pra comprar satisfação eterna, mesmo com todas as plásticas, escolas particulares e festas homéricas à là Paris Hilton do mundo.

Donatella Versace deformada

Donatella Versace que o diga

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05.01

2009
2:39 am

Sobre a inveja

Postado em Crônicas

Inveja é aquela coisa horrível que ninguém quer ter e todo mundo acha reprovável. Existe até um termo esdrúxulo pra quem quer dizer que tá com inveja mas que isso não é uma coisa ruim: ‘inveja branca’.

O termo é babaca, mas existe uma verdade aí. A inveja, em si, não é ruim. Querer algo que outra pessoa tem é ok. Acho que a coisa vira do mal quando 1. é obsessivo e se refere a querer ter tudo que uma outra única pessoa tem e/ou 2. não admitir que alguém tenha algo que você quer mas não pode ter só porque você não pode ter. E, como os vilões de Malhação, fazer tudo para que o ‘invejado’ perca a coisa em questão.

Beleza, de resto é tudo válido. O que sobra aí é ambição, vontade de vencer, inspiração em um ídolo ou em um modelo, tudo muito saudável e lindo e presente em propaganda de banco.

Mas houve uma banalização da condenação pela inveja. Todo mundo odeia muito a inveja e põe nela a causa de todos os problemas. Tá passando mal? É olho gordo. Sua orelha tá queimando? Tão falando mal de você. Você tava segurando um sorvete e caiu no chão? Alguém almejava seu sorvete. Muito.

Colocar a culpa de doenças ou de quedas do sorvete na inveja é a mesma coisa que culpar deus pelas coisas ruins. É só uma muleta. Até acredito que pensamentos obsessivos contra uma pessoa sejam prejudiciais, mas acho que só se você estiver receptivo pra esse tipo de coisa. Seja lá o que isso signifique.

Esse mesmo tipo de pessoa que costuma botar na inveja a culpa de todos seus males pessoais é o mesmo tipo de pessoa que classifica qualquer crítica como ‘inveja’. É desse comportamento que surgem as primorosas citações ‘sua inveja é meu ibope’, ‘com as pedras que você me atira construo meu castelo’ ou ‘não me inveje, me supere’, tão comuns no Orkut ou nos nicks do MSN da vida.

Esse é um bloqueio muito eficiente para críticas, afinal, o ‘invejado’ as transforma todas em uma forma de ataque e as descarta.

Pra esse tipo de pessoa, qualquer tipo de crítica a algo ou alguém é motivada pela inveja, no único objetivo de denegrir a imagem do ‘difamado’ para se sentir melhor.

Eu tenho uma teoria: aquilo que a gente espera das pessoas é aquilo que a gente faz com elas. Tomamos os outros por nós, porque quando nos colocamos no lugar do outro fazemos isso pela nossa visão de mundo.

Logo, quem classifica críticas como inveja é exatamente o tipo de pessoa que, quando faz uma critica contra algo ou alguém, é motivado por inveja e despeito.

Até porque, você já reparou que todas as pessoas que são paranóicas com a inveja invariavelmente são pessoas que você jamais teria motivos para ter inveja?

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04.01

2009
12:26 pm

On the road again: cápsula do tempo no Equador

Postado em Publieditorial

On The Road Again - blogueiro oficial!

Não sei o que acontece, mas eu tenho essa fascinação por história. Não é incomum que eu fique imaginando o que poderia ter acontecido nos séculos anteriores em todos os lugares diferentes que eu passo. Fico olhando em volta, buscando referências na decoração, perguntando pras pessoas em volta.

Acabo parecendo uma doida, mas é que eu me interesso muito por essas coisas. Quer ver? Ano passado, usei o FutureMe para enaviar um e-mail para eu mesma no futuro. Vou recebê-lo aparentemente no ano que vem.

Daí você diz ‘puta merda, que coisa inútil’. Cara, não é inútil! Na minha idade (e eu espero que para sempre), a gente muda muito o tempo todo. Pensa de um jeito hoje, amanhã já pensa de outro. E é tão rápido que algumas coisas são imperceptíveis. O blog é um jeito de manter um registro cronológico de como eu sou para comparar com as mudanças no futuro; esse e-mail aí é outro, mais divertido, porque eu fiz inclusive umas projeções baseadas nos meus planos para o futuro.

Uma vez, no Beakman ou no X-Tudo (se você nasceu nos anos 80 sabe o que são), eu aprendi a fazer uma cápsula do tempo. O nome parece mais legal do que realmente é, mas na verdade a tal cápsula é um invólucro que pode ser feito em casa com materiais que retardam sua deterioração. A idéia é colocar dentro uma carta para os humanos do futuro, coisas pessoais e tal, para que os arqueólogos do ano 3000 possam anunciar numa revista científica que fizeram uma descoberta incrível sobre um ser primitivo.

Pode-se argumentar que a Terra não estará viva para contar história no ano 3000, mas certamente estará; a Terra, em si, tem um poder de adaptação incrível. Nós é que provavelmente não estaremos, mas esse é exatamente o princípio da cápsula, não é?

No vídeo acima, o blogueiro da semana do On the road again, Andres Santos, não usou alumínio (como eu vi no Beakman ou X-Tudo) em sua cápsula do tempo, mas enterrou várias coisas usando um Tupperware simples.

É uma escolha até que prática, já que o plástico demora muito tempo para se decompôr. Mas é frágil, pois o pote derreteria em contato com altas temperaturas e, sem lacre contra água, seria inundado no caso de uma enchente; além disso, caso a cápsula venha a ser desenterrada e entre em contato com a luz do sol, como é transpartente, os itens dentro dela poderão estragar. Por fim, o cara escondeu um CD-R em uma dos potinhos. E a vida útil de um CD-R é bem curta, muito dependente das condições de armazenamento.

Por causa desses descuidos, andei pesquisando a melhor maneira de fazer uma ‘cápsula do tempo’ e guardar coisas legais para os arqueólogos do futuro reduzindo as chances de que elas se percam no caminho. Vi as dicas aqui e aqui:

  • Se for enterrar a cápsula (outra alternativa é escondê-la dentro de um buraco na parede, por exemplo), o ideal é usar um invólucro mais resistente. No improviso, uma lata grande de achocolatado em pó (desde que a tampa e o pote sejam feitos de aço/alumínio) deve servir.
  • Sobre o que aguardar lá dentro, acho que é pessoal, né? Eu colocaria pelo menos o jornal do dia e coisas que caracterizassem nossa sociedade (DINHEIRO?). Coisas peculiares, tipo um abridor de latas e um controle remoto. Apenas evite coisas que possam se deteriorar em condições extremas, como borracha e coisas assim.
  • Sele a tampa usando epox de qualidade.

Esse pdf, que infelizmente é em inglês, é um documento muito detalhado sobre como fazer com que sua cápsula do tempo realmente dure para as gerações futuras. Para baixá-lo / visualizá-lo, clique aqui.

Só não dá pra entender quem faz cápsula do tempo pra abrir, tempos depois, com a família. É muito trabalhoso; mais fácil usar o FutureMe, mesmo.

Lembra que eu expliquei aqui que estou divulgando uma ação da Chrevolet numa série de posts patrocinados que vai até fevereiro?

Óbvio que você já deve ter notado, afinal eles aparecem em média duas vezes por semana por aqui. Mas é o caso de avisar caso haja algum leitor novo…

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03.01

2009
10:57 pm

Contra a ditadura da alegria de fim de ano

Postado em Crônicas, Entretenimento

Eu sei que alguns de vocês se sentem assim também (ainda vou falar ‘assim’ como, calma), então deveríamos nos unir contra a ditadura da alegria de fim de ano. Porque todos nós sabemos que meia-noite do dia 31 de dezembro é uma meia-noite igual a todas as outras, mas que as pessoas insistem em transformar em algo lindo. É tudo a mesma merda. E mesmo nas comemorações não muda muito - você reúne a família (eu gosto, mas pra algumas pessoas isso deve só colaborar pra cretinice da data), come muito e bem (eu gosto, mas pra algumas pessoas isso deve só colaborar pra cretinice da data) e finge que acha que agora as coisas vão ser diferentes.

E não vão. Segunda você volta a trabalhar, se fode porque vai ter que fazer dieta pra perder os 3 quilos que ganhou em duas semanas.

O foda é que todo mundo tem que estar alegre, simpático, educado. Eu sou alegre normalmente, mas não vou definitivamente ficar desejando feliz ano novo com margem de erro de 10 dias para mais ou para menos da data oficial e, gostaria de frisar, não vou abraçar desconhecidos se passar o reveillon num lugar público. Mas eu também não vou passar o reveillon em lugar público ao lado de milhões de desconhecidos, porque não assisto aqueles shows de graça de fim de ano nem de graça. Nem me visto de branco - nem é por nada, é que não tenho roupas brancas.

A real é que tudo continua the same shit. E quando você era criança não era assim. Lembra que ‘Natal’ era tipo um ‘período’? Natal não era um dia só. Natal significava um grande contexto, era uma faixa de dias que se estendia por umas 4 semanas. Incluía as férias de dezembro, quando você aproveitava pra jogar videogame o mês inteiro, toda a ansiedade em torno do que você ia ganhar (esse texto é direcionado para pessoas da classe média), a data em si e o pós, que era brincar com o brinquedo novo. As vezes tinha o bônus, tipo, brincar com o primo que veio do interior e coisa assim.

Só que hoje é só um dia, no máximo dois, porque um dia antes você trabalhar, um dia depois também. E continua trabalhando depois, e pegando ônibus, e olhando pra cara das mesmas pessoas, etc. Então não faz diferença nenhuma. Daí eu concluo: se você precisa de natal e ano novo pra desejar amor, paz, dinheiro, felicidade, ou pra se reunir com a família, tem algo errado contigo.

Claaaaro que tem o feriado, mas como eu quase não tenho folga, quase me esqueço da parte boa da coisa.

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03.01

2009
2:16 am

On the road again: rede social permite compartilhar experiências da estrada

Postado em Publieditorial

On The Road Again - blogueiro oficial!

Eu sempre tive ressalvas com esse negócio de fotografar viagem. Agora que todo mundo tem Orkut e câmera fotográfica digital, as pessoas viajam e ficam se preocupando muito em tirar fotos de todos os lugares. Daí chegam em casa e a primeira coisa que fazem é colocar no Orkut, para ostentar como se divertiram e como causaram em lugares irados.

Mas é claro que não é todo mundo que tem essa visão babaca. Fotografar e filmar viagem é um registro importante, porque não existe maneira mais eficiente de guardar alguns detalhes de uma viagem legal, mesmo que esteja tudo dentro da sua cabeça. Com o tempo, só sobram imagens principais, marcantes, e os detalhes se perdem na memória. Os registros digitais são o único jeito de lembrar exatamente como foi determinado passeio muuuitos anos depois.

Além disso, nesse negócio de Web 2.0, todo mundo quer compartilhar tudo e por isso a gente já tá acostumado a consultar experiências de outras pessoas antes de fazer as coisas - viajar incluso. E se antes era preciso subir o vídeo no Youtube, as fotos no Flickr, mostrar o mapa do lugar pelo Google Maps e publicar o texto no seu blog e mandar o link pra todo mundo, o esquema criado pelo site OnTheRoadAgain.la juntou tudo num lugar só.

Pra quem viaja muito e gosta de registrar tudo, basta se cadastrar lá (como em uma rede social) e compartilhar vídeos, fotos, rotas e relatos da mesma viagem. Achei legal a organização de poder juntar tudo. Vou viajar esse mês, vou testar e falo aqui se o negócio é prático mesmo. Se alguém é viajante aí, também pode fazer a experiência.

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