15.10
2009
3:51 am
O mundo, dublado. E as consequências disso
Postado em Brasil, Crônicas, Entretenimento, Moda, Pop, TVVocê já viveu um momento mágico?
Oi
Eu sinceramente espero que não, porque isso é uma coisa muito idiota de se dizer. “O momento foi mágico”. Sabe aquelas frases de filme indizíveis, que são fruto de dublagens ou legendagem engraçadas e que às vezes acabam na boca de gente estranha e/ou ingênua? Como as crianças que assistem muita TV e acabam virando pequenas coisinhas esquisitas, dizendo aos amiguinhos ‘VOU TE DESTRUIR! SEUS PODERES NÃO SÃO PÁREOS PARA A FÚRIA DA MINHA LÂMINA, HUMBERTINHO! AAAAAAAAH’, empunhando uma espada de plástico que pisca.
Pra começar que de onde eu venho a gente brincava com pedaços de madeira fingindo que eram espadas. A gente até pregava outro teco de madeira pra fazer a parte onde segura, super artesanal e criativo. Segundo que ela não piscava, que espada que é espada não pisca. E terceiro que não tinha essa palhaçada de falar frases copiadas do roteiro do Yu-Gi-Oh, que isso é bem esquisito.
Daí rolam os anglicismos. E veja bem, eu sou uma grande vítima deles. Quanto mais contato a gente tem com outras línguas, mais propício fica a usar estruturas que só são familiares naquela língua. Ou vocabulário. Ou você conhece alguém que diz “Volte aqui, seu bastardo! Vou te dar uma lição!”? Não, né? Mas certamente já ouviu um personagem falando isso em um filme. E nem estranha mais.
Equivalente a isso, e infelizmente mais contagiante, são os bordões de novela. Tem uma amiga que diz que repetir bordão de seriado americano é brega igual a repetir bordão de novela E EU CONCORDO. Mas paciência, no fundo continuo reprovando mais quem fala HAREBABBA do que quem repete, sei lá, paida do Seinfeld. É o equivalente a falar ME POUPE, SALGADINHO!. Você consegue imaginar o quão ridículo é dizer isso? Ou então “N’é brinquedo não”? Pois é. O HAREBBABA é igual. Só não parece, porque tem a Juliana Paes lá falando. Vai ver daqui a uns dois anos, como você vai perceber o quão esquisito e deslocado era.
Que bela trilha sonora.
Deslocado. Repetir bordões da TV na vida real é deslocado. E é de um humor zorra-totalístico incrível, assustador. Tem a exceção, de quando é um bordão realmente engraçado, mas eu e você sabemos que algo assim só acontece muito ocasionalmente.
Tem o mesmo efeito que aqueles lugares-comum que professor de jornalismo pede pra gente não usar em texto, porque é ridículo: “A nível de…”, começar texto com “Atualmente…”, colocar título de entrevista como “Sem papas na língua”.
Repetir bordão, frase-feita e lugar comum na vida real é um problemão. Começa a parecer que a gente tá dentro de um filme e que todo mundo é dublado. E nada contra dublagem, existem dubladores ótimos, mas não é exatamente a ideia que eu tenho de um mundo legal. Se bem que torna as coisas bem mais engraçadas.
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Tags: almanaque das palavras que a gente não tem, Cinema, crianças, gente esquisita, linguagem